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Publicada em 12 de Agosto de 2025 às 18:44

Exposição de Nuno Ramos marca abertura de nova sede do Macrs no Quarto Distrito

Exposição 'Três casas', do artista visual Nuno Ramos, marca a inauguração da segunda sede do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, localizada no 4° Distrito

Exposição 'Três casas', do artista visual Nuno Ramos, marca a inauguração da segunda sede do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, localizada no 4° Distrito

Nathan Carvalho/Divulgação/JC
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Adriana Lampert
Adriana Lampert Repórter
Nesta quinta-feira (14), às 14h, o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (Macrs) inaugura sua segunda sede, implementada no 4° Distrito de Porto Alegre, iniciando um novo capítulo na história da Instituição. O evento, que contará com a presença do governador Eduardo Leite, do secretário da Cultura, Eduardo Loureiro e da secretária de Obras Públicas, Izabel Matte, entre outras autoridades, além de convidados e imprensa, marca também a abertura da exposição Três casas, que apresenta uma grande instalação do artista visual paulista Nuno Ramos.
Nesta quinta-feira (14), às 14h, o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (Macrs) inaugura sua segunda sede, implementada no 4° Distrito de Porto Alegre, iniciando um novo capítulo na história da Instituição. O evento, que contará com a presença do governador Eduardo Leite, do secretário da Cultura, Eduardo Loureiro e da secretária de Obras Públicas, Izabel Matte, entre outras autoridades, além de convidados e imprensa, marca também a abertura da exposição Três casas, que apresenta uma grande instalação do artista visual paulista Nuno Ramos.
Com curadoria de André Severo, a obra ocupará todo o espaço da nova sede do Museu, localizada no bairro Floresta (rua Comendador Azevedo, 256). A Mostra permanecerá aberta ao público até o dia 11 janeiro de 2026, com entrada franca. Denominada Macrs 4D (em alusão ao 4º Distrito), a nova sede do Museu funcionará de terças a sextas-feiras, das 12h às 18h, e aos sábados e domingos, das 10h às 18h.  
A exposição de Nuno Ramos conta com três réplicas em escala real de casas que marcaram a vida do artista: a casa onde ele nasceu e viveu até os 20 anos, a casa de sua avó (onde ele teve um atelier) e a casa onde ele residiu posteriormente (mesmo local onde seus filhos nasceram). A instalação consiste em telhados e pontas de casas afundando em poças de lama de cores diferentes – branca, preta e marrom –, com materiais distintos (como areia, silicato e resina) que se dissolvem em cada uma. Segundo o artista, a obra busca um "acerto de contas" com sua própria história, enquanto dialoga com "a capacidade do Brasil de tolerar desastres".

Criada em 2012, após o falecimento da mãe do artista, Três casa ganha um novo significado ao ser instalada em Porto Alegre após as enchentes que abalaram o Estado em 2024. Ramos conta que esteve na capital gaúcha logo após a tragédia e visitou algumas áreas atingidas. Ele destaca a relação da obra com o cenário que Porto Alegre viveu e a localização do Museu em uma região que foi atingida pelas águas. "Ali também sempre foi uma região mais abandonada pelo poder público, e isso foi muito forte para mim. Acho que essencialmente a Mostra dialoga com essa situação institucional, de inaugurar um museu quase que com as coisas afundando nele, fazendo uma ligação com o passado recente da cidade, de um apagamento histórico, com a derrubada de seus ícones."

A diretora do Macrs, Adriana Boff, explica que a exposição foi concebida após Nuno Ramos entrar em contato com ela durante as enchentes. A ideia de abordar a tragédia surgiu em um momento em que a nova sede do Museu, que também foi atingida por mais de dois metros de água, estava em processo de finalização. Segundo ela, a mostra do artista transmite a mensagem que a equipe do Macrs buscava passar, justamente porque trata de memória e perdas, ganhando "uma nova história" ao ser instalada em Porto Alegre, pós-enchente. "Enquanto a Mostra estiver em cartaz, a equipe do Museu também irá desenvolver uma programação intensa de projetos, como visitas guiadas e diálogos sobre questões abordadas na obra", adianta Adriana. 
Reconhecido pela força poética e política de seus trabalhos anteriores, nesta obra Ramos tensiona fronteiras entre memória individual e história coletiva, de acordo com a definição do próprio artista. Segundo ele, ocupando integralmente o espaço expositivo, Três casas propõe uma imersão no tempo da matéria e na fragilidade das formas. A escolha das cores e texturas não é casual: representam as fases da vida e as emoções contrastantes que as acompanham. As casas, afundadas nesse ambiente inóspito, parecem resistir à aniquilação, simbolizando a persistência da memória e a "inevitável transformação", explica o artista.

A nova sede do Museu ocupa um galpão industrial pré-existente no 4º Distrito, que foi reconfigurado para abrigar práticas artísticas e reflexões sobre o presente. Ali o Macrs deverá atuar para além de dentro do seu espaço, promovendo um programa educativo forte e contribuindo para a revitalização do bairro. Segundo Ramos, a localização da instituição cultural naquela região, considerada mais abandonada, é um ponto importante e inspirador. Ele afirma que espera que a iniciativa impulsione outros projetos semelhantes.

Já Adriana destaca que o Museu manterá suas duas sedes com propostas diferentes. A mais antiga, localizada na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) continuará com seu acervo e as galerias abertas a artistas e curadores, enquanto esta segunda sede será um espaço para exposições de impacto, incluindo produções de fora do Estado, com foco não somente no lado educativo mas também no aspecto social. A diretora pontua que o Museu ainda será a primeira instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) a ter todos os recursos de acessibilidade, incluindo maquetes táteis, audioguia e materiais com tradução em Libras. Segundo ela, a iniciativa inicia a partir do dia 16 de agosto, com o lançamento do projeto Macrs Acessível, que funcionará no novo espaço.

Para além do galpão de 500 m² voltados ao público (sendo 300 m² destinados exclusivamente a exposições), o Macrs 4D conta ainda com um jardim de esculturas (com 1,8 mil m² de área) que servirá como um local de convivência e lazer. O espaço multiuso incluirá uma operação de café, arena para cinema e teatro. A nova sede é resultado de um investimento de mais de R$ 5 milhões, destinados pelo governo estadual, por meio do Programa Avançar na Cultura.
Adriana observa que se na CCMQ o desafio era afirmar a identidade do Museu dentro de um centro cultural carregado de significado, no 4º Distrito a proposta da equipe é construir "novos sentidos" e consolidar o Macrs como um agente ativo de transformação e pertencimento. Segundo ela, é fundamental que a Instituição alinhe suas ações com as redes já existentes na região, a fim de que o Museu não apenas se integre ao seu entorno, mas que também atue como um agente de transformação, promovendo a inclusão, o respeito à diversidade cultural e a conscientização social. "A nova sede simboliza, assim, um compromisso renovado com a arte contemporânea, a memória coletiva e o futuro compartilhado", resume.

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