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Publicada em 19 de Outubro de 2025 às 14:46

Luana Maia fala de ancestralidade e territórios em show de lançamento de primeiro álbum

Luana Maia faz show de lançamento de seu primeiro álbum autoral, Estilhaços e territórios em corpos, nesta terça-feira, no Teatro de Câmara Túlio Piva

Luana Maia faz show de lançamento de seu primeiro álbum autoral, Estilhaços e territórios em corpos, nesta terça-feira, no Teatro de Câmara Túlio Piva

/LAURA ALDANA/DIVULGAÇÃO/JC
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Adriana Lampert
Adriana Lampert Repórter
A cantora, multi-instrumentista e compositora Luana Maia sobe ao palco do Teatro de Câmara Túlio Piva (Rua da República, 575) às 20h desta terça-feira (21), para realizar o espetáculo de lançamento de seu primeiro álbum autoral Estilhaços e territórios em corpos. Com produção musical assinada pela compositora, ao lado de Gelson Oliveira e Tuti Rodrigues, o disco reúne nove canções, com letras políticas, sociais e místicas, gravadas com colaborações de artistas de diversas gerações. A produção executiva é de Gisele Costa. No show, a cantora estará acompanhada de sete instrumentistas, mas a apresentação contará, ainda, com a participação de 11 convidados especiais. Os ingressos custam R$ 30,00 (meia-entrada) e R$ 60,00 (inteira) e estão à venda pela plataforma Sympla. 
A cantora, multi-instrumentista e compositora Luana Maia sobe ao palco do Teatro de Câmara Túlio Piva (Rua da República, 575) às 20h desta terça-feira (21), para realizar o espetáculo de lançamento de seu primeiro álbum autoral Estilhaços e territórios em corpos. Com produção musical assinada pela compositora, ao lado de Gelson Oliveira e Tuti Rodrigues, o disco reúne nove canções, com letras políticas, sociais e místicas, gravadas com colaborações de artistas de diversas gerações. A produção executiva é de Gisele Costa. No show, a cantora estará acompanhada de sete instrumentistas, mas a apresentação contará, ainda, com a participação de 11 convidados especiais. Os ingressos custam R$ 30,00 (meia-entrada) e R$ 60,00 (inteira) e estão à venda pela plataforma Sympla
Luana Maia já conta com uma série de singles lançados, como Voa mestre Moa (2017), Doce mar (2018), Milonga da dor (2020), Intérprete na música descontrole (2021), Minha conga (2022), Canto da tua não existência (2023) e Eu queria falar de amor (2024). Natural de Porto Alegre, a artista cursa Licenciamento em Música pela Ufrgs com ênfase em Prática Musical Coletiva, e tem sua formação prevista para este ano. O álbum, inclusive, faz parte de seu Trabalho de Conclusão de Curso. Sobre o título do trabalho, ela explica que "os 'estilhaços' têm uma relação com tudo que se quebra em partículas muito pequenas; sendo impossível voltar ao que era antes". "É sobre o se estilhaçar, que vai tomar outro jeito depois", emenda a artista. Ela relaciona o conceito a processos de mudança em sua vida, como a enchente de 2024, que atingiu sua casa, e a morte de seu pai (o artista plástico e músico pernambucano Valdir Maia), em 2023.
"Tudo isso representou processos de mudança e transmutação do antes e depois do meu eu, que tem a ver com o se estilhaçar", contextualiza Luana. O segundo conceito, "territórios em corpos", vai além do espaço físico, revela. "Território aqui não é considerado só como lugar físico, mas também o corpo de cada pessoa – que carrega consigo uma forma de ver o mundo. Eu trouxe muitas pessoas de diferentes lugares para interligar esse álbum, que é uma diversidade de território-espaço e território-corpo."
A composição de Luana Maia é essencialmente política: "Quando trago questões sobre o sagrado e o profano, sobre abusos de poder, é uma forma de me expressar contestando e falando do que realmente acredito; uma forma da música trazer uma espécie de consciência", avalia. A artista acrescenta que Estilhaços e territórios em corpos revela sua identidade musical, influenciada por sua trajetória de vida e por sua ancestralidade por parte de pai. 
A artista conta que passou a compor, em 2019, quando viajou para lugares como Minas Gerais e Bahia, permanecendo um ano dialogando com outras culturas em incorporando em suas composições ritmos como a capoeira e o forró. "Até então, eu cursava Biologia; mas a música sempre esteve muito presente na minha vida. Sempre escutei samba e MPB, por influência do meu pai, que por sua vez herdou a musicalidade do meu avô (Aberlado Maia), que fazia serenatas com o Bloco Carnavalesco Misto Batutas de São José, um dos mais antigos e tradicionais do Carnaval do Recife." No álbum, assim como no show desta terça-feira, o público poderá reconhecer esses gêneros nas canções apresentadas, além de outros tantos que constituem a diversidade musical do Brasil e de outros países da América Latina, como tango, xote, jongoxote reggae, samba-funk e música de terreiro, adianta Luana.
A canção Licença, por exemplo, fala sobre abertura de caminhos e respeito aos Exus. Já a faixa Minha conga é uma homenagem a uma preta velha e está relacionada à ancestralidade paterna da artista. Ela afirma que outras músicas ainda falam sobre amores, perdas, "indignações", fé e lutas políticas. "As letras falam também sobre o que eu sou: uma mulher musicista que vive de música e busca espaços dentro desse lugar da arte", emenda. "Do sagrado ao profano, o espetáculo envolve perspectivas através das emoções, do passado e do futuro. O primeiro single a ser lançado, E agora, onde estará, é a música mais carnal (no sentido profano) do disco, abordando a experienciação do corpo e o prazer consigo mesmo."
A equipe artística de Estilhaços e territórios em corpos inclui Tuti Rodrigues (percussão), Pingo Borel (percussão), Max García (Violão 6 e 7 cordas e cavaquinho), Dionísio Souza (contrabaixo), Paulinho Fagundes e Gilberto Oliveira (guitarras), Rafa Marques (bateria) e Adriano Wigger (contrabaixo e teclado). Além de Gelson Oliveira (voz e vocais), que assina uma das faixas do disco (Vestido azul), o projeto conta com participações especiais de Paola Kirst (voz e vocais), Ernesto Fagundes (bombo leguero e sons), Guto Wirtti (contrabaixo acústico), Luiz Mauro Filho (teclado), Matheus Kleber (acordeon), Paulo Santos (acordeon), Denner Gomes (sopro), Cleômenes Junior (sopro), Diego D’Avila (viola) e Daniela Luz (violino). 
Luana antecipa que um dos pontos altos do show será a execução da canção Maré, um samba escrito para seu pai. "Essa música fala sobre a passagem, sobre o que foi e não volta mais; nela, eu faço uma analogia à imensidão do mar, que a gente não sabe para onde vai, mas que segue de uma forma contínua." Já a faixa que dá nome ao álbum aborda a usurpação da terra e o poder dominante, comenta a compositora. O refrão é um chamado urgente à ação e um desejo radical de ruptura: "Para, se sensatez ainda houver/ Repara a insônia quase a corroer/ Volte para lá, corra para nunca mais/ Veja, olhe para essa gente sã/ Reveja, contra a desmemória vã/ Vá sem voltar'.

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