Depois de três anos de receitas minguadas por conta de um ousado programa de reposicionamento, a transportadora Plimor voltou a exibir lucro em 2010. O tamanho desse lucro o diretor Julhiano Bortoncello guarda a sete chaves, mas, a julgar pelo respeitável crescimento da receita (31%), não deve ter sido pequeno. A base do salto financeiro está relacionada a pelo menos duas questões: a primeira delas, à consolidação do mercado paulista e, a segunda, ao crescimento das encomendas por e-commerce. Os dois fenômenos juntos turbinaram os números da Plimor no ano passado e prometem continuar influenciando positivamente os resultados de 2011. A análise do desempenho e as estratégias para o ano que vem foram temas de um encontro de três dias, na semana passada, com 150 colaboradores da empresa no Costão do Santinho, em Florianópolis.
O programa de reposicionamento implementado pela direção se iniciou a cerca de quatro anos. O objetivo era exorcizar um passado em que a empresa com sede em Farroupilha transportava de tudo, faturava bastante, mas lucrava pouco. A opção foi por transformar a companhia em uma transportadora especializada em cargas fracionadas de alto valor agregado. Para isso, foi preciso treinar equipes, adequar a frota, automatizar os terminais, ampliar o número de unidades e sair à cata de novos clientes.
A fase seguinte foi definir os segmentos que se enquadravam na proposta e que se propusessem a pagar um pouco mais por um serviço personalizado. Cosméticos, medicamentos, eletroeletrônicos, calçados e têxteis estão entre eles. Não por acaso, clientes como Americanas.com, Ponto Frio, Lojas Colombo, O Boticário, HP, Sony, Lexmark e inúmeras empresas do segmento calçadista entregaram suas encomendas à Plimor.
Os investimentos em expansão da frota, tecnologia e modernização dos terminais para 2011 estão orçados em R$ 15 milhões. Nenhum centavo, no entanto, será aplicado na expansão da área de abrangência da empresa. “Não temos intenção de crescer em novos mercados”, afirma Bortoncello. O empresário acredita que a região atualmente atendida - Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e parte da Argentina (Buenos Aires e Córdoba) - é adequada ao porte da transportadora e à capacidade de prestação de um bom atendimento. “A ideia é crescer ao menos 15% este ano no mesmo raio de ação. A região em que atuamos tem as melhores estradas e os melhores clientes.”
Também não está na conta da Plimor fusão ou compra de concorrentes. Bortencello avalia que o setor de transporte brasileiro ainda não está consolidado e que há espaço para pequenas e médias companhias atuarem ao lado dos grandes players.
Além de continuar crescendo e modernizando a frota de mais 700 caminhões (metade próprios e metade terceirizados), a Plimor terá, em 2011, a espinhosa missão de tentar reajustar o valor do frete. “Os valores do transporte de cargas no Brasil, não só da Plimor, estão defasados há anos; teremos forçosamente que reajustar os fretes”, sentencia.