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ELEIÇÕES 2014

- Publicada em 16 de Julho de 2014 às 00:00

Financiamento público estimularia caixa-2, afirma Di Vicenzi


GILMAR LUÍS/JC
Jornal do Comércio
O diretor estadual da Associação Brasileira de Consultores Políticos (Abcop), Paulo Di Vicenzi, defende a doação de empresas aos candidatos, assinalando que a transparência é essencial para que, posteriormente, a iniciativa privada não possa se beneficiar em uma eventual vitória do candidato que ajudaram. Ele avalia que a eleição mais disputada neste ano será para as assembleias legislativas e à Câmara dos Deputados. Segundo ele, a necessidade de deslocamento e de contratação de uma equipe aumentam as dificuldades e os gastos dos candidatos.
O diretor estadual da Associação Brasileira de Consultores Políticos (Abcop), Paulo Di Vicenzi, defende a doação de empresas aos candidatos, assinalando que a transparência é essencial para que, posteriormente, a iniciativa privada não possa se beneficiar em uma eventual vitória do candidato que ajudaram. Ele avalia que a eleição mais disputada neste ano será para as assembleias legislativas e à Câmara dos Deputados. Segundo ele, a necessidade de deslocamento e de contratação de uma equipe aumentam as dificuldades e os gastos dos candidatos.
Di Vicenzi é crítico do termo marqueteiro, que, para ele, tem um sentido pejorativo e dá a entender que todo profissional busca transformar o candidato em algo que ele realmente não é. Ele também aponta os principais erros dos candidatos quando utilizam as redes sociais e outras ferramentas online.
Jornal do Comércio - As doações de empresas ainda são controversas entre os candidatos e podem gerar críticas dos eleitores. Elas são essenciais para uma campanha?
Paulo Di Vicenzi – Não há nada de absolutamente irregular no fato de uma empresa doar dinheiro. Agora, deve haver fiscalização para que depois, no exercício do mandato, o político não faça o jogo do benefício fugindo às normas e à legislação. Uma empresa doar para vários candidatos é muito comum. Mas é óbvio que o tamanho da ajuda será diferente para os distintos candidatos. A empresa sabe que está dando dinheiro para alguém que vai perder, mas está dando sua colaboração para o processo democrático, porque uma eleição exige muitos recursos e tem muitas  despesas. Que a doação venha de todos os lados e que seja transparente. Enquanto aqui o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou um limite para os gastos de campanha, para que não houvesse desequilíbrio econômico, no mesmo dia, a Suprema Corte dos Estados Unidos foi contrária a qualquer tipo de limitação. Porque não é coerente aceitar que não há influência do poder econômico sobre as eleições. O importante é que haja transparência. Até para que possamos saber quem foram os doadores e fiscalizar para que não haja benefício cruzado. E, inclusive, o eleitor pode usar essas informações para saber se vota ou não no candidato, conforme quem está o apoiando financeiramente. Se houvesse o financiamento público de campanha, que foi proposto, as empresas não parariam de fazer doações. Isso só reforçaria o caixa-2. O dinheiro seria negociado por baixo dos panos. Tínhamos que ter uma visão mais clara da sociedade de que as forças empresariais também têm interesses no processo democrático.
JC – Os recursos são essenciais para uma boa campanha?
Di Vicenzi – Ajudam. Muitas pessoas se assustam com as cifras que são gastas em uma campanha eleitoral. As nossas estimativas são de que as campanhas para presidente custem entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões. Mas são valores que até são baixos se comparados às campanhas em outros locais. Barack Obama teve um gasto de U$ 1,2 bilhão na sua campanha, e o Brasil é tão grande quanto os Estados Unidos. Mas lá se usa muito mais o telemarketing e a internet como forma de arrecadação, o que não é bem aproveitado aqui.
JC – A internet barateou as campanhas, possibilitando que os candidatos possam ter êxito sem recorrer aos meio tradicionais de propaganda eleitoral?
Di Vicenzi – Não. Inclusive um profissional da área que se lançou candidato, chamado Mandic (concorreu a deputado federal pelo DEM de São Paulo), disse que iria provar que se elegeria com uma campanha só pela internet, exatamente apostando na ferramenta da qual era um especialista. Mas ele não conseguiu se eleger. Ele é a prova concreta de que a internet é importante no processo eleitoral, mas ela não é ferramenta de se buscar votos no processo que antecede uma eleição. A internet tem que ser entendida como uma via de mão dupla, em que a comunicação é baseada na interatividade.
JC – E quais são os principais erros na internet?
Di Vicenzi – Um político que não responde um e-mail ou um tweet não pode dizer que está apoiando sua candidatura na internet. Se ele colocar só fotos, está usando de uma maneira publicitária essa ferramenta. Muitos políticos usam o Facebook para dizer “Bom dia, hoje eu acordei feliz” ou “Ao meio-dia vou almoçar em tal lugar”. Isso não é relacionamento com o eleitor. Também, se tiver um comentário com uma crítica ou uma contestação, ele tem que responder. Todos alegam a falta de tempo, mas, se não tem para a interatividade, não vá querer fazer isso terceirizando, e muitos fazem isso – contratam pessoas que ficam respondendo como eles, o que não dá certo também. Esses são usos burros da ferramenta, mas a maioria faz isso. Muitos caem na ilusão de que mandar e-mails em massa e criar perfis em massa traz muitos votos. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, nunca usou a internet para esse fim. Ele só usou com um propósito: arrecadar dinheiro para a campanha. E até hoje os perfis deles têm esse convite para quem quiser doar, ele não faz isso só no período de campanha.
JC – O senhor defende que o eleitor é corresponsável pela corrupção eleitoral. Por que faz essa avaliação?
Di Vicenzi – Embora a sociedade esteja se posicionando cada vez mais contra a corrupção, vemos o desenvolvimento de um mercado em torno do processo eleitoral. E o maior especulador é o eleitor. No sentido de fazer o seu voto um instrumento de troca por benefícios ou vantagens pessoais. Se antes havia o pedido de uma dentadura, hoje o eleitor pede um Ipad. Observamos nas manchetes a condenação de políticos por trocas de votos, mas nunca se vê a condenação de um eleitor. E a compra de voto é que estabelece a relação menos fiel, porque em uma eleição para o Legislativo, seja para vereador ou deputado, esse eleitor vende o seu voto para vários e não vota em nenhum. Falta fiscalização e, mais ainda, punição para os eleitores, que são agentes ativos desse processo de corrupção.
JC - Das disputas ao Senado, às assembleias legislativas, à Câmara dos Deputados, à presidência e aos governos estaduais neste ano, alguma é mais difícil em termos de estratégia eleitoral?
Di Vicenzi - Por nível de campanha, as mais difíceis são as eleições proporcionais (para deputado estadual e deputado federal). Em primeiro lugar, pela necessidade de deslocamento. Também tem que ter muitas pessoas trabalhando para o candidato.
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