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Publicada em 19 de Agosto de 2025 às 11:55

Produtora de cinema Mariza Leão recebe o Troféu Eduardo Abelin em Gramado

Fundadora da Morena Filmes, Mariza Leão reforçou o trabalho de produção cinematográfica como um exercício de paixão

Fundadora da Morena Filmes, Mariza Leão reforçou o trabalho de produção cinematográfica como um exercício de paixão

EDISON VARA/PRESSPHOTO/DIVULGAÇÃO/JC
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Igor Natusch
Igor Natusch Editor de Cultura
De Gramado
De Gramado
Uma das mais importantes produtoras do cinema brasileiro, Mariza Leão recebeu em Gramado, na noite de segunda-feira (18), o Troféu Eduardo Abelin, entregue a personalidades com contribuição significativa ao audiovisual. Uma das fundadoras da Morena Filmes, hoje uma das mais importantes empresas do setor audiovisual brasileiro, e figura decisiva na concretização de vários clássicos do cinema brasileiro, a produtora recebeu a honraria das mãos do ator Eduardo Moskovis, logo antes do começo da sessão no Palácio dos Festivais.
"Não é fácil manter um festival de cinema por 53 edições, manter essa energia nas salas, nas coletivas. Nunca tive a pretensão do tapete vermelho, mas estou achando bom para burro", brincou ela na coletiva concedida à imprensa antes da cerimônia. Durante o papo com os repórteres, ela reforçou a paixão que segue como norte em sua atividade profissional - e que a faz querer estar sempre presente em todas fases dos filmes e séries que produz. "Produzir cinema, para mim, não é fazer contas, ser uma boa aprendiz de contadora. É se apaixonar pelos 25 tratamentos de roteiro, pela escolha do elenco, das locações, pelo processo de montagem. Eu preciso estar dentro disso tudo, preciso desse tempo para gozar o que estou fazendo."
Apesar da alegria pela homenagem, Mariza Leão não se furtou de tratar de outros temas, como seu empenho de décadas na consolidação de políticas públicas para o cinema brasileiro - uma tarefa que, em sua visão, segue inconclusa. "São submetidos cerca de 1.200 roteiros por ano (aos editais de fomento ao audiovisual), e apenas uns 30 vão entrar de fato em produção. O Brasil lança mais de 200 filmes por ano, mas o market share vai ficar com 5 deles e os outros 195 não serão vistos por quase ninguém. Isso me dói, não se constrói uma forma de valorizar esses filmes como merecem", afirmou.
Segundo ela, é preciso pensar as políticas públicas para o setor de forma que se criem "corredores" que contemplem diferentes tipos de projeto - abrindo mais espaço, por exemplo, para novos realizadores ou para propostas voltadas à inovação. "Hoje, realizadores e produtores experientes disputam com os novatos os mesmos espaços, os mesmos financiamentos. Isso não é justo com quem está começando, e também não é justo com quem está na luta há muito tempo", lamenta Mariza.
Por fim, embora reconhecendo o momento positivo vivido pelo cinema brasileiro, Mariza Leão (que esteve em Gramado também como parte da produção da série Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente) advertiu para que não se considere que a simples conquista de prêmios no exterior é suficiente para superar as dificuldades ainda inerentes a fazer cinema no Brasil. "A gente corre risco de estar se enganando que um Oscar ou um Urso em Berlim são demonstrações de potência, e que isso basta. A potência existe, mas a solução não está aí (nas premiações)", advertiu.

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