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Publicada em 29 de Julho de 2025 às 12:43

Fernando Lima Lima explora memória e poesia em cores, linhas e retalhos na Galeria Duque

Exposição de Fernando Lima Lima, A pele do bordado é atração gratuita na Galeria Duque até o dia 19 de setembro

Exposição de Fernando Lima Lima, A pele do bordado é atração gratuita na Galeria Duque até o dia 19 de setembro

Fernando Lima Lima/Divulgação/JC
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Adriana Lampert
Adriana Lampert Repórter
Evocando lembranças narradas em camadas de tecido coloridas e vibrantes, a exposição A pele do bordado apresenta parte da produção autobiográfica do artista visual e poeta gaúcho Fernando Lima Lima, em um conjunto de obras composto por panôs de parede, panôs vestíveis e bonecos. Com curadoria de Alexandra Eckert, a mostra tem entrada franca e está aberta à visitação na Galeria Duque (rua Duque de Caxias, 649) até o dia 19 de setembro, de segundas às sextas-feiras, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 17h. 
Evocando lembranças narradas em camadas de tecido coloridas e vibrantes, a exposição A pele do bordado apresenta parte da produção autobiográfica do artista visual e poeta gaúcho Fernando Lima Lima, em um conjunto de obras composto por panôs de paredepanôs vestíveis e bonecos. Com curadoria de Alexandra Eckert, a mostra tem entrada franca e está aberta à visitação na Galeria Duque (rua Duque de Caxias, 649) até o dia 19 de setembro, de segundas às sextas-feiras, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 17h. 
Explorando o reaproveitamento de tecidos e o uso de pigmentos naturais (presentes em frutas e plantas como amorabananeira) para o desenho de base, Lima Lima cobre com bordado um repertório vasto de figuras como pássaros, corujas e lagartos, entre outras relacionadas à natureza, ao mundo da moda e da arqueologia. Ao todo, a mostra reúne 16 peças, descritas pelo artista como "pinturas com linhas, cores e retalhos".
Fernando Lima Lima iniciou sua trajetória artística nos anos 1907, no Atelier Livre da prefeitura de Porto Alegre, onde estudou desenho e litografia, sendo aluno de nos anos 1980. Graduado em Letras e pós-graduado em Poéticas Visuais, ele desenvolve pesquisas e experimentações em seu ateliê em Canoas, cidade onde reside. Sua produção atual tem como principal suporte os tecidos (onde são reproduzidas imagens de um compilado retirado de revistas, jornais e outras imagens de domínio público) e técnicas de costura.
"Minha produção é eclética e uso diversas técnicas. Além dos tecidos, tenho circulado também pela pintura, desenho, tecelagem, cerâmica e vidro", explica o artista. Segundo ele, o trabalho apresentado na Galeria Duque é um recorte resultante de um processo desenvolvido ao longo de 20 anos que surgiu "da memória de manifestações artísticas observadas na infância, de coisas do imaginário, e da relação com a natureza e as pessoas" (incluindo sua fase como professor da rede pública de Canoas, e de seu período como estudante de artes).
De acordo com a curadora do evento, a sensibilidade do trabalho de Lima Lima é "palpável". "As sobras de tecido e tiras que Fernando costura criam camadas e revelam transparências e texturas, capazes de contar as histórias nelas contidas”, observa Alexandra. Já o artista destaca que a costura e o bordado são ferramentas "pontentes" para apresentar seu universo simbólico, convidando os visitantes da mostra a uma partilha íntima.
"Busco uma aproximação, um contado com o público, como uma espécie de resgate dos momentos que vivi quando criança, em meio a grupos de costureiras (ofício da minha mãe, que tinha uma malharia), repleto de carinho e afeto – algo que vejo se perdendo hoje em dia", pontua Lima Lima. "Me interessa, com essa exposição, tocar o sentimento das pessoas e acender nelas o interesse de vivenciar, fazer e experimentar uma fonte de prazer e cura na criação artística, independente de isso servir como atividade profissional", emenda.
Ao mencionar o título da mostra, Lima Lima aponta a expressão como uma metáfora de parte de si mesmo: "A pele do bordado é minha própria pele, se atravesso agulhas nesses tecidos, também sangro de dor…, mas ao ver nascendo do nada, uma imagem quase sagrada, minha dor já não é nada mais que um registro de tudo que sou", afirma. Por outro lado, a curadora sugere que "o corpo" dos visitantes "pode aceitar o convite do artista de vestir os seus panôs como uma segunda pele e se impregnar de calor e proteção".
Contando com obras predominantemente têxteis, A pele do bordado aborda em uma das peças (Literatura infantil) histórias contadas por Lima Lima a crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), no decorrer de seus cinco anos de trabalho em escolas especiais. Deste período, também surgem no conjunto de obras os bonecos Cabeças de ovo, feitos de tecidos estofados com trapos e cabeças de cerâmica esmaltada. 
Outro trabalho, em específico, é particularmente significativo para o artista visual e poeta, e recebe um destaque na exposição: intitulada Dora Modas, a peça remete ao trabalho de sua mãe, que migrou do campo para a cidade, onde prosperou como costureira. "Vários símbolos estão relacionados a esse universo da vida familiar; há também alguns relacionados a vivências com minha avó", sinaliza o artista, que tem como principais referências no mundo das artes os trabalhos de José Leonilson, Leda Catunda, Andy Warhol, Sigmar Polke, Torres Garcia, Vik Muniz e Arthur Bispo do Rosário

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