Neste sábado, quem estiver passando pelo lado de fora do Centro Cultural 25 de Julho (rua Germano Petersen Júnior, 250), a partir das 20h30min, não deve se surpreender ao ouvir as vozes de mais de 30 musicistas entoando, em conjunto, hinos do samba, do pagode e da MPB. Treze anos após o lançamento do disco Cantando em Bando, o cantor e compositor paulistano Celso Viáfora e o grupo musical porto-alegrense Expresso 25 reúnem seus talentos novamente para promover, na capital gaúcha, uma noite que homenageia a força de transformação da música brasileira. Com um repertório que toma como base os sucessos da carreira do sambista, o show tem ingressos entre R$ 40,00 e R$ 80,00 no Sympla.
O relacionamento entre Viáfora e os cantores do Expresso 25 não é um advento recente - muito pelo contrário. No momento em que foi convidado pelo maestro Pablo Trindade para participar de um show conjunto com o grupo, quase duas décadas atrás, nem mesmo o sambista imaginava a sintonia que seria revelada em um pequeno palco da capital gaúcha. "Quando eles terminaram a música Nossos filhos, do Ivan Lins, eu não consegui mais cantar. Chorava que nem um maluco! Aí, uns quatro meses depois, me chamaram de volta, e eu chorei de novo. Pensei 'O público vai achar que eu tô fazendo sacanagem… meses depois e o cara continua chorando', mas era porque eu estava muito comovido mesmo", conta o compositor.
Daí em diante, não teve jeito. Após uma leva de concertos em parceria, originados a partir de convites de ambas as partes, os músicos finalmente decidiram lançar um disco em conjunto, onde apresentaram novos arranjos e versões de composições clássicas de Viáfora.
Desde 2012, sempre que o grupo se reúne, o Cantando em Bando ocupa um espaço expressivo no repertório, e na apresentação deste final de semana não deve ser diferente. Apesar de também dar destaque para o disco A Vida É, o mais recente lançado pelo cantor e aclamado criticamente como um dos mais maduros de sua trajetória, Viáfora garante que não é possível deixar de fora do setlist canções marcantes como A Cara do Brasil, Emoldurada e, principalmente, a própria Cantando em Bando - faixa que dá nome ao álbum desenvolvida pelo compositor como um presente para o Expresso 25.
Além disso, a promessa para o show é de uma experiência verdadeiramente sensorial. De acordo com o cantor, tanto interpretar quanto poder escutar as canções entoadas por um coro de vozes representa uma oportunidade para que as pessoas consigam sentir, de fato, a música como algo material. "O peito vibra, a madeira do violão vibra. É muito essa coisa física do volume de som, aquele volume sonoro. E é muito louco porque tem até um verso em uma das minhas canções que diz 'multidão canta no tom'. Então é isso, a multidão não desafina, um vai afinando o outro"
O compositor conta que, para ele, a relação desenvolvida com o Expresso ao longo dos anos foi, especialmente, de aprendizado. Com quatro décadas e meia de trajetória e centenas de arranjos e composições nas costas, Viáfora emite um testemunho que foge do tecnicismo encontrado no discurso de músicos de carreira: um de apreço pela sensibilidade. "É muito sutil o trabalho deles. E hoje em dia, eu acho que delicadeza e sutileza são coisas muito caras e raras na vida cotidiana. A brutalidade, a imbecilidade, a falta de lógica é tão grande, que aí quando você encontra pessoas delicadas, sutis, tratando a música e, por consequência, tratando a vida dessa maneira, você sempre fica comovido de só de pensar nesse reencontro. E é assim que eu me encontro nesse momento."