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ARTIGO

- Publicada em 05 de Novembro de 2013 às 00:00

Opinião Econômica - Eleições 2014


FOLHAPRESS/JC
Jornal do Comércio
É indiscutível que a economia tem influência na política e decide eleições. Todos conhecem a famosa frase do assessor de Bill Clinton “É a economia, estúpido!”, dita para explicar o que ocorria nas eleições presidenciais americanas de 1992.
É indiscutível que a economia tem influência na política e decide eleições. Todos conhecem a famosa frase do assessor de Bill Clinton “É a economia, estúpido!”, dita para explicar o que ocorria nas eleições presidenciais americanas de 1992.
Mas a política também pode impactar a economia, para o bem ou para mal, ou espalhando pes- simismo que destrói a confiança dos agentes, ou incutindo otimismo exagerado que esconde problemas e soluções.
Há duas semanas, houve o leilão de Libra, o primeiro campo de exploração de petróleo da área do pré-sal. Num momento difícil da economia mundial, em que grandes empresas enfrentam problemas de capital ou estão inseguras com os destinos da produção de petróleo, de olho no avanço do gás de xisto, foi possível formar um consórcio com quatro companhias gigantes internacionais, duas europeias e duas chinesas, estas supercapitalizadas e aquelas com larga experiência setorial.
A essas quatro, juntou-se a Petrobras, que terá 40% do consórcio e, por obrigação legal, será operadora única nas plataformas de exploração. Esse privilégio da estatal brasileira pode ter afastado outras grandes companhias, que não se sentiram seguras para fazer um lance no leilão. Mas o fato é que foi formado um consórcio que pagará à vista R$ 15 bilhões à União para iniciar a exploração de petróleo pelo novo regime de partilha instituído no País. Esses recursos vão ajudar na formação do superavit fiscal do ano.
Do petróleo excedente que vier a ser retirado de Libra, 41,65% serão dados à União, excedente, nesse caso, significa o petróleo que sobra depois de contabilizados todos os custos do consórcio. Além disso, como lembrou a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, o consórcio foi formado pela segunda, terceira, sétima, oitava e décima maiores empresas petrolíferas do mundo.
E como foi recebido esse resultado do leilão?
Do lado da oposição, pintou-se um fracasso. Houve críticas gerais, em alguns casos, contraditórias. Uns políticos disseram que o governo atrasou demais o leilão, feito cinco anos após a descoberta do pré-sal. Outros afirmaram que o leilão foi apressado e que, por isso, deixou de produzir melhor resultado para o País. Criticou-se bastante a falta de disputa, porque apenas um consórcio entrou na concorrência.
Do lado do governo, prevaleceu o otimismo e até o ufanismo. Divulgou-se bastante a informação de que o Estado brasileiro terá uma receita de R$ 1 trilhão em 35 anos com a exploração de Libra. Ninguém pode comprovar ou desmentir esse número, até porque a atividade exploratória de petróleo está sempre sujeita a surpresas.
Ambas as posições são iniciativas político-eleitorais que tendem a influenciar a economia. A crítica exagerada, que maximiza a falta de concorrência e minimiza o fato da formação de um consórcio de gigantes, se presta a criar um clima desfavorável à economia brasileira. O ufanismo, que explicita a posição contrária, esconde problemas e acaba por relegar eventuais ajustes necessários no modelo do pré-sal.
Correções na economia não podem ser deixadas de lado por razões eleitorais, sob pena de se comprometer o futuro imediato do país. Interesses eleitorais também não podem levar à crítica de decisões acertadas na área da economia. A confiança de consumidores e investidores é fortemente influenciada por esses comportamentos maniqueístas. Críticas exageradas e pessimismo compulsivo, no caso do pré-sal e em muitos outros, mudam expectativas, contraem investimentos e atemorizam empreendedores.
O clima eleitoral já se instalou no País. Oposição e situação dirigem suas iniciativas olhando para 5 de outubro de 2014. Não é cedo. Aliás, é saudável que mais pessoas se engajem no processo político, principalmente os jovens, que andaram alienados durante anos e protagonizaram a parte pacífica das manifestações de junho. Mas não se pode usar a política para prejudicar a economia, mudar a percepção externa do Brasil ou incutir derrotismo.
O País precisa debater de forma transparente e leal suas dificuldades econômicas, independentemente do viés político dos debatedores. É o que se espera de todos os brasileiros, especialmente neste momento, em que já chega às ruas a campanha eleitoral de 2014.
Diretor-presidente da CSN, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro-vice-presidente da Fiesp
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