Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 06 de Março de 2025 às 18:30

Produtora cultural Dedé Ribeiro relembra trajetória múltipla enquanto prepara exposição em Paris

Rainha da produção cultural no Estado, Dedé Ribeiro segue colecionando histórias e abrindo caminho para o novo na arte gaúcha

Rainha da produção cultural no Estado, Dedé Ribeiro segue colecionando histórias e abrindo caminho para o novo na arte gaúcha

MARTI MOMBELLI/DIVULGAÇÃO/JC
Compartilhe:
JC
JC
João Vicente Ribas, especial para JC *
João Vicente Ribas, especial para JC *
Dedé Ribeiro é pioneira da produção cultural profissional no Rio Grande do Sul. Começou jornalista, foi atriz, letrista. Desempenha múltiplas funções, incluindo a de dramaturga e, recentemente, a de artista visual. Descobriu-se produtora no meio do caminho (fazendo) e acabou abrindo passagem para as gerações seguintes. Hoje em plena atividade, ainda se dedica a ensinar sobre o ofício em cursos regulares.
Para conhecermos sua trajetória, vale voltar no tempo, à Porto Alegre de 1976. Aprovada no vestibular, matrícula na mão, lá ia a Dedé pedir emprego na Rádio Difusora, aos 18 anos de idade. Foi a porta de entrada em um universo de múltiplas criações e realizações, sempre protagonizando a cultura gaúcha e participando de sua institucionalização.
 
Viveu momentos icônicos, como o financiamento coletivo de LPs no início dos anos 1980 e a construção de um centro cultural totalmente privado nos anos 2000. Conheceu experiências transformadoras ao redor do mundo, como o socialismo cultural na França, quando estudou na Sorbonne, e a produção cultural na África em tempos de decolonialidade.
 
Entrevistei Dedé Ribeiro de forma remota para esta reportagem, pois ela estava de férias no México. No dia seguinte, conheceria a casa onde morou a artista Frida Kahlo. Sua narrativa ia pontuando eventos importantes, não só de sua vida, mas do desenvolvimento da cultura no Estado.
 
Aquele primeiro emprego na Difusora, por exemplo, seria o trampolim para uma experiência formadora em outra rádio, a Continental, berço da Música Popular Gaúcha, numa época de parcos recursos no setor cultural. Dedé foi produtora e repórter do programa Opinião Jovem, com José Fogaça e Clóvis Duarte. “Daí eu caí no caldeirão, porque era a rádio mais cool da cidade”, afirma.
 
Foi uma escola. “Ali na Continental iam todos os músicos gravar, porque não tinha gravadora, e a rádio rodava", relata. Naquele estúdio, Dedé testemunhou inúmeros lamentos de músicos que não tinham espaço para shows locais. Enquanto isso, observava teatros vazios, metade do tempo sem ocupação.
 
Neste contexto, em 1977, produziu um primeiro show, que também foi o primeiro do compositor Nelson Coelho de Castro, “E o crocodilo chorou”, no Teatro de Arena. “Eu batia nos lugares, pedia ajuda para as pessoas, e quando eu descobri eu era produtora, mas eu não sabia muito bem quem eu era”, lembra.
 
Foi nesta época que também acabou sendo letrista de um clássico da música gaúcha, a canção Armadilha. Dedé escrevia poesias e já havia participado de composições de Fernando Ribeiro, com quem foi casada. Então, num ensaio de Nelson, deixou um bilhete com recomendações de produção. “Só que no outro lado do papel tinha essa poesia aí de ‘Armadilha’. Foi um acaso total. Daí ele gostou e começou a fazer uma música", conta.
 
Ao longo da carreira, além de Nelson, produziu nomes como Nei Lisboa, Arthur de Faria e Quartchêto. Dirigiu a Usina do Gasômetro, coordenou o departamento de Cultura da Unisinos e o Santander Cultural. Nos anos 2000, foi a responsável pela criação do curso de Música da Rede Metodista e liderou a programação cultural do III Fórum Social Mundial.
 
A seguir, um panorama das produções de Dedé Ribeiro, desenvolvidas enquanto o mundo se transformava diversas vezes. Até chegar a Paris, no próximo mês de abril de 2025, quando a Dedé artista visual irá expor no Verso - Centro Cultural Itinerante, aos 67 anos de idade.
 

Produção agora!

'Atenção' é uma das obras da exposição 'A escolha do acaso', assinada por Dedé Ribeiro em 2020

'Atenção' é uma das obras da exposição 'A escolha do acaso', assinada por Dedé Ribeiro em 2020

