Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 06 de Agosto de 2025 às 18:00

Vinícius Brum lança 'Milongrafia', álbum que conta sua vida em milongas

Vinicius Brum lança novo álbum de originais Milongrafia com show no Teatro Túlio Piva

Vinicius Brum lança novo álbum de originais Milongrafia com show no Teatro Túlio Piva

Rafa Costa/Divulgação/JC
Compartilhe:
Amanda Flora
Amanda Flora Repórter
A milonga é um gênero musical de origem platina, com raízes africanas e hispânicas, que antecede o tango e carrega, numa cadência lenta e marcada pelo violão, uma parte importante da tradição gaúcha. Já a biografia é o relato de uma trajetória de vida - não apenas em fatos, mas também em memórias e transformações. Em Milongrafia, Vinícius Brum une esses dois universos ao criar um álbum que funciona como uma autobiografia poética contada por meio de milongas. Faixa a faixa, o artista apresenta episódios de sua existência no compasso harmônico desse ritmo que, para ele, é mais que forma: é musa, é identidade.
A milonga é um gênero musical de origem platina, com raízes africanas e hispânicas, que antecede o tango e carrega, numa cadência lenta e marcada pelo violão, uma parte importante da tradição gaúcha. Já a biografia é o relato de uma trajetória de vida - não apenas em fatos, mas também em memórias e transformações. Em Milongrafia, Vinícius Brum une esses dois universos ao criar um álbum que funciona como uma autobiografia poética contada por meio de milongas. Faixa a faixa, o artista apresenta episódios de sua existência no compasso harmônico desse ritmo que, para ele, é mais que forma: é musa, é identidade.
Com mais de quatro décadas dedicadas à música, Vinícius Brum percorre, em 11 faixas, as reflexões de uma vida entrelaçada com a canção. O disco, já disponível nas plataformas digitais, ganha show de lançamento nesta sexta-feira, 8 de agosto, às 20h30min no Teatro Túlio Piva (República, 575), em Porto Alegre, reunindo o artista junto dos músicos que participaram da gravação do trabalho. Os ingressos custam entre R$ 20,00 e R$ 40,00 e podem ser adquiridos via plataforma Sympla.
O nome Milongrafia, explica Brum, surgiu de forma intuitiva. “Me ocorreu quase como um insight”, conta. O disco reúne composições que, mesmo não sendo narrativas diretas, revelam aspectos íntimos do artista. “É quase uma biografia existencial, bem filosófica. Não conta fatos, mas conta sensações, experiências. Daí surgiu esse neologismo: uma biografia através das milongas”.
Reconhecido como um dos nomes que contribuíram para renovar a música regional gaúcha, especialmente por seu trabalho com o grupo Tambo de Bando nos anos 1980, Brum prefere ver esse processo como parte natural do ciclo contínuo de transformação da música e da cultura gauchesca. “Cada geração chega com suas referências e coloca seu tijolo na construção da arte. A cultura está sempre sendo feita. Como diz o Riobaldo do Guimarães Rosa: o homem não está pronto, está sempre sendo”, afirma.
Apesar de ter se afastado parcialmente da música entre 2002 e 2017 para se dedicar aos estudos acadêmicos e à gestão cultural, Brum manteve a “alma milongueira” viva, como canta na faixa homônima do álbum. “Foi um período em que me calei um pouco, mas em que essa alma insistia em continuar cantando.” Essa e outras faixas, como Serenidade, Bagagem e Velha Bruxa, contam com delicadeza os contornos de sua vivência durante a pausa da carreira.
A milonga, para o artista, é mais do que um gênero musical: é quase uma entidade. “Eu trato a milonga como se fosse uma musa, como faziam os poetas da Antiguidade. Peço licença para que ela me sopre ideias. Há uma devoção minha a esse gênero”, confidencia.
Essa reverência se expressa também na sonoridade do disco. O processo de gravação começou com voz e violão, e teve como peça central o trabalho do violonista Guilherme Castilhos, que atuou também como diretor musical e arranjador. “No violão dele já estavam delineadas as linhas para todos os outros instrumentos”.
Completam a equipe Miguel Teixeira, no contrabaixo, Guilherme Goulart, no acordeom, Grego, na percussão, Maria Alice, nos vocais e Pedro Cautar, que participa de duas faixas tocando violino. A canção Bordão, parceria com violinista Yamandu Costa, para Brum, é um dos destaques instrumentais do disco.
Apesar de a era digital favorecer singles e playlists, Brum defende a escuta do álbum como obra integral, como uma experiência de atenção e presença do público. “Eu ainda sou do tempo de sentar e ouvir um LP inteiro, prestando atenção na harmonia entre as canções. Milongrafia é isso: um conjunto que faz sentido junto”, afirma, brincando com as diferenças geracionais.
Sobre o show de lançamento, o artista diz esperar que o público viva uma experiência próxima da emoção que foi registrar essas canções em estúdio. “É o momento em que a gente tira a canção da gravação e leva ao palco. Há uma troca intensa com o público. É diferente do disco, porque tudo ali é mais arriscado, mais orgânico, mais vivo”.
Sem pretensões de transformar o mundo com suas músicas, Vinícius Brum deseja apenas que o disco encontre ouvidos atentos. “O que a gente espera é que quem ouça goste. Se essas canções forem reconhecidas como canções minhas, que expressam minha identidade, já fico feliz”, finaliza o cancioneiro.

Notícias relacionadas