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O FUTURO DA TERRA

- Publicada em 26 de Agosto de 2014 às 00:00

Pesquisa em virologia é essencial para a economia do País


ANTONIO PAZ/JC
Jornal do Comércio
Os cuidados para manter saudáveis animais como bovinos, suínos ou aves podem significar o diferencial para a economia de uma nação. Essa questão cresce em importância no caso do Brasil, o maior exportador de carne do planeta, que, somente levando em conta o rebanho bovino, conta com mais de 200 milhões de cabeças. Um dos que têm a nítida noção dessa relevância é o professor de virologia do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Paulo Michel Roehe, que há décadas lida com o assunto.
Os cuidados para manter saudáveis animais como bovinos, suínos ou aves podem significar o diferencial para a economia de uma nação. Essa questão cresce em importância no caso do Brasil, o maior exportador de carne do planeta, que, somente levando em conta o rebanho bovino, conta com mais de 200 milhões de cabeças. Um dos que têm a nítida noção dessa relevância é o professor de virologia do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Paulo Michel Roehe, que há décadas lida com o assunto.
O professor argumenta que a contaminação dos animais pode representar a instalação de uma barreira sanitária e impedir o processo de exportação de um determinado país. Roehe é graduado em medicina veterinária pela Ufrgs, mestre em Ciências em Microbiologia pela University of London e PhD em Virologia pela University of Surrey. É também pesquisador da Fepagro Saúde Animal - Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF) desde 1978 e professor do ICBS/Ufrgs desde 1991. Nas duas instituições, coordena um grupo de pesquisa em virologia com ramificações nacionais e internacionais. Entre as suas principais linhas de trabalho estão: diagnóstico e pesquisa de vírus causadores de prejuízos significativos às cadeias produtivas, desenvolvimento de vacinas e testes diagnósticos e avaliação de adjuvantes (substâncias adicionadas às formulas de medicamentos) vacinais e da atividade antiviral de extratos de plantas.
Foi no final da década de 1970 que Roehe iniciou o aprofundamento nos estudos sobre vírus e infecções que afetam os animais, como é o caso da Doença de Aujeszky. O professor lembra que esse era um assunto muito importante naquela época, pois esse mal começou a ser registrado em Santa Catarina e não havia vacina para combatê-lo. O pesquisador comenta que encontrou em um freezer do Instituto de Ciências Básicas da Saúde uma amostra desse vírus, que incide sobre suínos, e participou do desenvolvimento da vacina que foi utilizada por muito tempo pelo estado vizinho. Roehe detalha que uma empresa catarinense tinha importado reprodutores da Holanda e com isso introduziu o vírus no Brasil. A doença implica problemas respiratórios nos animais, podendo levar à morte, especialmente, de leitões.
O professor do ICBS/Ufrgs admite que um dos maiores obstáculos na sua área de atuação hoje é fazer com que as pesquisas desenvolvidas nos meios acadêmicos alcancem sua utilidade prática, ou seja, cheguem ao mercado. “É muito complicado, porque o empresário brasileiro, via de regra, infelizmente, busca o lucro mais imediatamente”, lamenta Roehe. O pesquisador acrescenta que, normalmente, esse investidor não está interessado em produzir vacinas dentro do território nacional. É mais barato comprar o produto no exterior, já testado. No entanto, ele adverte que, ao se proceder dessa forma, é esquecido um detalhe fundamental. “Parafraseando uma famosa frase, que as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá, os vírus que aqui estão, não são os mesmos que estão lá”, alerta. O estudioso salienta que as vacinas elaboradas em outros países são feitas a partir de amostras locais, agentes distintos dos que se apresentam no Brasil.

Variedade e adaptação são desafios

Se, por um lado, o obstáculo no desenvolvimento das pesquisas na área de virologia passa pela necessidade de investimentos, outra dificuldade a ser superada é o objeto de estudo da própria ciência: o vírus. O professor de virologia do Departamento de Microbiologia do ICBS/Ufrgs, Paulo Michel Roehe, explica que, quando se trata de virologia, há uma série de variantes a serem examinadas.

Esse é outro problema que se coloca para os desenvolvedores de vacinas. Devido à evolução natural, os vírus tentam adaptar-se às vacinas criadas. No entanto, o pesquisador enfatiza que a biologia molecular é uma ciência que evoluiu muito, facilitando a identificação de novos vírus. Apesar desse avanço, Roehe admite que ainda hoje o conhecimento, em muitas ocasiões, é atingido por acaso. “A gente direciona (a pesquisa), porém, às vezes, mira-se em uma coisa e se acerta em outra.” Uma das pesquisas que derivou em um dos trabalhos bem-sucedidos dos quais Roehe envolveu-se resultou na patente de uma vacina contra o herpesvírus bovino tipo 5. Ela foi criada com duplo propósito: combater a encefalite e a raiva.
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