Os números ruins do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil sugeriram certo viés de baixa para as taxas dos contratos futuros de juros mais cedo nesta sexta-feira (28). Mas quando saíram os dados do setor público consolidado, referentes a julho, ficou claro que o País tem dificuldades em sua área fiscal e as taxas passaram a subir. Na ponta longa, o movimento foi reduzido durante a tarde, com o dólar se acomodando em patamares mais distantes das máximas do dia. Além disso, players aproveitaram para realizar lucros no intraday (vendendo taxa) e alguns profissionais também citaram certo fluxo de entrada de investimentos estrangeiros na renda fixa brasileira, a despeito de todas as dúvidas econômicas e políticas que rondam o cenário.
No fim da sessão regular, a taxa do contrato futuro para janeiro de 2016 ficou em 14,215%, ante 14,210% de ontem, enquanto o DI para janeiro de 2017 marcou 13,95%, ante 13,87%. O vencimento para janeiro de 2019 indicou taxa de 13,80%, de 13,76% na véspera, enquanto o DI para janeiro de 2021 marcou 13,71%, ante 13,72%.
Quando os números da economia brasileira foram divulgados pela manhã, ficou claro que o País tem dificuldades para voltar a crescer e para ajustar suas contas. O Produto Interno Bruto (PIB) de julho indicou retração de 1,9% no segundo trimestre, ante o primeiro, e caiu 2,6% ante o segundo trimestre do ano passado. Para piorar, o PIB do primeiro trimestre do ano foi revisado em baixa, de -0,2% para -0,7% ante o quarto trimestre de 2014. Na prática, o País está em recessão técnica.
Já o Banco Central informou que o setor público consolidado teve um déficit primário de R$ 10,019 bilhões em julho - bem pior que os R$ 8,050 bilhões negativos esperados pelo mercado (mediana das previsões). Com o movimento das taxas futuras visto hoje, na prática o mercado precifica 89% de chances de, na reunião de setembro, o Banco Central manter sua taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano. Outros 11% de chances são para uma alta de 0,25 ponto porcentual da Selic - algo cada vez mais improvável, considerando a franqueza da economia brasileira.