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ARTIGO

- Publicada em 02 de Setembro de 2014 às 00:00

Opinião Econômica: Da gestão à digestão


Folhapress/Arquivo/JC
Jornal do Comércio
Nas minhas andanças por Harvard, encontrei ainda mais motivos para ser apaixonado pela universidade. O Harvard Innovation Lab, o i-lab, foi lançado em novembro de 2011 e serve como centro de estudantes de toda a universidade interessados em explorar o empreendedorismo e a inovação.
Nas minhas andanças por Harvard, encontrei ainda mais motivos para ser apaixonado pela universidade. O Harvard Innovation Lab, o i-lab, foi lançado em novembro de 2011 e serve como centro de estudantes de toda a universidade interessados em explorar o empreendedorismo e a inovação.
O i-lab une estudantes, professores e empreendedores da universidade e da região de Boston interessados em inovar e empreender neste século de inovações e empreendedorismo.
Lá eu encontrei duas inovações que me fascinaram. Uma é a Vaxxes, tecnologia que permite armazenar e transportar vacinas pelo mundo sem a necessidade de refrigeração.
Essa inovação reduzirá custos e permitirá a imunização de milhões de pessoas pelo mundo, principalmente nas áreas mais carentes. O projeto venceu um concurso anual de empreendedorismo social da universidade e desde então recebeu investimentos de empresas e centros tecnológicos da região.
A segunda iniciativa do i-lab que me fascinou e a que mais me emocionou foi a Six Foods. Seu objetivo é introduzir e promover o consumo de insetos no Ocidente como comida sustentável e saudável. Daí o nome Six — eles acreditam que seis patas são melhores do que quatro quando falamos de alimentação do futuro em um planeta mais sustentável.
Harvard, sempre tão voltada à gestão, agora se volta à digestão, o que faz muito sentido dentro da crescente conscientização global de que somos o que comemos.
As comparações entre um grilo e uma vaca são impressionantes do ponto de vista nutritivo, econômico e ambiental. A Six Foods descobriu que o rebanho bovino produz cem vezes mais gases causadores do efeito estufa do que os grilos e usa 2 mil vezes mais água do que os insetos para produzir a mesma quantidade de carne. Os insetos ainda são 70% proteína e ricos em vitaminas e minerais essenciais à saúde humana.
A empresa vê um futuro em que grandes celeiros urbanos de insetos utilizam restos de comida das cidades, transformando lixo em alimentos saudáveis e sustentáveis.
A Six Foods já começou a criar produtos para introduzir no mercado ainda neste ano. O primeiro deles é o Chirps, um salgadinho de farinha de grilo para concorrer com as famosas batatinhas chips, mas com o triplo da proteína, metade da gordura, livre de glúten e 100% natural.
Os insetos, obviamente, são já consumidos em larga escala em várias partes do mundo, principalmente na Ásia e na África. O desafio da Six é criar produtos com apelo suficiente para torná-los elemento importante da dieta ocidental.
Isso poderia parecer impossível há algumas décadas. Mas hoje, vivemos uma verdadeira revolução de hábitos e costumes, uma revolução da alma, muito mais profunda e consequente do que a tão comentada revolução tecnológica. O carro do ano é a bicicleta, e a comida do futuro é orgânica.
O Brasil tem todos os atributos para ser altamente competitivo nessa nova onda, com os nossos abundantes recursos naturais e a nossa consciência ecológica. Mas, para isso, precisamos de uma revolução acadêmica.
É urgente e fundamental deixar de teorizar e começar a praticar a ideia de realinhamento da academia brasileira com o mundo da produção e dos negócios. As universidades podem e devem ser a linha mais curta entre a inovação, as empresas e o mercado.
Stanford, Harvard e outras grandes universidades americanas e de outras partes são “hubs” nevrálgicos que produzem inovação, mudam indústrias e impulsionam países.
A genialidade e o empreendedorismo brasileiro ganharão tremendamente se passarem sistematicamente pela pesquisa, profundidade e organização que só as universidades podem dar.
O crescimento do número de brasileiros matriculados em cursos superiores é uma grande conquista para o País e também para a academia. Mas a revolução educacional não pode ser só numérica. Ela tem que ser qualitativa e produtiva.
Além de educar os alunos, as universidades brasileiras precisam ajudar a educar as empresas e o País a ocuparem seu espaço no novo mundo que estamos criando.
Publicitário e presidente do Grupo ABC
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