Com voz grave e talento para compor baladas românticas ao violão, o músico Kevin Johansen poderia apresentar um show com canções suas bem conhecidas pelo público. Mas o argentino gosta de experimentar, brincar e mesclar ritmos e idiomas nas suas músicas. E agregou um novo componente em sua apresentação: a parceria com o artista Liniers, que produzia um desenho ao vivo, a cada canção, que era exibido em tempo real por um telão.
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Foi mais um ingrediente de descontração no espetáculo no auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, na semana passada. Além de música e arte, a noite teve muita conversa e sintonia com o público, que reagia com risadas e surpresa às imagens produzidas por Liniers, por vezes, desconcertantes e que tiravam um pouco da atenção das canções.
A cada música, artista Liniers produzia uma nova ilustração, deixando o público, por vezes, desconcertado
EVANDRO OLIVEIRA/JC
A comunicação dos artistas se deu em português, portunhol e espanhol – questionada se entendia o idioma, a plateia reagiu com um enfático sí!
Era uma audiência entusiasmada, embora pequena para o local do show – apenas a plateia baixa foi ocupada e, embora cheia, não chegou a lotar. Apesar disso, Kevin Johansen entregou-se ao espetáculo com alegria e nostalgia – “quanto tempo, Porto Alegre!”, disse algumas vezes, repetindo como estava feliz por voltar à cidade.
O show, que no Brasil também passou por Rio de Janeiro e São Paulo, começou com Road Movie, passando por outras canções em espanhol. Teve ainda bons momentos com Modern love, de David Bowie, Mc Guevara's o Che Donald's – que Johansen contou que compôs ao ver um monte de produtos com a estampa de Che Guevara sendo vendidos – a bonita La hamaca, mais brincadeiras com fonemas em uma música cantada em francês e até troca de papéis entre Johansen e Liniers – o primeiro foi desenhar e o segundo cantar.
Kevin Johansen deixou evidente sua felicidade em estar de volta à Capital gaúcha
EVANDRO OLIVEIRA/JC
O show voltou com mais ênfase no talento musical do argentino com Sos tan fashion e a balada romântica Luna de Porto Alegre, que arrancou fortes aplausos do público e botou boa parte do auditório a cantar, assim como em Anoche Soñé Contigo, que fechou a apresentação.
No bis, o Araújo Vianna virou carnaval, como todo mundo em pé e dançando – algumas dezenas de pessoas no próprio palco – nas animadas Guacamole e Cumbiera intelectual.