Aberta para visitação gratuita no foyer do Multipalco Eva Sopher (Praça Mal. Deodoro, s/n), a exposição Plínio Bernhardt: arte eternizada no São Pedro volta ao Theatro apresenta cerca de 40 obras do artista que integrou a equipe responsável pela pintura decorativa do forro e frentes de palco do Theatro São Pedro. Com curadoria do jornalista José Eduardo Bernhardt, a mostra inclui telas, desenhos, gravuras, vídeos, fotografias e objetos pessoais e instrumentos de trabalho do artista visual, e fica em cartaz até o dia 6 de julho, sempre de terça a domingo, das 12h até às 19h.
Natural de Cachoeira do Sul, Plínio Bernhardt é uma das referências da arte gaúcha no século XX. Pintor, gravador, desenhista e professor, formou-se em Artes Plásticas pela Ufrgs (1948) e participou do movimento modernista, sendo um dos fundadores da Associação Francisco Lisboa e do Clube de Gravura de Porto Alegre. Trabalhou mais de 60 anos com artes visuais. Sua obra é marcada pela valorização da figura humana, do corpo, do cotidiano e do imaginário do interior gaúcho, criando uma iconografia própria. "Ele pintava animais não muito identificados, como jacarés e figuras fantásticas; esqueletos interagindo com seres humanos, algo bem modernista, além de abstrato e cubista", detalha o curador, que é filho do artista.
"A iniciativa da exposição surgiu há dois anos, como uma forma de homenagear seu trabalho", comenta José Eduardo Bernhardt. "O pai tem centenas de obras, e eu já vinha organizando seu acervo em uma linha do tempo, separado por temas, há algum tempo", emenda. De acordo com o curador, devido à grande quantidade de obras, os preparativos da mostra exigiram um trabalho de cerca de um ano. "Nesta exposição, apresentamos um resgate de parte de sua trajetória desde os anos 1940, considerando que mesmo antes de se formar ele já trabalhava com pintura."
Deste período, os visitantes poderão conferir telas de Plínio Bernhardt que retratam as Ruínas de São Miguel das Missões, em 1947. "Resgatamos uma foto dessa época e, além dessa imagem, inserimos na mostra também duas obras originais das Missões em óleo sobre tela de linho – uma em cavalete de campo e outra na parede", detalha o curador. "No entanto, ele fez também outras obras sobre gaúchos e tipos abstratos, com várias técnicas e temas", pondera.
Falecido em 2004, aos 77 anos, Plínio Bernhardt foi um dos quatro artistas (incluindo Léo Dexheimer, Danúbio Gonçalves e o arquiteto Carlos Mancuso) que atuaram na pintura do forro do Theatro São Pedro durante o processo de restauração realizado na década de 1970. Esta obra, com representações de pássaros, flores e frutas do Rio Grande do Sul, permanece no Theatro desde então.
Nesse sentido, a mostra em cartaz prioriza o trabalho de Plínio Bernhardt relacionado com foco no universo teatral. Dentre as curiosidades, estão expostas fotografias do artista ao lado de Eva Sopher durante o processo de retoque das pinturas em 1984. O público encontra também telas que retratam instrumentos musicais como cítara, violino e alaúde.
Uma parte da mostra ainda aborda a fase cubista e abstrata de Bernhardt, com obras coloridas. Há também um setor dedicado à pintura de fachadas de prédios e casas históricas, incluindo as do teatro municipal de Triunfo (RS) e da Casa da Ópera de Ouro Preto (MG) – executadas pelo artista em 1984 –, do Museu do Carvão em Arroio dos Ratos (RS) e uma casa na rua Gonçalo de Carvalho (POA).
Uma parte da mostra ainda aborda a fase cubista e abstrata de Bernhardt, com obras coloridas. Há também um setor dedicado à pintura de fachadas de prédios e casas históricas, incluindo as do teatro municipal de Triunfo (RS) e da Casa da Ópera de Ouro Preto (MG) – executadas pelo artista em 1984 –, do Museu do Carvão em Arroio dos Ratos (RS) e uma casa na rua Gonçalo de Carvalho (POA).
A figura humana é outro tema presente na exposição, destaca o curador. "Inserimos na mostra uma tela de bailarina e outros desenhos do gênero". Segundo o filho do artista, as primeiras obras e desenhos de Plínio Bernhardt, da década de 1940, também fazem parte do acervo exposto. "Outro módulo da mostra é dedicado ao Clube de Gravura de Porto Alegre – do qual, além de Plínio Bernhardt, outras artistas como Danúbio Gonçalves e Vasco Prado participaram da fundação. "Nesta série de gravuras do pai, se sobressaem os temas sociais como uma que retrata homens trabalhando com folha de fumo, e de personagens icônicos como o gaúcho a cavalo", pontua José Eduardo Bernhardt.
Plínio Bernhardt: arte eternizada no São Pedro volta ao Theatro aborda, ainda, trabalhos realizados pelo artista em seus anos derradeiros. "A partir dos anos 1990, meu pai começou a pintar muitos esqueletos. Na exposição, o público pode conferir seis telas (de grande formato) com este tema, sendo que quatro foram pintadas em 2003. Também exposmos seu último retrato (onde ele aparece rodeado por essas obras), feito pelo fotógrafo Fernando Zago", descreve o curador. "Ele teve câncer, mas trabalhou até o final da vida: além de ter lecionado por décadas no Ensino Estadual, onde se aposentou, deu aulas de desenho da figura humana no Margs (instituição onde foi diretor em 1974) até seus últimos anos."
Ainda de acordo com José Eduardo Bernhardt, um andaime de obra, com a imagem de Plínio e Eva pintando o Theatro São Pedro, foi montado para a exposição. "Por cima deste andaime, durante todo o dia, está sendo projetado um filme curto com imagens da pintura do teto do teatro, com uma música de fundo", destaca o curador. Criado com o uso de inteligência artificial, o produto audiovisual simula o artista trabalhando, além de rodar algumas entrevistas que ele concedeu na época.
Ainda de acordo com José Eduardo Bernhardt, um andaime de obra, com a imagem de Plínio e Eva pintando o Theatro São Pedro, foi montado para a exposição. "Por cima deste andaime, durante todo o dia, está sendo projetado um filme curto com imagens da pintura do teto do teatro, com uma música de fundo", destaca o curador. Criado com o uso de inteligência artificial, o produto audiovisual simula o artista trabalhando, além de rodar algumas entrevistas que ele concedeu na época.
A mostra, que conta ainda com a organização de Angela Costa, arquiteta da Fundação Teatro São Pedro, apresenta outros trabalhos, como uma aquarela de cenário operístico. Segundo o curador da exposição, a pintura decorativa do forro do Theatro que contou com a participação de Plínio Bernhardt é considerada como um registro da identidade e da história gaúcha, hoje transformada em bem tombado e protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae).