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- Publicada em 20 de Outubro de 2014 às 00:00

Produtividade de gaúchos na indústria avança


Jornal do Comércio
Uma das variáveis de maior relevância para sinalizar as mudanças na estrutura produtiva - a produtividade do trabalho na indústria de transformação - indica que o Rio Grande do Sul mantém a maior evolução no quesito produtividade-homem, entre as seis unidades da Federação avaliadas pela Pesquisa Industrial Anual Empresa (PIA), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A base de dados mais recente disponível, no entanto, compreende somente ao período de 2007 a 2012 e coloca o Estado no topo do ranking das melhores taxas de crescimento médio, com variação positiva de 48,9% em seis anos, superando a média nacional (39,83%). 

Uma das variáveis de maior relevância para sinalizar as mudanças na estrutura produtiva - a produtividade do trabalho na indústria de transformação - indica que o Rio Grande do Sul mantém a maior evolução no quesito produtividade-homem, entre as seis unidades da Federação avaliadas pela Pesquisa Industrial Anual Empresa (PIA), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A base de dados mais recente disponível, no entanto, compreende somente ao período de 2007 a 2012 e coloca o Estado no topo do ranking das melhores taxas de crescimento médio, com variação positiva de 48,9% em seis anos, superando a média nacional (39,83%). 

Mesmo que em valores brutos a liderança permaneça com Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo (R$ 230,4 mil, R$ 122,1 mil e R$ 119,6 mil, respectivamente), há dois anos a produção média relativa a cada trabalhador da indústria de transformação gaúcha atingiu a marca de R$ 93.807, ante a média de R$ 62.997 em 2007. O valor representa a quantia média anual gerada por cada um dos 733,6 mil trabalhadores empregados na indústria até a data limite de 31 de dezembro de 2012. Ou seja, o valor da transformação industrial (VTI), que foi de R$ 68,8 bilhões, em 2012, dividido pelo estoque de trabalhadores com contratos ativos em 31 de dezembro de cada ano (733,6 mil, no Rio Grande do Sul). 

Neste contexto, o economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Vinicius Fantinel, autor de um artigo sobre o tema na Carta de Conjuntura mensal da entidade, identifica que o crescimento gaúcho pode ser creditado às diferenças de composição dos setores de fabricação de máquinas e equipamentos, de produtos derivados do petróleo e de veículos automotores. Por isso, Fantinel identifica que Rio de Janeiro e São Paulo - dois estados em que o nível de especialização e intensidade da indústria é mais elevado - tendem a puxar a média nacional para o alto.  

“Abre-se uma margem para a análise dos índices de especialização de cada segmento  industrial. Deste modo, alguns setores gaúchos ostentam produtividade de trabalho abaixo da média nacional, em razão de questões relativas a uma maior especialização gaúcha em atividades mais intensivas. Outras demandam menor especialização em atividades que, por sua vez, são mais intensivas em capital”, comenta.

Este é o caso da fabricação de derivados de petróleo, considerada a atividade de maior representatividade para a composição do VTI Brasil (10,4%), enquanto no Rio Grande do Sul o segmento é responsável apenas por 2,8% do índice.

 Por outro lado, entre 2007 e 2012, o Rio Grande do Sul também se beneficiou da menor relação entre receita líquida de vendas nas atividades industriais (40,96%) e o total de custos e despesas (33,44%).  O mesmo ocorreu com Rio de Janeiro (86,43% e 76,50%, respectivamente) e Santa Catarina (73,16% e 64,66%, respectivamente). 

Na comparação, São Paulo registrou incremento superior a 40% nas receitas, mas uma elevação ainda maior nos custos, que ficaram em 50%. Com gastos superiores às as receitas, as margens tendem a ser reduzidas.

Ampliação do indicador também é reflexo de aspectos negativos 

Apesar do aumento de produtividade ser algo desejável em qualquer atividade econômica, o método de aferição da média de produtividade-homem pode reservar algumas discrepâncias. Isso porque a razão simples extraída da divisão de um numerador por um denominador tende a desconsiderar variáveis importantes. Exemplo disso são as oscilações de formação de preços, quantidade produzida e massa salarial ocupada.  

