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Publicada em 20 de Maio de 2025 às 16:59

Novo álbum de João Pedro Cé tem show de lançamento no Espaço 512

Reflexão sobre a ausência de espaços verdes nas grandes cidades é um dos temas do álbum 'Broto', de João Pedro Cé

Reflexão sobre a ausência de espaços verdes nas grandes cidades é um dos temas do álbum 'Broto', de João Pedro Cé

/JOSEMAR AFROVULTO/DIVULGAÇÃO/JC
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Luiza Weiler
João Pedro Cé cresceu escutando o ditado "come broto pra ficar broto", expressão repetida por sua mãe, no interior do Rio Grande do Sul, que buscava convencê-lo a incluir em sua alimentação produtos vindos diretamente da natureza. Décadas depois, em 2025, o artista e psicólogo utilizou parte dessa mesma fala para conceitualizar e dar nome ao seu segundo álbum de estúdio Broto, lançado no último dia 19 de maio em todas as plataformas digitais. O show de estreia do disco, por sua vez, acontece às 21h desta quinta-feira, no Espaço Cultural 512 (rua João Alfredo, 512). 
João Pedro Cé cresceu escutando o ditado "come broto pra ficar broto", expressão repetida por sua mãe, no interior do Rio Grande do Sul, que buscava convencê-lo a incluir em sua alimentação produtos vindos diretamente da natureza. Décadas depois, em 2025, o artista e psicólogo utilizou parte dessa mesma fala para conceitualizar e dar nome ao seu segundo álbum de estúdio Broto, lançado no último dia 19 de maio em todas as plataformas digitais. O show de estreia do disco, por sua vez, acontece às 21h desta quinta-feira, no Espaço Cultural 512 (rua João Alfredo, 512). 
A ideia surgiu no momento em que Cé estava observando o jardim que construiu na avenida Independência, região central de Porto Alegre. O artista, que é graduado em psicologia mas compõe músicas desde sua adolescência, refletia sobre a falta de espaços verdes no interior da metrópole, e pensou que essa temática resultaria em um bom trabalho artístico.
"Eu sempre tive essa relação com plantar coisas, com cuidar de plantas, porque a minha mãe era paisagista e meu pai era agrônomo. Então eu plantei minha horta lá naquele espaço, e um dia eu estava descendo a escada e pensei 'Pô, isso é bonito! Dá umas fotos boas'. Depois eu comecei a pensar em fazer um álbum com isso: juntei as composições que eu gosto mais e tentei criar elementos que pudessem dialogar com a ideia do jardim, da agrofloresta", conta o cantor.
Tanto nas dez canções selecionadas para compor o disco Broto, quanto nas fotografias que acompanham a obra, é possível identificar a forte influência da ecologia, que ocupa um papel significativo na vida do compositor. Para Cé, o afastamento da conexão humana com a natureza e a falta de vida observadas, especialmente, na cidade, constituem alguns dos principais fatores que contribuem para a deterioração da saúde mental das pessoas, registrada como uma crescente nos últimos anos.
No mesmo sentido, Cé também procurou retomar uma segunda experiência que, segundo ele, tem sido afetada pela modernidade: o processo de sentir a música como algo material. "Hoje, as pessoas recebem um link, acessam a música e pronto. Nós perdemos a experiência de pegar uma coisa física na mão. Porque a música é física, o som dela é uma onda mecânica. Ela tem uma corporeidade, mesmo que seja invisível. Então eu também queria que a minha obra tivesse um encarte, algo físico para as pessoas pegarem", explica o cantor.
No encarte disponibilizado pelo artista com o lançamento do disco, foi disposta uma seleção de fotografias feitas com o próprio celular de Cé. As imagens constituem registros de viagens do cantor pelos mais diversos lugares do Brasil, todas motivadas pela vontade incansável de conhecer diferentes ambientes do País. Para além disso, também são integrados alguns retratos da própria cidade de Porto Alegre, que o autor pensou que acrescentariam à conceitualização do álbum.
Similarmente, o perfil sonoro de Broto também presta uma homenagem aos diferentes ambientes e localidades do Brasil. Em seus ritmos e letras, o cantor pretende celebrar a diversidade e a amplitude do espectro que as sonoridades nacionais carregam consigo.
De acordo com Cé, não há uma rigidez estética quando se fala em música brasileira. Passando pelo rock misturado com o samba, adotando elementos do reggae, e mesclando algumas influências do cumbia, seu segundo álbum conta com canções que transitam e colidem com uma diversidade expressiva de gêneros.
música brasileira contemporânea. Eu cresci ouvindo várias coisas, muito rock norte-americano e britânico, ao mesmo tempo que a minha mãe basicamente só ouvia Caetano e Gil. E, no interior, você também vai absorvendo outras coisas - aquela estética brega que a gente tem na música popular, a breguice das bandinhas, por exemplo. Depois, tiveram os outros sons que eu fui entrando em contato ao longo da minha vida."
Nas letras das canções, outra característica que aparece frequentemente é a influência da psicoterapia, prática exercida pelo artista. Cé conta que duas das ideias para composições do álbum, por exemplo, surgiram a partir de conversas tidas com pacientes durante as sessões, que introduziram perspectivas e inspiraram pensamentos que deram origem à criação artística. Nesse sentido, não é à toa que a faixa selecionada para encerrar o disco se chame, justamente, Terapia.
De acordo o cantor, faixas que abordam temáticas como a complexidade das relações amorosas, ou prestam tributos a entidades e se aproximam do conceito de religiosidade, não existiriam caso não houvesse diálogo e contato com os outros - sejam seus pacientes, ou apenas personagens da sua vida pessoal. Para ele, essa é a maior joia de todo o disco. "Essa obra carrega algo que tem a ver com outras pessoas. Mesmo que seja eu o artista, ela também representa uma forma de eu agradecer essas pessoas por me inspirarem e me ensinarem coisas. Acho que é esse o sentido de tudo, sabe?"
 

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