Conhecido por sua obra marcada pela sofisticação harmônica e pela parceria com Vinicius de Moraes, o cantor e compositor Toquinho, um dos ícones da Música Popular Brasileira (MPB), chega à capital gaúcha para realizar seu show Só tenho tempo pra ser feliz – 60 anos de música. A apresentação, que integra a turnê do artista pelo Brasil em 2025, acontece às 21h deste sábado (4), no Auditório Araújo Vianna (av. Osvaldo Aranha, 685). Previsto para acontecer no dia 19 de setembro, o show teve a data alterada por conta de uma readequação de agenda da produção. Os ingressos custam entre R$ 90,00 e R$ 480,00 e estão à venda pela plataforma Sympla.
Comemorando seis décadas de carreira, Toquinho sobe ao palco acompanhado pela cantora Camilla Faustino e pela sua banda completa. O repertório inclui grandes sucessos como Tarde em Itapoã, Regra três, Que maravilha e O caderno e novas versões de clássicos como Aquarela, Samba da bênção e O velho e a flor. "São músicas que se tornaram parte da vida das pessoas e também da minha", justifica o artista. Sobre as novas versões, ele diz que "o que muda é o olhar de hoje": os arranjos ganham outros timbres, outras texturas, "às vezes mais sutilezas". "O violão, por exemplo, ganha novas nuances. É como reler um livro depois de muitos anos: as palavras são as mesmas, mas a interpretação é outra", comenta.
Ao falar sobre a turnê, o artista conecta "o agora" ao título do espetáculo. "Só tenho tempo pra ser feliz reflete muito o meu momento atual. Depois de tantos caminhos percorridos, aprendi a valorizar o essencial", pontua. "A felicidade, para mim, está em coisas simples: no convívio com quem amo, no prazer de compor, de tocar, de dividir o palco. Esse título é quase uma declaração de princípios: depois de seis décadas, o que mais importa é viver intensamente o presente".
Toquinho afirma, ainda, que revisitar o repertório de sucesso é, para ele, um reencontro com a própria história. "Estar no palco celebrando essa trajetória é como abrir um álbum vivo de recordações – mas não de forma nostálgica, e sim renovada, compartilhando com o público a alegria de estar aqui, inteiro, com a mesma paixão pelo violão e pela canção", reflete. "Cada canção que interpreto carrega memórias, encontros, afetos. Ao longo de 60 anos, a música se tornou a forma mais verdadeira que encontrei para me comunicar com as pessoas", emenda.
A turnê, que estreia em Porto Alegre, segue com datas confirmadas em outras nove capitais do País até dezembro. A parceria com a cantora Camilla Faustino é um dos pontos altos da empreitada, destaca o compositor. "A Camilla é uma artista de enorme talento e sensibilidade. Ela traz frescor, delicadeza e, ao mesmo tempo, muita força interpretativa. Ela tem uma musicalidade incrível e me inspira, pois consegue dialogar com a minha trajetória sem perder a própria identidade", comenta Toquinho. Ele também fala de parcerias antigas, que marcaram capítulos importantes de sua carreira. "Com Vinicius (de Moraes), eu aprendi que a vida e a arte são inseparáveis. Ele vivia intensamente e isso se refletia em cada verso. Aprendi (com ele) o valor da simplicidade, da poesia do cotidiano, da generosidade de se entregar à música sem reservas. Na vida, Vinicius me ensinou a olhar para os encontros como bênçãos: ele sempre dizia que a vida é a arte do encontro, e eu levo isso comigo até hoje."
Outras colaborações na música também foram significativas para Toquinho, segundo ele. "Cada parceria deixou uma marca única na minha vida. Com Chico Buarque, aprendi o rigor e a sofisticação da palavra. Com Tom Jobim, a grandiosidade das harmonias. E através da Camilla Faustino, com toda sua musicalidade e potência, sinto a alegria de ver minha música dialogando com outras gerações. O que mais me emociona é que cada encontro foi também uma troca de vida, de humanidade."
Outras colaborações na música também foram significativas para Toquinho, segundo ele. "Cada parceria deixou uma marca única na minha vida. Com Chico Buarque, aprendi o rigor e a sofisticação da palavra. Com Tom Jobim, a grandiosidade das harmonias. E através da Camilla Faustino, com toda sua musicalidade e potência, sinto a alegria de ver minha música dialogando com outras gerações. O que mais me emociona é que cada encontro foi também uma troca de vida, de humanidade."
O violão de Toquinho (1966), disco de estreia do compositor, dá nome ao que o artista diz considerar seu "companheiro constante". "De lá para cá, esse instrumento se transformou quase que numa extensão do meu corpo, e que ainda me provoca desafios, como se me convidasse todos os dias a descobrir novas possibilidades." Sobre o equilíbrio entre melodia e letra, que marca sua obra, ele avalia que a receita está em não deixar que um elemento se sobreponha ao outro na hora de compor. "Muitas vezes começo pelo violão, buscando um caminho harmônico que já sugere uma atmosfera. Outras vezes, a poesia vem primeiro e pede uma melodia que a sustente. O equilíbrio está em não deixar que um elemento se sobreponha ao outro. A música deve soar como uma conversa natural, em que palavra e som caminham de mãos dadas", revela. "Costumo dizer que a música procura e pede a letra. E quando elas se encontram, não tem erro."
No topo de sua experiência, Toquinho observa os artistas da MPB contemporânea com admiração. "A nova geração traz frescor, diversidade de sons e linguagens. É bonito perceber como as influências dialogam com o mundo digital, sem perder raízes. Acho que temos que ter a coragem de experimentar, de conhecer o novo. Isso também me inspira", afirma. "O que me preocupa, talvez, é o excesso de velocidade, que às vezes impede a maturação de uma obra. Mas acredito que o tempo sempre revela o que tem consistência", pondera o veterano.
Olhando para sua trajetória, o compositor revela que "o mais desafiador sempre foi manter a chama acesa, atravessando mudanças no mercado, nas modas e até nos formatos de consumo da música". "Já o mais gratificante é perceber que, apesar de tudo isso, as canções continuam vivas. Quando entro no palco e ouço pessoas de diferentes idades cantando junto comigo, sinto que valeu a pena todo esforço, dedicação e entrega, cada madrugada de criação, os quilômetros estrada percorrida."