Neste final de semana, a atriz Susana Vieira desembarca em Porto Alegre para apresentar o monólogo Lady, escrito por Vana Medeiros e dirigido por Leona Cavalli. A peça, que intercala a biografia de Susana com trechos da icônica personagem shakespeariana Lady Macbeth, "é um mergulho profundo" na trajetória da diva da televisão brasileira. As sessões acontecem às 20h de sábado (7) e às 18h de domingo (8), no Teatro da Pucrs (av. Ipiranga, 6.681). Os ingressos custam entre R$ 50,00 e R$ 140,00 e estão à venda pela plataforma Tri.Rs.
Conhecida por sua atuação em diversas novelas da TV Globo, onde interpretou personagens marcantes como Maria do Carmo, em Senhora do Destino, Branca Letícia, em Por Amor, entre outras tantas, a atriz investe agora em um dos trabalhos mais íntimos e desafiadores de sua carreira. "É uma Susana que poucos conhecem: esse era o nosso objetivo. É uma conversa limpa, corajosa e engraçada, porque comigo tem que ter humor", adianta.
Produzido por Edgard Jordão, o espetáculo que chega ao Teatro da Pucrs é também a realização de um sonho da artista. "Eu sempre sonhei em interpretar Lady Macbeth. Gosto de todas as peças de Shakespeare; são histórias que envolvem os grandes defeitos que nós temos: egoísmo, vingança, inveja, adultério...", revela a atriz global, emendando que o dramaturgo inglês "consegue propor uma reflexão profunda" sobre todos os sentimentos e atos negativos que o ser humano tem". Sobre o entrelaçamento com sua própria história, ela afirma que também desejava rever sua história em cena, e sinaliza a inspiração na personagem shakespeariana: "são duas personagens muito fortes". "Foi uma mistura que deu certo", avalia a atriz.
No texto inédito, escrito por Vana especialmente para Susana, a protagonista é uma atriz que passa sua vida a limpo faltando poucos minutos para entrar em cena e interpretar Lady Macbeth, uma mulher de ambição e complexidade notáveis. Propondo um diálogo intenso e bem-humorado com a plateia, o texto de Lady "não se prende ao passado (registrando apenas memórias), mas dialoga com o presente, a partir da visão de mundo que Susana tem hoje", segundo Vana, que mergulhou na biografia de Susana e teve inúmeros encontros com a atriz e com a diretora.
"Ela viveu todas as fases da televisão brasileira, desde os primeiros programas ao vivo até as transformações do século XXI", comenta a dramaturga. "É uma peça de metateatro, que bebe deste poder de comunicação que Susana sempre teve com públicos brasileiros de diversas gerações e classes sociais, divertindo e inspirando plateias na televisão, no teatro e na internet com sua autenticidade."
Segundo a atriz, a inclusão de Lady Macbeth no jogo proporciona a oportunidade de fazer uma homenagem ao teatro e à atuação, ao mesmo tempo que o texto trata de questões profundas como a morte, o envelhecimento no palco e a vontade de continuar se realizando como artista. "O público tem saído do teatro com vontade de viver, inspirado. É isso que eu quero. O trabalho me mantém viva, estou com saúde e quero que o meu público saia assim também", destaca. Susana observa que, ao contrário do que se poderia imaginar, ela e a protagonista da peça "estão bem separadas" no palco. "A Leona conseguiu me fazer chegar nessa personagem; eu consigo mostrar a minha versatilidade e tocar o público. Estou muito feliz com o resultado dessa peça, onde conto tudo que eu passei, como foi a minha carreira, e ainda presto uma homenagem às grandes atrizes com as quais eu trabalhei."
A artista comenta que o processo de selecionar momentos de sua carreira e de sua vida pessoal para compartilhar no palco foi um exercício de autoanálise. "Foi um processo natural. Na última semana de ensaio, tive que cortar muitas coisas, pois são 60 anos de histórias. Mas a peça foi muito bem construída por todos nós (eu, Leona, Vana e o Edgard)", pontua.
"Lady é sobre as potências e as limitações que a vida inevitavelmente apresenta, e sobre uma mulher que passou décadas se negando a se curvar diante destas limitações", acrescenta Vana. Com uma linguagem realista, a peça conta ainda com cenário de Chris Aizner e figurino de Karen Brusttolin. "São elementos geniais", diz Susana. "Essa peça é um trabalho de encontros: o Edgard é meu produtor há nove anos; então, sabemos tudo um do outro. Ele me trouxe o Chris e a Karen e me apaixonei por tudo. O cenário é lindo, moderno, criativo; e o figurino também, além de ousado e deslumbrante."
A peça, que estreou no Rio de Janeiro, já passou por outras capitais antes de chegar a Porto Alegre. Neste período, a sensação de "comunhão" com a plateia, considerando o significado fictício-autobiográfico do espetáculo, tem sido das melhores, afirma a atriz. "Eu me sinto feliz de verdade. Mas não é uma felicidade boba, é uma realização", pondera. "É o meu encontro com o meu público, falando o que eu queria falar. Fico um pouco emocionada, mas também 'ligada no 220w', pois não é uma peça fácil para mim, que fico em cena desde o momento em que piso no palco. É uma experiência nova e estou amando."