Neste sábado (11), às 18h, a Cinemateca Capitólio (rua Demétrio Ribeiro, 1085) inaugura a exposição Os trabalhadores do Cinema Capitólio, mostra que permanecerá aberta à visitação gratuita na galeria térrea da instituição até fevereiro de 2026, com acesso de terças a domingos, das 14h30min às 19h. O projeto concentra-se nos profissionais que asseguraram o funcionamento do Cine-Theatro Capitólio, inaugurado em outubro de 1928 e que permaneceu ativo até 1994. Para lançar luz sobre categorias profissionais pouco lembradas, a exposição reúne documentação administrativa e contábil preservada, fotografias, memórias orais e anúncios publicitários, compondo um acervo inédito sobre este que foi um dos principais cinemas de rua da capital gaúcha.
A pesquisa, curadoria e produção executiva da mostra são assinadas pela historiadora Alice Dubina Trusz, que atua na área da História da Exibição Cinematográfica em Porto Alegre, tendo Mestrado e Doutorado em História e pós-doutorado em Comunicação. Ela destaca que a iniciativa só foi possível graças à aprovação do projeto no Edital Sedac n. 31/2024 PNAB RS - Memória e
Patrimônio, que garantiu financiamento com recursos descentralizados pela União para o Governo do Estado, a partir da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB).
A pesquisa, curadoria e produção executiva da mostra são assinadas pela historiadora Alice Dubina Trusz, que atua na área da História da Exibição Cinematográfica em Porto Alegre, tendo Mestrado e Doutorado em História e pós-doutorado em Comunicação. Ela destaca que a iniciativa só foi possível graças à aprovação do projeto no Edital Sedac n. 31/2024 PNAB RS - Memória e
Patrimônio, que garantiu financiamento com recursos descentralizados pela União para o Governo do Estado, a partir da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB).
Alice conta que dedicou seis meses intensos, com 12 horas diárias, ao trabalho realizado no Centro de Documentação e Memória da Cinemateca Capitólio. O acervo central da mostra é inédito, sendo composto por documentos empresariais, contáveis e administrativos, doados por descendentes de Romeu Pianca, que gerenciou o cinema de 1938 a 1967, e guardados por sua filha, Malvina Pianca. Ela destaca que esses registros são fundamentais, viabilizando "saber quem eram" alguns dos trabalhadores que atuavam no cinema naquela época. "Com essa documentação, foi possível identificar essas pessoas, saber como era o trabalho delas, que relações tinham entre elas, que práticas cotidianas elas tinham para manter o cinema aberto", observa a historiadora. "A pesquisa reúne fotografias, memória oral, nomes de funcionários com destaque e recortes de imprensa", pontua.
A coordenadora de Cinema e Audiovisual da Secretaria Municipal de Cultura e diretora da Cinemateca Capitólio, Daniela Mazzilli explica que a motivação para a mostra é "ir além do foco arquitetônico e de programação, no que se refere à memória, dando nome e rosto aos trabalhadores que, no passado, contribuiram para a história dos cinemas de rua". A exposição destaca profissões como bilheteiros, porteiros, cartazistas, operadores cinematográficos, zeladores, gerentes, lanterninhas e baleiros. O percurso é bidimensional na parede, com vídeo de memórias e objetos confeccionados a partir de fotos antigas, que remetem às atividades e ao cotidiano dos trabalhadores.
Nesse sentido, o Acervo Malvina Pianca permitiu um "trabalho de pesquisa arqueológica", nas palavras de Daniela, revelando a longevidade de profissionais como Victório Polle, descendente de italianos que trabalhou por 30 anos como operador cinematográfico do Cine Capitólio. A pesquisa também expõe a mobilidade de funcionários, como quando o Capitólio absorveu todos os empregados do antigo Cinema Vera Cruz em 1952 (por conta de seu fechamento), triplicando a folha de pagamento. "Ambos os cinemas eram geridos por Romeu Pianca", esclarece Alice. Outros dados sociais vieram à luz durante o trabalho da historiadora: "a zeladoria era sempre feita por mulheres, a maioria negras, muitas analfabetas ou semi-alfabetizadas, e algumas moravam no local com seus filhos pequenos". Segundo a pesquisadora, o estudo revela, ainda, que maioria dos trabalhadores do Cine Capitólio tinha registro pela CLT, "embora a situação dos baleiros, muitos deles adolescentes, não estivesse correta".
A coordenadora de Cinema e Audiovisual da Secretaria Municipal de Cultura e diretora da Cinemateca Capitólio, Daniela Mazzilli explica que a motivação para a mostra é "ir além do foco arquitetônico e de programação, no que se refere à memória, dando nome e rosto aos trabalhadores que, no passado, contribuiram para a história dos cinemas de rua". A exposição destaca profissões como bilheteiros, porteiros, cartazistas, operadores cinematográficos, zeladores, gerentes, lanterninhas e baleiros. O percurso é bidimensional na parede, com vídeo de memórias e objetos confeccionados a partir de fotos antigas, que remetem às atividades e ao cotidiano dos trabalhadores.
Nesse sentido, o Acervo Malvina Pianca permitiu um "trabalho de pesquisa arqueológica", nas palavras de Daniela, revelando a longevidade de profissionais como Victório Polle, descendente de italianos que trabalhou por 30 anos como operador cinematográfico do Cine Capitólio. A pesquisa também expõe a mobilidade de funcionários, como quando o Capitólio absorveu todos os empregados do antigo Cinema Vera Cruz em 1952 (por conta de seu fechamento), triplicando a folha de pagamento. "Ambos os cinemas eram geridos por Romeu Pianca", esclarece Alice. Outros dados sociais vieram à luz durante o trabalho da historiadora: "a zeladoria era sempre feita por mulheres, a maioria negras, muitas analfabetas ou semi-alfabetizadas, e algumas moravam no local com seus filhos pequenos". Segundo a pesquisadora, o estudo revela, ainda, que maioria dos trabalhadores do Cine Capitólio tinha registro pela CLT, "embora a situação dos baleiros, muitos deles adolescentes, não estivesse correta".
A exposição também aborda a transformação das funções, como a dos antigos projecionistas, que precisavam entender de eletricidade para operar máquinas enormes e manuais, e a dos cartazistas, que pintavam os cartazes artesanalmente. Alice conta que encontrou e visitou famílias de alguns desses trabalhadores e registrou memórias orais de frequentadores, de gerentes do cinema, e da própria Malvina, algumas resgatadas de um material que havia sido coletado para a produção de um livro sobre a história do Capitólio (que não chegou a ser publicado).
Segundo a historiadora, a mensagem principal da mostra é reforçar o caráter de memória da Cinemateca, "que transcende o material fílmico". O maior legado desses profissionais, conforme Alice, é que "sem eles não teria funcionado o cinema". Ela lembra a relação afetiva desses trabalhadores com o público e o engajamento comunitário que garantiu a restauração do Capitólio, culminando na sua reabertura como cinemateca em 2015. "Para o público, a mostra é um convite para conhecer a história do cinema através das pessoas que o mantiveram ativo, não apenas pela arquitetura ou programação", reforça a diretora da Cinemateca.
Segundo a historiadora, a mensagem principal da mostra é reforçar o caráter de memória da Cinemateca, "que transcende o material fílmico". O maior legado desses profissionais, conforme Alice, é que "sem eles não teria funcionado o cinema". Ela lembra a relação afetiva desses trabalhadores com o público e o engajamento comunitário que garantiu a restauração do Capitólio, culminando na sua reabertura como cinemateca em 2015. "Para o público, a mostra é um convite para conhecer a história do cinema através das pessoas que o mantiveram ativo, não apenas pela arquitetura ou programação", reforça a diretora da Cinemateca.
Além de recuperar aspectos da trajetória de trabalhadores específicos, a exposição busca estimular a reflexão sobre a experiência social dos cinemas de rua, espaços que marcaram a vida cultural de Porto Alegre e de tantas outras cidades, e que hoje praticamente desapareceram, emenda Alice. Autora de livros e artigos, desde 2004 ela vem se dedicando ao estudo da história da exibição cinematográfica no Brasil, área na qual desenvolveu outros projetos de pesquisa e curadoria na Cinemateca Capitólio.