Porto Alegre se prepara para receber um dos maiores nomes da música brasileira. Alceu Valença retorna à capital gaúcha com seu novo espetáculo, Meu querido São João, prometendo uma imersão nos ritmos e tradições do agreste e sertão nordestinos. O show, que já foi transformado em CD/DVD, acontecerá às 21h desta sexta-feira (13) no Auditório Araújo Vianna (av. Osvaldo Aranha, 685) e será composto de um repertório repleto de xotes, forrós e baiões, assimilados diretamente da fonte pelo cantor, nas festas, feiras e alto-falantes de São Bento do Una (PE), sua cidade natal. Os ingressos estão à venda pela plataforma Sympla e custam entre R$ 160,00 e R$ 660,00.
O artista comenta que Meu querido São João é um espetáculo especial e distinto de suas apresentações anteriores na Capital. "É a primeira vez que apresento meu show junino em Porto Alegre, cidade que eu adoro e onde sempre tive um público entusiasmado e fiel", destaca o cantor, que estará acompanhado por sua banda, formada por Zi Ferreira (guitarra), Nando Barreto (baixo), Tovinho (teclado), André Julião (sanfona) e Cássio Cunha (bateria). Alceu Valença adianta que os gaúchos "verão um show que possui o forró como base", em uma apresentação que une seus sucessos a temas de outros compositores como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e João do Vale.
"Meu querido São João celebra os gêneros musicais que constituem a essência das festas juninas do Nordeste e que, principalmente nessa época, se espalham por todo o País. São basicamente os gêneros e subgêneros que constituem o universo do forró, surgidos no sertão e no agreste do Brasil profundo, de onde advém a minha cultura mais essencial: xote, xaxado, baião, toada, marcha de São João, arrasta pé, xamego, rojão, martelo agalopado, música de banda de pífanos, entre outros", resume o artista.
A profundidade desses ritmos vai além das fronteiras nacionais no show de Alceu Valença. Ele ressalta a presença de elementos da música moura e da canção ibérica, assim como influências da música do leste europeu, como a polca, a mazurca e a valsa. Gêneros como o coco e a embolada também estão presentes, revelando raízes afro-brasileiras. "A cultura do Nordeste é vastíssima e por isso eu sempre defendo que o Brasil precisa conhecer o Brasil", afirma o cantor e compositor, ressaltando a importância de valorizar essa diversidade.
"Neste show, posso mostrar, por exemplo, a presença da música portuguesa em uma toada típica do sertão, como Sabiá, de Luiz Gonzaga e Zé Dantas. Posso também me aproximar do fado em P da paixão, de minha autoria, onde vou da cidade do Porto a Porto Alegre, homenageando duas das cidades de que mais gosto, sem perder a conexão sonora com o nordeste", afirma o cantor. "Claro que sucessos como Belle de jour, Anunciação e Tropicana não podem ficar de fora. Será uma grande celebração", emenda.
De acordo com o pernambucano, o set list ainda contará com canções como a faixa-título Meu querido São João (tema do filme A luneta do tempo, escrito e dirigido pelo próprio artista), que ganha novo arranjo; e Pagode russo, clássico de Luiz Gonzaga e João Silva, recriado pelo cantor em seu novo single. Além das novidades, Alceu Valença presenteará os fãs com releituras de outros de seus grandes sucessos, como Coração bobo, Cabelo no pente, Girassol, Pelas ruas que andei e Táxi lunar.
Segundo o artista, o CD/DVD gravado ao vivo por ele no ano passado, na Fundição Progresso, tem o mesmo conceito do atual espetáculo. "A ideia foi reproduzir toda a vibração e energia que nosso show apresenta no palco. Eu já havia gravado um DVD ao vivo dedicado ao frevo e aos gêneros do carnaval, no Marco Zero, em Recife. Desta vez, fiz um totalmente voltado para o forró."
