De Gramado
A noite de terça-feira (19) em Gramado foi marcada pela justa homenagem a uma das mais memoráveis atrizes do nosso cinema. Marcélia Cartaxo, que entrou para a história já em sua estreia nas telonas, como a inesquecível Macabéa de A Hora da Estrela (1985), recebeu o prêmio Oscarito, concedido pelo Festival de Cinema de Gramado em reconhecido às quatro décadas dedicadas à sétima arte.
Ao receber o prêmio das mãos da também atriz e jurada Isabel Fillardis, Marcélia mostrou-se eufórica e emocionada, falando de improviso e sem disfarçar a alegria. "Vou colocar meu Oscarito ao lado do meu Grande Otelo", brincou, lembrando a honraria que recebeu da Academia Brasileira de Cinema em 2002, por seu papel em Madame Satã, de Karim Aïnouz.
Mais cedo, a atriz concedeu coletiva à imprensa, na Sociedade Recreio Gramadense, demonstrando a mesma alegria que seria vista horas depois no Palácio dos Festivais. "Se você apreciar a minha arte, já será algo glorioso para mim. Eu nunca estive sozinha na minha trajetória, tive muitos apoios, de diretores, produtores, todos os artistas com quem contracenei... Esse reconhecimento (Oscarito) é muito importante, porque o cinema é a coisa que mais amo fazer na minha vida", emocionou-se.
Durante a conversa com jornalistas, Marcélia dedicou agradecimentos especiais à diretora Suzana Amaral, que a escolheu para o papel que impulsionou sua carreira - e pelo qual recebeu, em seu primeiro papel, o Urso de Prata em Berlim - e a Karim Aïnouz, que a escalou como Laurinha em Madame Satã. "(Até então, eu) só fazia aqueles personagens sofridos do Nordeste, que passavam fome, em trânsito, em busca de uma vida melhor. Fiz muitos papeis de empregadas... Quando ganhei a chance de fazer o papel de uma prostituta (em Madame Satã) eu disse para ele (Karim): eu não quero mais chorar (na tela), quero que você me ajude a mudar esse estigma, quero interpretar uma mulher viva, sorridente, meio louca", relembrou, arrancando aplausos.
O momento, para Marcélia Cartaxo, é não apenas de consagração, mas de muito trabalho. Depois do sucesso na série Cangaço Novo, a atriz está no elenco de Guerreiros do Sol, disponível no GloboPlay, e prepara sua atuação no longa Sobre Dora e Dores, de Kaká Nogueira e Bell Gama, baseado na obra homônima da escritora Lita Maria. "Vou ser uma carpideira, uma benzedeira. Vai ser um desafio muito grande, me apropriar dessas rezas e cânticos. Mas tem sido um momento muito bonito, de crescimento profissional, humano e emocional, recebendo muitos convites de cineastas maravilhosos", anima-se.