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Consumo

- Publicada em 23 de Setembro de 2013 às 00:00

Mercado vegano conquista espaço no País


GILMAR LUÍS/JC
Jornal do Comércio
Na contramão do que grande parte do mercado alimentício, de vestuário e de higiene e beleza (entre outros setores) oferece aos consumidores, cresce no Brasil e no mundo o número de pessoas que demandam produtos livres de insumos de animais. Entendida como cruel por esse grupo, a exploração da carne, da lã, do couro e do leite, entre outros produtos, está longe de ser extinta, mas há quem clame pela liberdade dos bichos a ponto de mudar radicalmente seu estilo de vida. Atentos a essa oportunidade de negócio, empreendedores de diversos setores do País estarão reunidos, de 25 a 29 de setembro, em Curitiba, para discutir o assunto, durante o IV Congresso Vegetariano Brasileiro (Vegfest). A ideia principal é incentivar a criação de novos negócios no ramo.
Na contramão do que grande parte do mercado alimentício, de vestuário e de higiene e beleza (entre outros setores) oferece aos consumidores, cresce no Brasil e no mundo o número de pessoas que demandam produtos livres de insumos de animais. Entendida como cruel por esse grupo, a exploração da carne, da lã, do couro e do leite, entre outros produtos, está longe de ser extinta, mas há quem clame pela liberdade dos bichos a ponto de mudar radicalmente seu estilo de vida. Atentos a essa oportunidade de negócio, empreendedores de diversos setores do País estarão reunidos, de 25 a 29 de setembro, em Curitiba, para discutir o assunto, durante o IV Congresso Vegetariano Brasileiro (Vegfest). A ideia principal é incentivar a criação de novos negócios no ramo.
Na área de alimentação, há uma gama de possibilidades que nascem para atender a cerca de 8% da população no Brasil que se declara vegetariana (segundo o Ibope). O nicho tem atraído cada vez mais investidores, até porque esse volume tende a aumentar. Segundo dados da Ipsos Brasil Pesquisa de Mercado, 28% dos brasileiros desejam reduzir o consumo de carne em sua dieta. Boa parte dos vegetarianos ainda adota a filosofia vegana, que aborta o consumo de qualquer produto de origem animal na alimentação, como laticínios e ovos, por exemplo. “Esse é um mercado em ampla expansão. Hoje temos leite condensado, creme de leite, diversos tipos de enlatados, embutidos e congelados, além de queijos e tantos outros produtos sem nenhum tipo de componente de origem animal”, comenta a conselheira da Sociedade Vegetariana Brasileira, Mônica Buava. Ela observa que o mercado de produtos vegetarianos, integrais e orgânicos movimentou R$ 40 bilhões em 2011 e destaca que, na última década, os negócios com o conceito vegano cresceram muito, facilitando a vida de quem quer manter uma dieta estritamente elaborada por produtos veggies, como são chamados.
Prova disso é o número de restaurantes voltados à alimentação vegetariana, ou que pelo menos incluem essa possibilidade no cardápio. Em Porto Alegre, há dezenas de empreendimentos do gênero, inclusive com versão para culinárias temáticas, como a japonesa e a chinesa. “Mais do que um cuidado com o corpo, o vegetarianismo é uma questão social, um apelo ao bem-estar dos animais”, opina o sócio-proprietário da Home Sushi, Lucas de Oliveira. “Mas o lado físico também é importante: o homem mais forte do mundo é vegano”, emenda, afirmando que, ao contrário do que muitos pregam por aí, a proteína animal pode ser substituída pela vegetal, sem danos à saúde.
Oliveira conta que, depois de ouvir uma palestra proferida por um dos principais ícones em veganismo no País, desmistificou muitas dúvidas que tinha sobre o assunto. “Comecei a ver as coisas de um jeito diferente e percebi que há um fundo de interesse (comercial) muito grande em se propagar à população a teoria de que o consumo de proteína animal é importante”, diz o empresário. Apesar de também oferecer peixe cru no cardápio, Oliveira criou alternativas no menu do restaurante que contemplam os 20% de clientes vegetarianos. “Adaptamos os sushis com legumes, vegetais, e proteína de soja; usamos tofu (queijo de soja) ou leite de coco no lugar do cream cheese”, exemplifica.
Vegano de carteirinha, o jornalista gaúcho Fernando Antunes faz questão de divulgar o conceito entre os empresários para os quais presta consultoria. “Levei a ideia para um proprietário de pizzaria, que está desenvolvendo um cardápio vegetariano”, comenta. “O público que não consome carnes, ovos e leite tem aumentado muito na Capital. Esse fator gera também uma preocupação crescente em atender adequadamente a essas pessoas.”

