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indústria calçadista

- Publicada em 25 de Junho de 2019 às 11:02

Grupo Paquetá entra com pedido de recuperação judicial

Grupo tem redes de varejo como a Paquetá, mais de 10 mil empregados e fatura R$ 1,3 bilhão por ano

Grupo tem redes de varejo como a Paquetá, mais de 10 mil empregados e fatura R$ 1,3 bilhão por ano


CLAITON DORNELLES /JC
Uma das gigantes de calçados do Brasil entrou com pedido de recuperação judicial e aguarda para ainda esta semana o deferimento por parte da Justiça. A Paquetá The Shoe Company, de Sapiranga, dona de marcas como Dumond, Capodarte e Ortopé, licenciada para fabricar a marca Adidas e com redes de varejo no Sul e Nordeste, tem dívida avaliada em cerca de R$ 638,5 milhões, o que representa metade do faturamento anual de R$ 1,3 bilhão. Mas, segundo o advogado Márcio Louzada Carpena, porta-voz da empresa no caso, o valor declarado inclui dívidas que ainda não venceram.
Uma das gigantes de calçados do Brasil entrou com pedido de recuperação judicial e aguarda para ainda esta semana o deferimento por parte da Justiça. A Paquetá The Shoe Company, de Sapiranga, dona de marcas como Dumond, Capodarte e Ortopé, licenciada para fabricar a marca Adidas e com redes de varejo no Sul e Nordeste, tem dívida avaliada em cerca de R$ 638,5 milhões, o que representa metade do faturamento anual de R$ 1,3 bilhão. Mas, segundo o advogado Márcio Louzada Carpena, porta-voz da empresa no caso, o valor declarado inclui dívidas que ainda não venceram.
"É um caso diferenciado. Tanto que temos três fundos interessados em investir na empresa, dois deles com negociações avançadas. Há casos no Rio Grande do Sul de empresas que entram em recuperação com faturamento de R$ 1 bilhão e dívidas de R$ 4 bilhões, muito diferente da situação da Paquetá", assegura Carpena.
O advogado ressalta que o propósito da medida não é somente equalizar algumas das questões financeiras, mas principalmente permitir que seja capitalizada e receba investimentos - nacional ou internacional - para crescer nos próximos anos. Carpena afirma, ainda, que os negócios da empresa foram afetados em diferentes frentes, no varejo e na indústria, o que teria desestabilizado o negócio. O porta-voz diz que a crise dos últimos anos afetou muitas indústrias nacionais, e que a Paquetá, que tem 11 fábricas, sentiu fortemente o problema.
"No varejo, sofreu com as mudanças de hábito dos consumidores, aumento do desemprego e queda na renda, por exemplo. E, no segmento de franquias, que está muito baseado nos shoppings, houve muitos fechamentos de lojas, e não apenas da Paquetá. Basta ver o número de lojas fechadas ou brigando para reduzir valores de aluguéis nos shoppings de Porto Alegre", argumenta Carpena.
O ingresso do pedido de recuperação ocorreu no Fórum de Sapiranga, no Vale dos Sinos, onde fica sede corporativa da Paquetá, na noite de segunda-feira (24). A preparação para entrar com o pedido ocorreu por 10 meses, informou Carpena, que espera para breve a decisão. Após aceito o pedido, começa a contar o prazo de 60 dias para apresentar um plano de recuperação. Juntamente com Carpena, atuam no caso os escritórios Galeazzi (na área financeira da operação) e João Pedro Scalzilli (responsável pela condução processual).
"No caso, a recuperação judicial proposta figura apenas como mais um passo por nós desenhado dentro de um plano maior de ação para permitir que o grupo supere algumas dificuldades pontuais e rapidamente volte a superar seus próprios números", afirmou o advogado.
Carpena esclareceu que o processo é um caminho para capitalizar o grupo. Um dos dispositivos do expediente da recuperação judicial é prever repactuação de débitos trabalhistas com bancos e fornecedores. O advogado acredita que a recuperação, se aceita pela Justiça, poderá aumentar linhas de crédito, a segurança aos fornecedores e a possibilidade de receber aumento de capital. "A companhia vem despertando interesse inclusive de fundos internacionais. Se for capitalizada e continuar entregando a qualidade que emprega em todos seus produtos e para todos seus clientes (alguns grandes players mundiais), o faturamento de R$ 1,3 bilhão pode disparar. Podemos, se tudo der certo, estar diante de uma empresa que pode abrir capital em bolsa dentro de cinco anos", pondera Carpena.
Para o porta-voz, a venda de ativos ou de parte do negócio não seria prioridade. "Estamos olhando para frente e queremos o crescimento da companhia, o que pode se dar por meio da venda, permuta ou algum outro tipo de negociação dos ativos", disse.

Os números do grupo

A Paquetá, que completou na semana passada 74 anos, tem 11 indústrias, 148 lojas próprias e 86 lojas franqueadas.
É dona das redes de lojas Paquetá, Gaston e Esposende (esta última atua apenas no Nordeste), e 10.250 funcionários, mas chegou a efetuar o corte de 600 trabalhadores nos últimos meses. O grupo informou que não devem ocorrer novas demissões em nenhuma das unidades, "mas sim um cenário de estabilidade e até de contratações a médio e longo prazos".
Também tem unidades no exterior, na América Central.