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Consumo

- Publicada em 16 de Julho de 2015 às 00:00

Pesquisa ESPM-Sul/Jornal do Comércio mostra que classe C cada vez mais conectada


JONATHAN HECKLER/JC
Jornal do Comércio
A sétima edição da pesquisa "Os porto-alegrenses e o consumo", desenvolvida pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-Sul) para o Jornal do Comércio ouviu 407 pessoas em vários locais públicos da Capital: Centro, Assis Brasil, Redenção, Tristeza, Azenha e o Parque Moinhos de Vento (Parcão). A grande mudança observada com relação aos anos anteriores foi a presença massiva da classe C nestes locais de grande concentração de comércio de rua e o acesso dessa parcela da população à internet.
A sétima edição da pesquisa "Os porto-alegrenses e o consumo", desenvolvida pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-Sul) para o Jornal do Comércio ouviu 407 pessoas em vários locais públicos da Capital: Centro, Assis Brasil, Redenção, Tristeza, Azenha e o Parque Moinhos de Vento (Parcão). A grande mudança observada com relação aos anos anteriores foi a presença massiva da classe C nestes locais de grande concentração de comércio de rua e o acesso dessa parcela da população à internet.
A popularização dos smartphones, por exemplo, tornou-se a porta de entrada para que cada vez mais brasileiros tenham acesso à tecnologia. Segundo a pesquisadora e professora da ESPM-Sul Liliane Rohde, o número de pessoas pesquisadas que diziam usar a internet móvel diariamente duplicou de 2013 para 2015. Há dois anos, o índice era de 29,4%, subiu para 49% em 2014 e chegou a 59% este ano. "A internet está consolidada na vida das pessoas, que buscam informação a todo o momento. E essa é uma tendência que só cresce", diz.
A democratização do acesso à internet no Brasil e o consequente aumento do uso diário também reflete na maneira como o consumidor faz as suas compras. O estudo revela que a confiança dos porto-alegrenses nas compras on-line está crescendo. Na edição de 2014, 34% diziam se sentir seguros ao fazer as compras pelo computador, tablet ou celular. Este ano, o índice subiu para 41%. "Enquanto as outras compras baixaram, as da internet se mantiveram estáveis", comenta a professora.
Quanto ao futuro, Liliane acredita que o crescimento será ainda maior no segmento virtual. "O gaúcho tem convicção de que o preço da internet é menor, 65% dos entrevistados acham isso. Ainda estão na loja de rua por uma questão de tradição, de estarem passando por ali. O consumo na internet vai explodir", afirma ela. Entre os produtos mais comprados pela web estão os eletrônicos, com 42%. Em 2014, esse índice era de 34%. As reservas de hotéis, por exemplo, 65% são feitas dessa maneira.
Liliane explica que a nova classe C cresceu tanto, após o investimento federal em programas sociais, que foi dividida em C1 e C2. Os locais onde foram aplicados os questionários da ESPM-Sul são de grande circulação de pessoas, com pontos comerciais e de ônibus. A amostra tem uma margem de erro de 5% para mais ou para menos. Quanto à renda das famílias, nota-se um aumento da presença nas ruas das pessoas com renda familiar entre um e cinco salários-mínimos, que, em 2014, era de 55% e, agora, chega a 60%. Por outro lado, registrou-se uma queda dos pesquisados com renda familiar superior a cinco salários-mínimos, que caíram de 42,3% para 36% dos entrevistados.

