A produção calçadista do País deverá encolher pelo menos 49% no segundo trimestre de 2020, na comparação com o mesmo período do ano passado ,em função da crise causada pela Covid-19. Diante dessa realidade, o Rio Grande do Sul já registrou queda de 5,5 mil postos de trabalho na indústria, o segundo maior índice entre os estados, perdendo penas para São Paulo, que demitiu 7,9 mil trabalhadores. No total, até agora, 24,4 mil postos de trabalhos foram perdidos em todo o Brasil.
Essa estimativa,segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), somada à queda de 14,2% nos primeiros três meses do ano, aponta para uma retração do setor que deve chegar a pelo menos 31,8% no primeiro semestre deste ano. Após uma estimativa positiva divulgada no início de 2020, quando se projetava um crescimento de até 2,5%, a crise provocada pelo avanço do coronavírus fez com que a expectativa fosse revisada para uma queda de mais de 26% em relação a 2019.
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, afirma que a pandemia já fez com que o setor perdesse 24,4 mil postos de trabalho, 9% do total de empregos gerados pelas indústrias de calçados em dezembro do ano passado (270 mil postos).
O estado que mais perdeu postos no período foi São Paulo, com 7,9 mil trabalhadores a menos, seguido pelo Rio Grande do Sul, que registrou queda de 5,5 mil postos, Minas Gerais, com menos 5 mil vagas, e Santa Catarina, queda de 2,5 mil postos. Os estados do Nordeste, juntos, somaram perda de 3,3 mil empregos. “O principal problema enfrentado pela indústria calçadista neste período tem sido o cancelamento de pedidos, bem como a postergação e faturamento dos mesmos. Com o varejo fechado, assim como a retração da demanda, não temos novos pedidos, não temos o que produzir. O setor, como produtor de moda, não tem a praxe de trabalhar com estoques”, lamenta o dirigente.
Segundo a Abicalçados, 51% das empresas do setor estão com atividades paralisadas ou apenas finalizando produtos para utilização da matéria-prima em estoque, para posterior paralisação, sendo que 23% delas não têm previsão de retorno das operações. “Muitas empresas estão conseguindo manter empregos por meio de acordos proporcionados pela MP 936, com férias coletivas e jornadas reduzidas”, destaca Ferreira.
Além do impacto no varejo brasileiro, as exportações de calçados também foram afetadas. Após uma queda de 8,5% no primeiro trimestre em relação a igual período do ano passado, os embarques devem cair pelo menos 46,4% no segundo trimestre. Com isso, no primeiro semestre de 2020, o revés pode ficar em 23,2%, com o ano fechando com retração de 27,3% na comparação com 2019.
Impactos da Covid-19 no setor calçadista (amostragem)
Demissões (23/03 a 17/04)
Brasil: 24,4 mil postos
SP: 7,9 mil postos
RS: 5,5 mil postos
MG: 5 mil postos
SC: 2,5 mil postos
NE: 3,3 mil postos
Principais problemas reportados pela indústria:
84% cancelamento de pedidos;
75% postergação de faturamento/entrega de pedidos;
51% das empresas do setor estão paralisadas;
23% sem previsão de retorno.
Fonte: Pesquisa Abicalçados