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Publicada em 02 de Julho de 2025 às 16:14

Guiss Guiss Bou Bess promove mix de tambores africanos e batidas eletrônicas no CHC Santa Casa

Show do trio franco-senegalês Guiss Guiss Bou Bess é atração do projeto 'Sonoridades' nesta quinta-feira (3)

Show do trio franco-senegalês Guiss Guiss Bou Bess é atração do projeto 'Sonoridades' nesta quinta-feira (3)

Zakaria Latouri/Divulgação/JC
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Adriana Lampert
Adriana Lampert Repórter
Em turnê por nove cidades brasileiras, a partir de uma iniciativa da coordenação das Alianças Francesas no Brasil, o grupo franco-senegalês Guiss Guiss Bou Bess fará uma rápida passagem por Porto Alegre, apresentando seu show de tambores sabar no CHC Santa Casa (av. Independência, 75), nesta quinta-feira (3), às 20h. A atração tem entrada franca e integra o projeto Sonoridades, promovido pela instituição cultural em parceria com a Liga Produção Cultural, com recursos da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) do Ministério da Cultura. A retirada dos ingressos deve ser feita pela plataforma Sympla.
Em turnê por nove cidades brasileiras, a partir de uma iniciativa da coordenação das Alianças Francesas no Brasil, o grupo franco-senegalês Guiss Guiss Bou Bess fará uma rápida passagem por Porto Alegre, apresentando seu show de tambores sabar no CHC Santa Casa (av. Independência, 75), nesta quinta-feira (3), às 20h. A atração tem entrada franca e integra o projeto Sonoridades, promovido pela instituição cultural em parceria com a Liga Produção Cultural, com recursos da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) do Ministério da Cultura. A retirada dos ingressos deve ser feita pela plataforma Sympla.
Antecedido por uma oficina gratuita para músicos selecionados, que acontecerá no turno da tarde, o espetáculo do trio de artistas formado por Mara Seck, Stéphane Costantini e Aba Diop se trata de um encontro da percussão hipnótica dos tambores sabar com suas raízes profundas na tradição senegalesa e a pulsação contagiante de batidas eletrônicas modernas. "Os sabars são uma espécie de família de instrumentos de percussão, cada um com sua função e ritmos específicos: há o Nder, o Thiol, o Mbeung Mbeung, o Xlin, o Tougounet, entre outros. Sua particularidade é que todos são tocados com uma baqueta e uma mão", explica Costantini. "Quanto aos sons eletrônicos que utilizamos, a paleta é muito ampla, mas os gêneros musicais são fortemente influenciados pela música eletrônica africana (Afrohouse, Afrobeats, Kuduro, Amapiano) e pela música anglo-jamaicana (UK garage, dub, house, dubstep, etc.)", explica o artista.
A banda franco-senegalesa nasceu em Dacar (Senegal), onde Constatini, que é francês, morou por dois anos. "Mara e eu nos conhecemos em 2016. Ambos já éramos percussionistas, e a ideia era encontrar novas maneiras de promover e democratizar a percussão sabar, seus ritmos e toda a cultura a ela associada, mantendo uma experiência 'ao vivo', já que essa música é tocada principalmente em público, na rua", conta. Segundo Constantini, a escolha por misturar a música tradicional de Senegal com a eletrônica surgiu como um "campo de testes" ideal nesse contexto. "A música eletrônica é aberta a todos os gêneros musicais e relativamente fluida para composição", avalia.
O trabalho também passa pela influência de diversos artistas e gêneros musicais, como inspirações nutridas desde a infância de Seck. "Salif Keita, Sekouba Bambino, Cheikh Lo, Mory Kante com a música Yeke Yeke", cita o percussionista. "Quando eu era criança, ouvia-os o tempo todo no rádio; e também os artistas 'retrô' dos anos 1960, 1970 e 1980, da época do meu pai, do Super Étoile de Dakar", emenda. "Tenho uma forte inclinação por tudo da cultura bass anglo-jamaicana: do roots reggae ao dub, incluindo o digital dancehall dos anos 1980, depois o jungle/drum and bass, o dubstep e o UK garage... mas também muito hip hop, funk e soul", complementa Constantini. "Em termos de influências verdadeiramente significativas, os artistas da cena de Bristol dos anos 1990 (Portishead, Massive Attack, Smith & Mighty, Roni Size, etc.) conseguiram produzir belas fusões de todos esses gêneros".
