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Tecnologia

- Publicada em 17 de Outubro de 2011 às 00:00

HT Micron apresenta o 1º lote de chips nesta segunda-feira no RS


Jornal do Comércio
O objetivo da HT Micron de se tornar a maior fabricante de encapsulamento e teste de semicondutores da América Latina começa a ganhar forma hoje. A empresa apresenta, às 18h, no campus de São Leopoldo da Unisinos, o primeiro lote comercial de chips totalmente encapsulados no Rio Grande do Sul. Na ocasião, também será feito o lançamento da pedra fundamental da fábrica, que terá aproximadamente 9 mil m2 e obrigará a operação definitiva da operação.
O objetivo da HT Micron de se tornar a maior fabricante de encapsulamento e teste de semicondutores da América Latina começa a ganhar forma hoje. A empresa apresenta, às 18h, no campus de São Leopoldo da Unisinos, o primeiro lote comercial de chips totalmente encapsulados no Rio Grande do Sul. Na ocasião, também será feito o lançamento da pedra fundamental da fábrica, que terá aproximadamente 9 mil m2 e obrigará a operação definitiva da operação.
A HT Micron é fruto de uma joint venture entre a coreana Hana Micron e a brasileira Parit Participações, que controla a Altus e a Teikon. O investimento previsto para os próximos cinco anos é de US$ 200 milhões, com geração de mais de mil empregos diretos. Até 2016, a expectativa é que possa estar faturando R$ 1 bilhão.
“O lançamento do chip comercial marca a entrada definitiva da HT Micron no segmento de semicondutores”, comemora a diretora de Relações Institucionais e Governamentais da empresa, Rosana Casais. A linha de produção, que está funcionando em uma instalação provisória até que a fábrica fique pronta, é de 3 a 4 milhões de chips/mês. As novidades da HT Micron serão apresentadas durante o 1º Fórum Brasil-Coreia do Sul, promovido pela Unisinos essa semana e que traz ao Estado diversos especialistas sul-coreanos do setor de tecnologia.
O professor de Microeletrônica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Sérgio Bampi observa que a HT Micron poderá aproveitar o bom momento do mercado interno brasileiro, que está aquecido, especialmente, na  demanda por chips para memórias de computadores e celulares.
Só no primeiro trimestre desse ano foram vendidos 3,6 milhões de computadores no País, segundo dados da empresa de consultoria IDC. “Como o timing da implantação dos empreendimentos de encapsulamento é mais rápido, a HT Micron começa desde já a aproveitar as oportunidades”, analisa.
Outra boa notícia para as iniciativas de empresas brasileiras nesse segmento, como a Ceitec e a própria HT Micron, é que, depois de um período conturbado, o setor de semicondutores está em recuperação no mundo.
O faturamento da indústria de chips foi de US$ 150 bilhões no primeiro semestre de 2011, crescimento de 4,4% se comparado com o primeiro semestre de 2010. Os dados são da Associação Mundial de Estatísticas de Comércio de Semicondutores, cuja sigla em inglês é WSTS. Para 2012, o cenário ainda é de incertezas, em função do panorama internacional. Bampi observa que nos últimos dois anos os novos investimentos no País se concentraram na área de encapsulamento, caso da HT Micron e da Smart Modular, player americano instalado no interior de São Paulo. Já no Paraná, a Gemalto tem se destacado no encapsulamento de cartões inteligentes, como os de crédito.
Acostumado a acompanhar os bastidores do setor de microeletrônica no Brasil, ele diz que é grande a possibilidade de uma nova operação ser anunciada no Brasil nos próximos dois anos. É um investimento de pelo menos US$ 500 milhões, de manufatura de semicondutores, mas ainda dependerá do comportamento do cenário internacional. O destino desse empreendimento deve ser Minas Gerais. “É muito válido que estimulemos no Brasil todas as etapas: design, fabricação de wafers e encapsulamento”, diz Bampi.