Adultos jovens enfrentam crise de confiança

O estudo realizado pela ESPM-RS revela que 68% das pessoas que estão circulando pelos principais pontos comerciais de Porto Alegre têm entre 18 e 35 anos. São os considerados adultos jovens, que estão começando a vida. Segundo a professora e pesquisadora Liliane Rohde, essa faixa etária predominante talvez explique um pouco o sentimento de desconfiança e incerteza quanto ao futuro. "Para a maioria das pessoas entrevistadas, essa é a primeira crise pelo qual estão passando, não viveram as recessões do passado, diferente de uma pessoa de 50 anos que enfrentou a inflação das décadas de 1980 e 1990. O caso é ruim, mas não tanto, pois mais da metade dos ouvidos vê um cenário como se mantendo", comenta. De acordo com a pesquisa, 47% dos entrevistados acham que o País está piorando, 39%, se mantendo e 14%, melhorando.
Para Liliane, os porto-alegrenses estão passando por uma crise de confiança. Ela conta que 2014 era um ano eleitoral e foi perguntado se as pessoas iriam diminuir as compras. Dos entrevistados, 37% responderam que sim. No entanto, este ano, o índice foi de 51%. "Essa crise, que vem do ano passado, só agora caiu no bolso do porto-alegrense", diz a professora. Entre os itens que serão cortados, roupas aparecem em primeiro lugar, com 36%, seguidas de lazer, com 31%, e calçados, com 27%. O perfil dessa classe C jovem revela, no entanto, uma forte preocupação com a educação. Apenas 3% afirmaram que vão fazer cortes neste setor. "Este é um fator positivo", comenta a pesquisadora.
Neste cenário de incertezas, as pessoas estão optando por gastar menos e aplicar seu dinheiro em investimentos mais conservadores. Entre os que mudaram de perfil, 96% optaram por aplicações de menor risco. ?"A classe C ainda está conseguindo poupar", diz Liliane. O estudo da ESPM-Sul revela ainda que o consumidor está tentando fazer suas compras à vista e juntando o dinheiro quando quer comprar um produto mais caro. Conforme Liliane, é possível afirmar que o gaúcho de Porto Alegre está investindo melhor e pagando mais caro quando o produto for de uma marca conhecida e com mais qualidade. "O consumidor mais exigente é uma tendência nacional. Quem não tem qualidade corre o risco de perder cada vez mais clientes", completa.

A redenção das lojas de rua

JOÃO MATTOS/JC
Liliane diz que uma grande mudança foi a presença massiva da classe C nos locais de comércio de rua
A pesquisadora e professora Liliane Rohde afirma que o resultado do estudo deste ano trouxe dados mais próximos da realidade da população de Porto Alegre, formada 49% por pessoas da classe C. Em anos anteriores, o índice ficava em torno de 30%. Com maior presença de pessoas com esse poder aquisitivo, as lojas de rua lideram a preferência quando se pergunta o local que mais gosta de fazer compras. De acordo com o estudo, 50% dos entrevistados adquirem roupas em comércio de rua, índice superior ao registrado em 2014, que era de 33%. Quando se fala em calçados, o número sobe ainda mais: 57% optam pelas lojas de calçada. Já quando a compra é de móveis, 78% preferem os estabelecimentos de rua.
A mudança de perfil e os impactos da crise econômica refletem também no público que vai a shopping centers. Conforme o estudo, o número de pessoas que diz que não frequenta os locais aumentou. Enquanto, no ano passado, 7% afirmavam não ir a shopping, este ano, subiu para 13%, mesmo patamar registrado há seis anos. A resistência a frequentar esses locais - onde se encontram variadas atrações de consumo - confirma a tendência de reduzir os gastos com lazer. A ida a cinemas, por exemplo, também apresentou queda. "Constatou-se uma diminuição significativa dos consumidores mais assíduos, contudo, registramos um aumento dos frequentadores mais esporádicos", comenta Liliane, que não descarta a facilidade de mais tecnologia em casa, como as TVs por assinatura, por exemplo, também terem contribuído para este resultado. Outro dado que chamou a atenção da pesquisadora foi a redução de ida a shows, embora a oferta e variedade de estilos tenha aumentado em Porto Alegre. "Frequentar shows está presente no cotidiano da população que está circulando pela cidade. No entanto, pode-se sentir os reflexos da crise, porque o índice daqueles que vão mais de uma vez por semana a esses programas caiu significativamente", comenta. No ano passado, 14% dos entrevistados disseram ir a shows mais de uma vez por semana. Na edição de 2015, apenas 5% afirmaram ir com essa frequência.
Assim como cinemas, passeios pelo shopping e shows estão sendo retirados dos programas familiares em função do atual momento econômico do País, as viagens também foram reduzidas, tanto as nacionais como as internacionais. Liliane acredita que este resultado possa ser explicado pela maior presença da classe C circulando pelo comércio de rua. Em 2014, 21% dos ouvidos disseram viajar pelo Brasil pelo menos duas vezes ao ano, já, em 2015, caiu para 9%. Quanto às viagens para o exterior, 74,5% afirmam não viajar. Na edição anterior, esse índice era de 57%.
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