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MARKETING

- Publicada em 20 de Junho de 2012 às 00:00

União comercial é estratégia da dupla Grenal


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Jornal do Comércio
A diferença entre as cotas de televisão pagas a Corinthians e Flamengo (R$ 100 milhões para cada) e aos demais clubes (R$ 45 milhões por clube) denota um esforço para transformar o futebol brasileiro em algo semelhante ao campeonato espanhol, onde existem dois times protagonistas, capazes de ganhar os títulos. Os demais são meros coadjuvantes. A percepção foi expressa ontem pelo diretor de marketing do Sport Club Internacional, Jorge André Avancini, que garantiu que somente a união comercial estratégica com o rival pode ampliar o faturamento a ponto de impedir esse processo.
A diferença entre as cotas de televisão pagas a Corinthians e Flamengo (R$ 100 milhões para cada) e aos demais clubes (R$ 45 milhões por clube) denota um esforço para transformar o futebol brasileiro em algo semelhante ao campeonato espanhol, onde existem dois times protagonistas, capazes de ganhar os títulos. Os demais são meros coadjuvantes. A percepção foi expressa ontem pelo diretor de marketing do Sport Club Internacional, Jorge André Avancini, que garantiu que somente a união comercial estratégica com o rival pode ampliar o faturamento a ponto de impedir esse processo.
“Precisamos deixar a rivalidade dentro das quatro linhas e trabalhar em conjunto fora delas, porque o País corre o risco da ‘espanholização’. Com a pressão da Rede Globo para colocar Corinthians e Flamengo em evidência, os demais times serão coadjuvantes. Por isso, as rixas têm que ser quebradas, caso contrário não vamos ganhar campeonatos, vamos no máximo conseguir brigar para ficar entre os quatro e conquistar vagas na Libertadores e na Sul Americana”, disse Avancini ao expressar sua preocupação com o efeito da exposição do Flamengo na novela das 21h e o peso disso na formação de novos “clientes torcedores”.
Segundo o dirigente, a partir do momento em que os clubes gaúchos começaram a negociar seus contratos de patrocínio e licenciamento de produtos em conjunto, os resultados foram aparecendo. No Internacional, o faturamento com licenciamentos subiu de R$ 600 mil em 2006 (ano em que o clube venceu o Mundial da Fifa) para R$ 11 milhões no ano passado. Ele explicou, durante um café da manhã promovido pela Federasul, que a aproximação comercial entre o Internacional e o Grêmio se intensificou nos últimos 18 meses, desde a volta de Paulo Cesar Verardi ao cargo de diretor de marketing do tricolor. A amizade entre os dois e a visão comercial semelhante ajudou a estreitar os laços e a conquistar apoio nos conselhos dos clubes – embora ainda não haja unanimidade.
“Agora queremos formar o G12, um grupo com os 12 maiores clubes brasileiros e fazer negociações de marketing em conjunto para expandir essa experiência em nível nacional. Juntos, temos 135 milhões de clientes, numa população de 190 milhões de pessoas”, indicou Avancini. A proposta é unir comercialmente os dois grandes clubes do Rio Grande do Sul com os dois principais times de Minas Gerais, os quatro grandes de São Paulo e, como os quatro clubes do Rio de Janeiro declinaram do convite, com os principais times de Santa Catarina e do Paraná.
No dia 26 de junho acontecerá uma primeira reunião em Porto Alegre para alinhar os esforços de atração de grandes investimentos e a internacionalização dos clubes brasileiros. Segundo o gerente colorado, a internacionalização gera muitos recursos e os clubes nacionais podem pensar, por exemplo, em fazer pré-temporadas no exterior, o que seria uma boa oportunidade para fechar grandes negócios.

Profissionalização da gestão garante conquistas dentro e fora dos gramados de futebol

Para exemplificar o impacto da exposição de uma marca através de um time de futebol, o diretor de marketing do Sport Club Internacional, Jorge André Avancini, afirmou que o retorno do Banrisul (que patrocina tanto o Inter quanto o Grêmio) já superou em oito vezes o investimento feito nos clubes. “Calculamos que a exposição da marca do Internacional no último ano em televisão, jornais e revistas (fora o rádio) foi o equivalente a R$ 1,2 bilhão em 2011, se fossemos comprar os espaços para anunciar”, afirmou.
A base para esses resultados, disse Avancini, é a profissionalização gerencial dos clubes, o que para o diretor de marketing do Grêmio, Paulo Cesar Verardi, não significa desprezo ao conselho deliberativo, mas sim a busca de uma nova fórmula, onde uma diretoria executiva profissional (e remunerada) segue as diretrizes determinadas pelos conselheiros voluntários. Verardi lembra que a aproximação comercial com o colorado teve início ainda na década de 1990, mas se intensificou com sua volta ao clube.
“No último ano, nosso faturamento geral aumentou em 25% e a projeção é que o ritmo seja ainda mais acelerado nesse ano”, disse ele, ao apontar a inauguração da Arena do Grêmio como um divisor de águas para os negócios do clube e, também, para as negociações feitas em conjunto com o Internacional. Segundo o diretor de marketing do tricolor, atualmente todos os patrocinadores que aparecem nos uniformes do Grêmio e do Internacional são compartilhados, assim como boa parte dos contratos de licenciamento dos produtos.
Os dois executivos apontam que é a partir do futebol que o Estado poderá superar a “grenalização”, que divide as opiniões em todos os segmentos, inclusive na economia e na política é apontada como um dos principais entraves ao desenvolvimento. Avancini aponta essa postura de grenalização como uma das razões para que o Rio Grande do Sul quase tenha ficado fora da Copa do Mundo de 2014. “A Fifa só precisa de oito sedes. Ter 12 sedes foi uma imposição do governo brasileiro”, indicou. Já Verardi acredita que foi também essa divisão entre gremistas e colorados que impediu uma negociação para que a Copa das Confederações fosse feita na Arena do Grêmio sem prejuízo à realização do mundial no Beira Rio.
Em sua apresentação aos sócios da Federasul, Avancini disse, ainda, que os clubes precisam pensar comercialmente a todo momento. Um exemplo é a cobrança que começou a ser feita para a realização da pré-temporada no interior do Estado. No último ano, o colorado foi se preparar em Gramado, onde gerou um aumento de 30% no fluxo de turistas no período da baixa temporada hoteleira, entre o Natal Luz e a Páscoa.
“Hoje as maiores dificuldades que encontramos para negociar grandes contratos de patrocínios e licenciamentos são duas. Primeiro é a mística, criada desde que a GM entrou, de que um patrocinador que está com um clube precisa estar com o outro também – o que não é verdade – e, depois, o baixo poder de consumo do mercado gaúcho quando comparado com o mercado do centro do País. Isso se dá fundamentalmente porque a grande mídia está lá, é um modelo formado pela Globo”, apontou.
Ainda assim, Avancini ressaltou que os clubes gaúchos foram pioneiros em publicar balanços (desde 2002) e que os empresários têm “garantia de retorno dos investimentos”, assim como os clubes são atrativos para os atletas, que sabem que aqui receberão os salários em dia.
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