Segundo o artista, o CD/DVD gravado ao vivo por ele no ano passado, na Fundição Progresso, tem o mesmo conceito do atual espetáculo. "A ideia foi reproduzir toda a vibração e energia que nosso show apresenta no palco. Eu já havia gravado um DVD ao vivo dedicado ao frevo e aos gêneros do carnaval, no Marco Zero, em Recife. Desta vez, fiz um totalmente voltado para o forró."
O compositor conta, ainda, que criou o refrão da canção-título no set de filmagem de seu filme A luneta do tempo, no agreste de Pernambuco. "Era uma cena noturna onde vários cangaceiros erguiam tochas diante de uma fogueira e eu precisava de uma música que eles pudessem cantar. Criei a estrofe na hora." Depois do filme lançado, Alceu Valença desenvolveu uma segunda parte para a canção e lançou nas plataformas como single, em dueto com seu filho Juba. "Acabou virando o título do audiovisual ao vivo e do show que os porto-alegrenses irão assistir neste sábado."
Com uma carreira de mais de cinco décadas de contribuições à música brasileira, Alceu Valença é um verdadeiro ícone. Reconhecido por sua capacidade de mesclar as raízes nordestinas com a MPB, o cantor e compositor sempre se destacou pela energia vibrante de suas apresentações. Suas composições já foram gravadas por nomes como Maria Bethânia, Elba Ramalho e Luiz Gonzaga.
Desde a infância envolvido com a arte, o pernambucano mudou-se para o Rio de Janeiro na década de 1970, onde participou de festivais ao lado de Geraldo Azevedo. Após a dupla se desfazer, dedicou-se à sua obra solo, lançando Molhado de suor, em 1974, álbum que vendeu mais de 100 mil cópias e consolidou seu nome no cenário musical brasileiro.
Ao longo de sua trajetória, o artista demonstrou uma originalidade ímpar, apresentando uma nova abordagem à música brasileira ao se aproximar dos regionalismos. Entre 1980 e 1987, lançou oito álbuns aclamados, incluindo Coração bobo (1980), Cavalo de pau (1982), Anjo avesso (1983) e Estação da luz (1985).
Desde a infância envolvido com a arte, o pernambucano mudou-se para o Rio de Janeiro na década de 1970, onde participou de festivais ao lado de Geraldo Azevedo. Após a dupla se desfazer, dedicou-se à sua obra solo, lançando Molhado de suor, em 1974, álbum que vendeu mais de 100 mil cópias e consolidou seu nome no cenário musical brasileiro.
Ao longo de sua trajetória, o artista demonstrou uma originalidade ímpar, apresentando uma nova abordagem à música brasileira ao se aproximar dos regionalismos. Entre 1980 e 1987, lançou oito álbuns aclamados, incluindo Coração bobo (1980), Cavalo de pau (1982), Anjo avesso (1983) e Estação da luz (1985).
Com turnês nacionais e internacionais, o cantor e compositor passou pelo palco do Montreux Jazz Festival e do Rock in Rio 2. De seus projetos com a Orquestra Ouro Preto ao seu disco que explora os ritmos do Carnaval de Pernambuco, Alceu Valença se aproxima dos 80 anos de idade com uma discografia repleta de hits atemporais, que continuam a encantar gerações.
"Eu penso que, num certo sentido, a cultura vem quase sempre de um contexto regional. Desde pequeno, eu convivia com cantadores, poetas de feira, cordelistas, coquistas, aboiadores, emboladores, artistas anônimos que ajudaram a criar a cultura do sertão profundo", recorda. Essa foi a mesma fonte onde, anos antes, Luiz Gonzaga bebeu para formatar o forró e o baião e transformar aqueles elementos em uma música de alcance nacional e de consumo de massa. "Penso que eu ajudei a ampliar esse legado, estabelecer um diálogo com sonoridades mais contemporâneas, incorporar uma expressão cênica contundente. Possuo uma linguagem que até se aproxima do pop, mas sem jamais perder minha essência", avalia o artista. "Eu sou eu e as minhas circunstâncias, como escreveu o filósofo Ortega y Gassett. Ou como dizem os vaqueiros no sertão: eu sou eu e o boi não lambe!"