Potencial de negócios atrai diferentes setores

Além da dieta alimentar, o estilo de vestimenta e o tipo de cosméticos ou produtos de higiene e beleza – entre outros – consumidos por veganos devem ser livres de qualquer exploração animal. Esse grupo de pessoas, além de ser vegetariano, não compra roupas que  utilizem de lã ou couro, rejeita objetos de decoração feitos de pele ou chifre e não usa quaisquer produtos que resultem de testes com animais em laboratório.

“Oferecer produtos e serviços de qualidade é um grande trabalho para o movimento vegano. Mas profissionalismo e ética são fundamentais para alcançar esse objetivo”, argumenta a coordenadora da Maratona de Empreendedorismo Veg, Mônica Buava. Com esse pensamento, o empresário Amauri Manhaes Caliman fundou a grife paulista King 55, há 12 anos. “Trabalhamos com o perfil de não crueldade aos animais”, resume Caliman. O desafio é diário, admite o empresário, lembrando que já superou diversos empecilhos. “Em geral, a indústria brasileira ainda não está preparada para produzir nada com essas características, então é preciso adequar matérias-primas, buscar equipamentos que garantam um bom acabamento dos produtos e encontrar fornecedores aptos a isso”, resume.

Apesar dos entraves, Mônica avalia que o mercado está em plena expansão no País. “Claro que no exterior já existem muito mais alternativas para os consumidores”, destaca. Tudo isso só aconteceu, afirma, porque as pessoas estão procurando produtos mais éticos. No Brasil, as roupas e os acessórios da King 55 primam pelo diferencial de serem feitas 100% de produtos como algodão orgânico ou sintéticos. “Não usamos seda, couro ou qualquer outro insumo animal”, explica Caliman, frisando que o processo inclui desenvolvimento, tecnologia e pesquisa. “Existe um preconceito de que tudo que respeita a natureza é feito em fundo de quintal. Isso é um equívoco: somos sérios, preocupados com a qualidade do que está sendo feito”, ressalta.

Fabricantes de higiene e beleza estão atentos ao novo nicho

Somando 18 anos de mercado, a empresa de cosméticos Surya Brasil tem se destacado no mercado nacional e no exterior. A marca, que fabrica 180 produtos divididos em sete linhas de xampus, condicionadores, colorantes, sabonetes, esfoliantes e gel pós-barba, está presente em 32 países. Vegana há 36 anos, a proprietária Clélia Cecília Angelon garante que é possível ter lucro e qualidade de vida em cima da ética para com os animais, com o planeta e os seres humanos.

Tanto é que a Surya Brasil já tem projeto de inauguração de sua segunda fábrica, dessa vez nos Estados Unidos – um de seus maiores mercados. Contando com produtos orgânicos sem nenhum teste com animais, na região Sul do País, a marca é comercializada por Panvel e Coprobel, além de lojas de produtos naturais distribuídas em diversas cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. “A ideia é ter a melhor performance com os orgânicos, em comparação aos produtos químicos, por isso, estamos em constante pesquisa”, diz Clélia. Não à toa, a Surya Brasil conta com cinco laboratórios internos. E a marca conquistou clientes, inclusive entre os consumidores não veganos, graças à qualidade e à eficiência dos produtos que oferece.

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