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Publicada em 31 de Julho de 2025 às 00:25

Muovere Cia. de Dança une fragmentos coreográficos de memória no Multipalco

Nova criação da Muovere Cia de Dança, 'Breves peças para uma dança marginal' estreia neste sábado (02), no Teatro Oficina Olga Reverbel

Nova criação da Muovere Cia de Dança, 'Breves peças para uma dança marginal' estreia neste sábado (02), no Teatro Oficina Olga Reverbel

Cris Lima/Divulgação/JC
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Adriana Lampert
Adriana Lampert Repórter
Neste final de semana, a Muovere Cia de Dança irá estrear sua nova montagem, Breves peças para uma dança marginal, no Teatro Oficina Olga Reverbel, no Complexo Multipalco Eva Sopher (rua Riachuelo, 1089). O espetáculo terá sessões neste sábado e no domingo, sempre às 19h. A apresentação de domingo contará com recursos de acessibilidade, incluindo intérprete de Libras e audiodescrição. Ingressos (R$ 60,00, com opções de meia entrada) estão disponíveis no site do Theatro São Pedro.
Neste final de semana, a Muovere Cia de Dança irá estrear sua nova montagem, Breves peças para uma dança marginal, no Teatro Oficina Olga Reverbel, no Complexo Multipalco Eva Sopher (rua Riachuelo, 1089). O espetáculo terá sessões neste sábado e no domingo, sempre às 19h. A apresentação de domingo contará com recursos de acessibilidade, incluindo intérprete de Libras e audiodescrição. Ingressos (R$ 60,00, com opções de meia entrada) estão disponíveis no site do Theatro São Pedro.
Breves peças para uma dança marginal explora a relação entre memória e intermitência por meio de fragmentos coreográficos. A diretora Jussara Miranda (que também assina a concepção coreográfica da montagem) explica que a criação parte de um "turbilhão de ideias, com rupturas e emendas coreográficas", um padrão de comportamento da companhia em sua prospecção de movimentos, principalmente nos últimos anos.
A composição da obra é estruturada por interrupções e recomeços, sem linearidade narrativa. As peças são curtas, algumas com pouco mais de um minuto, outras em torno dos seis, unindo-se por um "contexto contrário" à lógica dos acontecimentos. Não há início, meio e fim, mas sim "lampejos", o que a diretora conecta à ideia do "marginal", de construir fora do teatro e depois levar essa experiência para o espaço teatral.
Desde 2012, a Muovere pesquisa o gestual cotidiano e atua em espaços diversos, incluindo as ruas, sempre reconhecida por uma estética ácida, irônica e provocativa. A marginalidade, nesse contexto, configura uma escolha estética, onde o corpo se torna um "documento-território" de desvio e afirmação. "Essa dança que 'habita as bordas' revela uma 'acidez crítica nas entrelinhas', sem discurso direto, através de 'memes gestuais' e símbolos corporais que abordam questões sociais como economia, gênero e políticas afirmativas", observa Jussara.
O processo criativo refletiu a não linearidade da obra. Jussara descreve que os bailarinos se encontravam (em duplas, trios e quartetos) em horários e locais distintos, sem saber o que os outros estavam criando, para depois comporem juntos a "narrativa de ruptura". Esse método buscou uma interpretação mais explorável e menos "dada gratuitamente", sinaliza a diretora.
A nova montagem de dança da Muovere reúne 11 peças, entre quatro coreografias inéditas e sete do acervo de Jussara, com citações a espetáculos de sua carreira, como Paredes cegas, realizado em 2006 em Salvador por conta do Ateliê de Coreógrafos Brasileiros. Ela enfatiza que, apesar de suas memórias serem a base, a autoria da obra se torna coletiva. "Essas memórias foram muito trabalhadas para contemplar o contexto atual e os pensamentos desses bailarinos, que são muito experientes. São coreógrafos com seus posicionamentos - e trabalhamos sempre com o 'desafiar' e nunca se conformar." A "dança marginal" também se manifesta no atravessamento dos padrões estéticos, com a presença de zonas de sombra onde os artistas passam a contemplar o espetáculo, subvertendo a lógica de quem está em cena e de quem assiste.
A Muovere Cia de Dança dá continuidade à sua trajetória investigativa com esta montagem através do incentivo do Programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023 - Grupos e Coletivos Artísticos. Para ela, a iniciativa da Funarte é uma das "políticas mais bem-sucedidas" do Ministério da Cultura, uma vez que fomenta a empregabilidade e a previsibilidade das ações artísticas. "Esse apoio permite que os integrantes da Cia se dediquem integralmente ao projeto", pontua. Jussara também aponta que o reconhecimento da Funarte "abre muitas associações entre instituições parceiras e apoiadores", validando a companhia.
Somando 36 anos de atuação, a Muovere Cia de Dança enxerga seu papel na cena da dança contemporânea nacional através da ampliação e diversificação de sua distribuição, destaca Jussara. "O que mais está em jogo é o que esse novo espetáculo traz do lado de fora: nossas memórias", afirma a artista, referindo-se à longa experiência da companhia, que "nunca parou de trabalhar e nunca ficou olhando para o mesmo lugar". Segundo a diretora, Breves peças marca o retorno da companhia à sala teatral com o "contágio" do campo urbano, o que diferencia a cena pronta em sala da imprevisibilidade da rua. 
 

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