O CEO mundial da fabricante de equipamentos agrícolas AGCO, Martin Richenhagen, confirmou nesta quinta-feira o acordo de compra das operações internacionais da GSI Holdings por US$ 940 milhões. O negócio ainda será avaliado por órgãos mundiais de controle de concorrência e deve ser fechado até o final deste ano. No Brasil, a GSI controla uma fábrica em Marau (RS), a antiga Agromarau. Desta forma, a gigante americana ingressa no setor de silos e armazenagem.
A AGCO afirma que poderá investir na ampliação da unidade de Marau. Nos próximos dois meses, enquanto o contrato é avaliado por órgãos mundiais de controle de concorrência, a diretoria de ambas as companhias se reunirão para debater estratégias para o mercado interno. "Ainda não conhecemos o ritmo de produção e a capacidade em uso da unidade da GSI em Marau, mas há condições de ampliarmos as linhas de produção se isso for necessário", diz Richenhagen, nesta quinta-feira, em Porto Alegre. O executivo destaca que há espaço físico para ampliações e disposição dos novos controladores para investir.
A AGCO acredita em evolução no mercado de sistemas de secagem e armazenagem brasileiro, já que 30% da safra ainda não é guardada, calcula a companhia. Fortemente afetada pela crise de 2008, a GSI Brasil se viu obrigada a reduzir custos e transferiu uma unidade que operava em Brusque (SC) para o município gaúcho.
Nas mãos da AGCO, a unidade poderá focar especialmente o mercado interno, diante das dificuldades para exportar. A alta carga tributária, os elevados encargos trabalhistas, a inflação e o câmbio têm tirado competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional, entende a multinacional de máquinas agrícolas. Para Richenhagen, tem sido pouco vantajoso investir no País de olho em exportações.
"O Brasil se tornou um lugar caro, e esta condição está prejudicando seu papel como exportador", afirmou. O caso da própria AGCO ilustra a tese. Há alguns anos, os embarques respondiam por 60% do faturamento da sua fábrica em Santa Rosa (RS). Hoje, param em 25%. Trata-se de uma situação adversa em relação à Argentina, que tem atraído uma quantidade crescente de fabricantes de equipamentos agrícolas, como a John Deere, atraída por benefícios fiscais. A AGCO possui duas unidades produtivas em território argentino.
Este fator, no entanto, não tem feito a AGCO rever seus investimentos já previstos para o Brasil, assegura Richenhagen. A empresa está investindo neste ano R$ 65 milhões em sua fábrica em Santa Rosa. Até 2012, os investimentos chegarão a US$ 100 milhões no País.
Na visão da empresa, o Brasil cada vez mais comprará equipamentos com valor agregado, embora isso reduza o mercado em unidades. "Movimento semelhante foi visto na Europa e nos EUA, onde se vende menos em volume, mas mais em valor", afirma o vice-presidente sênior da AGCO América do Sul, André Carioba.