No que se refere ao preço, à variação cambial passa ao largo da análise, bem como os efeitos de eventuais terceirizações de trabalho, comuns em determinados segmentos da indústria - o que não gera efeitos nos quadros de empregabilidade do mesmo setor. Sendo assim, conforme explica o técnico-pesquisador do IBGE, Luciano Morais Braga, nada impede que os valores de produtividade permaneçam altos, mesmo com um menor número de pessoas envolvidas na produção.

O fato, segundo Braga, também pode ser verificado na prática pelo fenômeno da migração de uma parcela significativa das indústrias calçadistas do Rio Grande do Sul para a região Nordeste do País. O movimento inaugurado dentro do período em análise (2007-2012) é responsável por aumentar o índice gaúcho em razão da retirada estratégica de um setor em que os níveis de intensidade eram mais baixos e tendiam a puxar os valores para baixo. “Se existe migração da indústria de calçados no Rio Grande do Sul para o Nordeste pode aumentar o índice no Rio Grande do Sul. Pode parecer estranho, mas isso ocorre, pois essa é uma atividade menos intensiva. Apesar de um aumento de produtividade ser sempre algo desejável, nem sempre isso indica algo extremamente positivo para a economia em questão”, pondera.

A atividade calçadista, conforme o artigo do economista da FEE, Vinicius Fantinel, contribuiu, de fato, para uma menor produtividade média do trabalho no Estado, justamente, por ser mais intensiva em trabalho e possuir maior relevância para a indústria gaúcha do que para a brasileira. Em 2012, a produção calçadista era responsável por 5,2% do VTI gaúcho e por 1,4% do VTI brasileiro. 

Custo unitário do trabalho no Estado registra elevação, segundo a Fiergs

Na avaliação do presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor José Müller, mais do que a produtividade por trabalhador, o referencial de aumento ou decréscimo da produtividade regional pode ser indicado pela evolução do custo unitário do trabalho (ULC – Unit Labor Cost, na sigla em inglês). 

Calculado a partir da razão entre o salário real médio por hora trabalhada e a produtividade por hora trabalhada, o indicador reflete três situações: permanece constante ao longo do tempo (indicando que a produtividade cresceu no mesmo ritmo do aumento real dos salários, sem perdas na competitividade da indústria); o indicador decresce ao longo do tempo (indicando ganhos de competitividade); e o indicador aumenta ao longo do tempo (indicando perdas de competitividade).

Neste aspecto, a comparação com os países que possuem dados disponíveis aponta que tanto o Brasil quanto o Rio Grande do Sul estão perdendo competitividade nos mercados mundiais, com destaque negativo para o Estado, cujo ULC aumentou 29,2% entre 2007 e 2012, ficando atrás apenas de Luxemburgo e Finlândia. No Brasil, o aumento do ULC no período foi de 17,2%, o que o coloca na 5ª posição entre os países analisados.

Para Müller, uma das explicações para a expansão expressiva da ULC no Rio Grande do Sul é a combinação de fortes aumentos reais salariais (+26,3% entre 2007 e 2012) e queda da produtividade (-2,4%). No Brasil, enquanto os salários reais aumentaram 16,9%, houve estagnação da produtividade.

“A forte concorrência externa e os problemas de cunho estrutural – tais como a alta carga tributária, a complexidade do sistema tributário, a rigorosa legislação trabalhista e as deficiências logísticas – enfrentados pela economia gaúcha e brasileira têm impedido o avanço da produção, o que acaba por se refletir em perda ou estagnação da produtividade. Há ainda as pressões salariais que são explicadas pela combinação da escassez de mão de obra qualificada e da influência das políticas de valorização do salário-mínimo nacional e do piso regional”, constata o presidente da Fiergs. 

O industrial destaca ainda que a defesa de aumentos de salariais como forma de estímulo da demanda acaba por gerar um ciclo virtuoso na economia. “Contudo, o desempenho da indústria mostra que isso não é verdadeiro. Quando os aumentos dos salários se descolam da lógica econômica e superam o avanço da produtividade, o que se observa é uma elevação dos custos e a perda de competitividade. Com custos pressionados, os investimentos diminuem, tornando ainda mais difícil a retomada do crescimento”, comenta.

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