Para além das influências sonoras, muitas das músicas do Guiss Guiss Bou Bess carregam mensagens. Mara Seck comenta que cresceu em meio a uma família de griots, que atuam como mensageiros entre indivíduos e comunidades, de todas as classes sociais. Isso se revela no trabalho do trio. "Por exemplo, a música Sunu gal é dedicada a todos os jovens que pereceram no mar e nas ruas na esperança de um mundo melhor, e foi escrita em março de 2021, quando o Senegal passava por uma revolta popular durante a qual cerca de dez pessoas foram mortas", revela. Sunu gal ("nossa canoa" em wolof) é uma ode aos valores do país de Teranga ("hospitalidade"): tolerância, diálogo, convivência... Ela diz: "se todos remarmos juntos, seguiremos em frente" e nos lembra que os senegaleses estão todos no mesmo barco — e não naquele que navega em direção à Europa."
Nos palcos do mundo, o Guiss Guiss Bou Bess criou um universo híbrido único: o Electro-Sabar. Os bairros populares efervescentes da capital senegalesa são seu laboratório, o lugar onde se captam os ambientes, se gravam os tambores e se fabricam as batidas. Sempre em busca de novos territórios e sabendo ser o Brasil um país fértil na arte dos tambores, em 2022 o trio produziu o álbum Set Sela, em colaboração com o produtor e músico brasileiro Chico Correa.
Dessa troca, nasceu a vontade de aprofundar os laços e renovar o diálogo entre as culturas da África ocidental e as culturas afrodescendentes e indígenas brasileiras. "Embora essa colaboração tenha sido feita remotamente, sentimos que a conexão musical era muito forte e ficamos muito felizes com o resultado final! A mistura de electro e música nordestina do Chico Correa também nos inspira muito", destaca Seck. "Depois, continuamos a colaborar em novas músicas, sempre remotamente, como por exemplo com o título Sénébrésil, que também conta com a participação da cantora e rapper nordestina Jessica Caitano. Aqui, mais uma vez, pudemos ver que as misturas entre a música nordestina e a senegalesa oferecem muitas possibilidades, além de serem divertidas de tocar. Acho que é isso que nos traz para o Brasil hoje", emenda.
De acordo com os artistas, um dos desafios da fusão do sabar com a música eletrônica é manter a essência da polirritmia produzida pelos sabars e o "poder" de uma orquestra de percussão com apenas três músicos no palco. "Outro desafio é encontrar fusões bem-sucedidas, utilizando a paleta da música eletrônica para adaptá-la à polirritmia dos sabars, sem que um estilo musical prevaleça sobre o outro", observam os percurssionistas. O grupo descreve esse processo como um "equilíbrio frágil".

Em Porto Alegre, um grupo seleto de 14 músicos participará da oficina de percussão, que será ministrada pelo trio franco-senegalês antes da apresentação no CHC Santa Casa, das 17h às 18h30min. Durante o encontro, serão abordados os conceitos das percussões Sabar, especialmente ligados às culturas Wolof e Serer. "Selecionamos os participantes em função do currículo e da trajetória musical no Rio Grande do Sul", explica o diretor Aliança Francesa Porto AlegreJean-Luc Puyau. Segundo o gestor, o investimento da vinda do Guiss Guiss Bou Bess ao Brasil integra uma série de eventos que a Instituição irá realizar em 2025, em comemoração a seus 80 anos de existência.
"Conseguir trazer uma banda franco-senegalesa para apresentar seu trabalho ao público brasileiro é excepcional", avalia Puyau. "Quando eu era mais novo, ouvia muita música africana, que é muito popular na França. No caso do trabalho do Guiss Guiss Bou Bess, ainda é uma música de fusão, muito interessante de muita qualidade. Esperamos que a oficina e a apresentação desta quinta-feira sejam momentos de intercâmbio, diversão e felicidade para o público presente", finaliza.

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