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crédito

- Publicada em 27 de Maio de 2010 às 00:00

Número de famílias gaúchas com dívidas aumenta


Gabriela Di Bella/JC
Jornal do Comércio
A quantidade de pessoas endividadas após o período de Páscoa e Dia das Mães aumentou sete pontos percentuais em comparação entre maio e abril. Conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias (Peif/RS) do mês passado, pelo menos 73% dos gaúchos se consideraram endividados - em abril, esse índice era de 66%. O estudo, realizado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e divulgado pela Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio/RS), revela, ainda, que houve elevação no percentual das famílias que possuem maior risco de inadimplência.

A quantidade de pessoas endividadas após o período de Páscoa e Dia das Mães aumentou sete pontos percentuais em comparação entre maio e abril. Conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias (Peif/RS) do mês passado, pelo menos 73% dos gaúchos se consideraram endividados - em abril, esse índice era de 66%. O estudo, realizado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e divulgado pela Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio/RS), revela, ainda, que houve elevação no percentual das famílias que possuem maior risco de inadimplência.

Dos entrevistados, cerca de 9% afirmaram que não irão conseguir honrar suas dívidas em dia - 2% a mais do que no mês anterior. Nos últimos 40 dias, o número de indivíduos que possuem 50% ou mais da sua renda comprometida subiu, com os indicadores alterados de 16% em abril para 19%. A proximidade das duas datas festivas é o principal fator do endividamento dos consumidores gaúchos, na opinião do economista Pedro Ramos, da Fecomércio/RS. Ele considera baixo o número de pessoas com a renda comprometida. "Estas mudanças ocorreram, provavelmente, por uma questão sazonal", opina.

Segundo a pesquisa, os débitos com cheque especial reduziram de 30% para 25%, e os com crédito pessoal saltaram de 20% para 39%. "Todavia, destacamos que nem todo o aumento da dívida com crédito pessoal pode ser explicado pela redução no uso do cheque especial, uma vez que as pessoas estão tirando crédito para consumir ou para pagar o rotativo do cartão de crédito", analisa o economista.

O estudo identificou também que em maio ocorreu uma elevação das dívidas no cartão de crédito, que passaram de 65% em abril para 71%. Segundo Ramos, essa situação ainda não é alarmante. "Acreditamos que as famílias que se endividaram estavam passando por um processo de ajustamento, mas, mesmo assim, não deixaram de comprar, motivadas pelas datas comemorativas", explica, avaliando que esta "opção pelo endividamento" apresenta-se como factual, sem que venha causar mudanças no comportamento global de inadimplência.

O economista da Fecomércio estima que, nos próximos meses, haverá uma provável procura por financiamentos por parte dos consumidores endividados, em busca de uma forma de ajustar as rendas comprometidas com pagamento de dívidas.

Operações já correspondem a 45,2% do PIB brasileiro

O avanço do estoque de crédito, de 45% do Produto Interno Bruto (PIB) em março para 45,2% em abril, mostra expansão gradual dos financiamentos no País e não deve promover mais pressão para o ciclo de aperto monetário esperado para este ano. A avaliação é do economista da Tendências Consultoria Bernardo Wjuniski.

Os dados foram divulgados ontem pelo Banco Central (BC), na nota de crédito referente a abril, que mostrou que o estoque de crédito no sistema financeiro cresceu 1,1% em relação a março, totalizando R$ 1,468 trilhão. Segundo o BC, o juro médio do crédito com recursos livres atingiu em abril 34,3% ao ano, ante 34,2% em março. O juro para pessoa jurídica ficou estável em 26,3% ao ano, enquanto a taxa média para pessoa física teve discreta alta, passando de 41% para 41,1% ao ano.

Avaliando os dados, Wjuniski acredita que a desaceleração do nível de atividade será um fato mais visível no terceiro trimestre do ano e deve ganhar maior vigor entre outubro e dezembro. O economista prevê que o volume total de empréstimos no País alcance 46,2% do PIB no final deste ano e atinja 47,8% no final de 2011. "A expansão do crédito não é preocupante e não exige alta mais expressiva dos juros em 2010."

A estimativa da Tendências é que o BC eleve os juros em três pontos percentuais neste ano, para 11,75%. Na avaliação de Wjuniski, é bem provável que os spreads subam no terceiro trimestre devido aos primeiros efeitos do ciclo de alta de juros. Isso deve elevar o custo de captação de recursos dos bancos e deverá ser repassado, pelo menos parcialmente, segundo o economista, às empresas e famílias que contraírem financiamentos. A expectativa do economista é que as instituições financeiras mantenham até outubro um paulatino aumento do custo dos empréstimos. A contrapartida da piora das condições de crédito, com aumento de juros e redução de prazos, deverá ser a alta da inadimplência, ressalta.

Segundo o BC, a inadimplência média no crédito com recursos livres teve pequeno recuo em abril, passando de 5,1% em março para 5%. A inadimplência das pessoas jurídicas ficou estável, em 3,6%, e das pessoas físicas recuou de 7% para 6,8%. Apesar da pequena queda, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, disse que esse resultado colaborou para o recuo do spread bancário médio com recursos livres, que em abril caiu para 23,8 pontos percentuais ao ano, o segundo mais baixo da série histórica do BC, perdendo apenas para os 22,3 pontos percentuais verificados em dezembro de 2007. O spread para pessoa física, que recuou para 29,5 pontos percentuais no mês passado, atingiu o nível mais baixo da série, que tem início em julho de 1994.

Segundo Lopes, essa redução dos spreads foi determinante para que os juros médios no crédito livre ficassem praticamente estáveis no mês passado, a despeito da alta na taxa de captação dos bancos. Já o custo para os bancos tomarem recursos subiu por conta da elevação na curva de juros (as taxas futuras formadas no mercado financeiro), que responde à expectativa de alta na taxa Selic.

Banco Central espera aceleração na concessão em bancos privados

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, afirmou esperar que os bancos privados acelerem o ritmo de crescimento do crédito, enquanto os bancos públicos tenham uma perda de ritmo. Atualmente, mencionou, as instituições financeiras públicas acumulam em 12 meses uma expansão de 29,5%, enquanto os privados nacionais, alta de 14,9% e os estrangeiros, de 1,3%.

No final do ano, Altamir acredita que os bancos públicos terão acumulado alta de 23% - uma desaceleração em relação ao nível atual -, mesma taxa prevista para as instituições privadas nacionais. Para os privados estrangeiros, o BC trabalha com crescimento de 8% no ano. "Vai-se observar uma ação mais forte dos bancos privados nacionais e estrangeiros, o que deve dinamizar o crédito livre", afirmou Altamir Lopes.

Com a crise de fim de 2008 e início de 2009, os bancos públicos, como parte da política anticíclica do governo federal, atuaram de forma incisiva e tomaram em meados do ano passado a dianteira no estoque de crédito. Mas do final de 2009 até abril, os bancos privados nacionais têm, ainda em ritmo lento, recuperado seu espaço.

Em dezembro de 2009, o crédito dos bancos públicos representava 18,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e o das instituições privadas nacionais, 18,0% do PIB, ou seja, uma diferença de 0,7 ponto percentual do PIB. Em abril, a diferença ficou em 0,5 ponto percentual - 18,8% do PIB para os bancos públicos e 18,3% para os privados nacionais. As instituições financeiras estrangeiras, mais afetadas pela crise internacional e redução das fontes de financiamento externo, seguem patinando, detendo um estoque de crédito de 8,1% do PIB em abril, ante 8,3% do PIB em dezembro.

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