Ceitec pretende acelerar fábrica, mas enfrenta divergências técnicas

Do ponto de vista técnico, a Ceitec está na etapa final de preparação para entrar em operação, o que deve acontecer no primeiro semestre de 2012. Na semana passada, veio uma boa notícia para a empresa. Mais de 10 anos depois de ter sido dado o start inicial no projeto, a Ceitec colocou em produção a sua primeira encomenda em grande escala. A X-Fab, parceira na Alemanha, irá produzir 1 milhão de chips do boi, que foram desenhados e prototipados na Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre.
Apesar de não ter ainda nenhum contrato firmado, a Ceitec tem uma pré-encomenda de 500 mil unidades, feita por uma empresa de rastreabilidade de animais. “Tivemos a iniciativa de mandar produzir porque sabemos que teremos demanda para absorver”, comenta o presidente da empresa, Cylon Gonçalves da Silva. O chip do boi é um dispositivo de RFID, identificado por rádio frequência, projetado para uso na rastreabilidade animal. A previsão de demanda doméstica para o chip supera 1,5 milhão de unidades para 2012, com taxa mínima de crescimento de 10% ao ano.
Esse é o primeiro chip desenvolvido em uma empresa nacional que alcança volume de produção em instalações de classe mundial de fabricação de semicondutores. “Esse momento é significativo porque há um ano assumimos a empresa em um estado difícil e, agora, teremos o primeiro produto para comercializar”, comemora. O primeiro lote deverá ser entregue em janeiro de 2012. Mas a grande expectativa é para o dia em que a Ceitec, enfim, passar a produzir semicondutores na sua fábrica. Para isso acontecer, algumas questões importantes precisam ser resolvidas no âmbito jurídico.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Mcti) e o consórcio Racional Delta, responsável pelas obras, estão divergindo em relação a alguns parâmetros técnicos da fábrica. E, enquanto isso não for resolvido, as equipes da Ceitec não podem assumir determinadas salas. Na semana passada, o ministério deu o prazo de 30 dias para que isso seja resolvido.
Só depois que essa pendência for equacionada é que a fábrica será transferida para a Ceitec. Enquanto isso não acontece, a Ceitec trata de prospectar novas oportunidades de negócios. E uma delas pode ser no Rio Grande do Sul. A empresa faz parte do grupo de trabalho do governo que avalia a possibilidade de tornar a rastreabilidade obrigatória no Estado. Só aí serão entre 12 e 14 milhões de cabeças. “Isso nos dá grande confiança, pois temos o produto que poderá atender esse mercado”, diz Cylon.

Missão gaúcha na Coreia do Sul

Um grupo de professores da Unisinos esteve em 2010 na Coreia do Sul para conhecer as empresas e iniciativas do poder público no setor de tecnologia. Dessa experiência, trouxeram o know-how para apoiar a implantação da HT Micron no Tecnosinos e, principalmente, para a criação do Instituto de Semicondutores. Carlos Alberto Moraes, um desses profissionais, relata aqui sua experiência.
“A área de semicondutores foi o grande foco da Coreia do Sul nos últimos 30 anos. Passamos quatro meses e meio lá, divididos entre importantes instituições de ensino locais, e nos chamou atenção a participação do poder público nessa estratégia. Há algumas décadas, o governo percebeu a oportunidade e determinou que fossem feitos investimentos em alguns segmentos da tecnologia, como no de semicondutores. As empresas, muitas delas familiares na época - como a Samsung e a LG - receberam recursos do governo, aceitaram a aposta e hoje se tornaram essa referência no mundo.
Com poucas alternativas de recursos naturais, a Coreia do Sul passou a investir muito na formação de pessoas qualificadas. Eles perceberam que os recursos que tinham eram os cérebros. Os resultados de todas essas apostas estão aí. O país escolheu a área de semicondutores para ser o melhor do mundo e, na produção de memórias para computador e celular, alcançaram esse feito.”

Tecnosinos planeja construir expertise em semicondutores

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) sempre foi a grande referência gaúcha na área de microeletrônica. Ali que foram formados alguns dos maiores especialistas nessa área, hoje atuando em empresas e instituições de pesquisa do Brasil e do mundo.  Foi no Programa de Pós-Graduação de Computação que nasceu a área de design de chips, em 1981. Pouco mais de dez anos depois, no Instituto de Física, foi processado em sala limpa o primeiro chip gaúcho, um microprocessador com 1,2 mil transistores.
Pois a chegada da HT Micron no Tecnosinos está estimulando os investimentos de mais uma universidade gaúcha nesse segmento. A Unisinos quer aproveitar a aproximação com os sul-coreanos, considerados referência no mundo na área de semicondutores, e fazer um trabalho de destaque nesse segmento. No ano passado, a universidade enviou um grupo de professores para a Coreia. O objetivo foi entender a dinâmica desse setor e adquirir know-how para a realização de projetos locais nessa área, especialmente a constituição do Instituto de Semicondutores. Carlos Alberto Mendes Moraes, que faz parte da equipe executora do instituto, diz que a corrida é contra o tempo. “Não se constrói um expertise nessa área da noite para o dia, mas há investimentos fortes da universidade para tornar isso possível”, comenta  ele, que também é coordenador do curso de Graduação em Engenharia Ambiental e de Pós-Graduação em Engenharia Civil da universidade.
O Instituto de Semicondutores, que será implantado em um prédio que está sendo reformado no parque tecnológico da universidade, estará em funcionamento em 2013. Será um espaço para pesquisas e prestação de serviços tecnológicos. A instituição de ensino estima que sejam necessários de R$ 25 milhões a R$ 30 milhões para colocar o empreendimento em pé. Além de recursos próprios, a Unisinos busca apoio da Finep, onde o projeto já está sendo analisado.
A Sungkyunkwan University (SKKU), a universidade mais antiga da Ásia, está apadrinhando a iniciativa e irá contribuir com seu apoio científico e profissional. A própria HT Micron é parceira. Moraes comemora as boas perspectivas e diz que a universidade tem planos reais para ajudar a fomentar esse setor no Estado. “Não queríamos apenas trazer a HT Micron para cá. Vamos apoiar a formação de recursos humanos e atrair outros players que serão fornecedores e clientes deles”, projeta.
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