DEDÉ RIBEIRO/REPRODUÇÃO/JC
"Produção agora!" é o título de um dos vídeos que Dedé Ribeiro publicou em seu canal no YouTube, com dicas para quem busca conhecimento sobre produção cultural. Sua linguagem, totalmente adaptada para a plataforma digital, é veículo para a circulação de saberes de mais de 40 anos.
A primeira produtora que criou se chamava Cana Azul. A seguir, fundou a Lance Livre, num processo de profissionalização nos anos 1980, junto a Zanza Pereira e Sayonara Ludwig. "Era guerrilha total. Se a gente conseguia empatar (as contas), estava maravilhoso. E conseguia, na maior parte das vezes."
Sua solução financeira passava pela criatividade com que fazia assessoria de imprensa, o que chamava atenção de grandes produtoras. "Com isso eu conseguia me manter, fazendo também release para Opus, Hi-Fi, entre outras. Acabou que eu virei assessora de imprensa cultural da cidade", orgulha-se.
Essa vivência levou-a em 1986 a criar um primeiro curso. "Eu era a única pessoa que via como é que todo mundo trabalhava. Cada um tinha inventado seu jeito, porque não existia curso, não existia internet, não existia livro de produção cultural, não existia nada". A partir da observação das melhores práticas de cada um na realidade porto-alegrense, montou um método.
A seguir, fez um projeto e conseguiu uma bolsa de estudos para pós-graduação na França. Ficou entre 1988 a 1989 pesquisando teatro na Universidade de Paris I - Sorbonne. Na pesquisa, fez uma comparação com a realidade brasileira.
"No Brasil tudo funcionava como o que os franceses chamam de teatro garagem, que é locar um espaço sem que ele tenha critérios. Na França já havia um socialismo cultural muito forte, uma preocupação com toda a cadeia produtiva da arte. Um teatro não ficava vazio nunca, estava sempre sendo ocupado, com geração de dinheiro e com uma subvenção imensa", conta a artista, que tem no currículo o Tibicuera de Melhor Atriz, pela peça SapoViraReiViraSapo (1985).
Quando voltou da França, motivada a mexer na política cultural dos espaços, Dedé encontrou resistência. Montou com Bebê Baumgarten a BD Divulgação, e somente em 1996 teria a oportunidade de trabalhar em um centro cultural, a Usina do Gasômetro. Depois esteve no Salão de Atos da Ufrgs, na Unisinos, até que chegou à experiência inovadora do Santander Cultural.
 

Criar um centro cultural do zero

Dedé Ribeiro (d) e Luiza Pires, sócias da Liga Produção Cultural

Dedé Ribeiro (d) e Luiza Pires, sócias da Liga Produção Cultural

ACERVO PESSOAL DEDÉ RIBEIRO/REPRODUÇÃO/JC
O prédio do antigo Banco da Província já estava sendo restaurado quando Yakov Sarkovas convidou Dedé Ribeiro e Luiza Pires para coordenar a criação e instalação do Santander Cultural. “As coisas tinham uma dimensão tão grande, eram 24 horas de obra por dia, tudo era tão fantástico”, lembra Luiza.
Em meio ao restauro, as duas começaram a pensar em rechear o espaço. “Tudo foi pensado por nós, mais uma equipe de três pessoas, e a gente recebia muito bem”, revela. Realizaram pesquisa, definiram que o mote seria arte visual contemporânea e música. “A gente sonhava, pensava, botava no papel, forçava, apresentava, e os caras diziam ok”, relata.
 
Luiza Pires já havia sido coordenadora da Casa de Cultura Mário Quintana e trabalhado na Secretaria Estadual de Cultura, mas nunca havia trabalhado com Dedé Ribeiro. “Para mim foi uma descoberta fantástica, porque ela é uma pessoa extremamente solidária, criativa, dinâmica”, diz.
 
“O Santander foi um marco, um projeto privado, não teve lei de incentivo. Foi o primeiro espaço cultural do Rio Grande do Sul feito com uma política cultural forte, tinha conselho curatorial”, destaca Dedé.
 
Mas as diretrizes artísticas começaram a entrar em choque com a administração do banco, e a dupla Dedé e Luiza acabou saindo. Fundaram juntas a produtora Liga, em que trabalham até hoje, focadas na realização de projetos aprovados em editais de incentivo à cultura.

Renovação do idealismo

Dedé Ribeiro ao lado de alunos durante espetáculo realizado por eles em Luanda, em Angola

Dedé Ribeiro ao lado de alunos durante espetáculo realizado por eles em Luanda, em Angola

ACERVO PÉSSOAL DEDÉ RIBEIRO/REPRODUÇÃO/JC
Nos últimos anos, os cursos regulares de produção de Dedé Ribeiro se expandiram para a África. Esteve em Angola (2018 e 2019) e Guiné-Bissau (2023), por intermédio de um ex-aluno, Paul Barascut, da Aliança Francesa. Lá, observou uma situação muito parecida com a do tempo em que começou aqui, sem mecanismos de incentivo. "Eles trabalham vendendo coisas na rua durante o dia para ensaiar o espetáculo de dança à noite", relata.
Em meio a dificuldades (de acesso à energia elétrica e internet, por exemplo) Dedé procura mostrar alternativas. "Mostrar para eles que o mundo desenvolvido está culpado em relação à África, e que eles deveriam aproveitar isso para participar de editais internacionais, conseguir dinheiro dos colonizadores."
A troca de experiências com os africanos acabou renovando seu idealismo, o espírito de quem está começando na área. "De olhar uma coisa e pensar: eu tenho que fazer isso acontecer. Mesmo que ninguém vá ganhar nada, mas isso tem que chegar ao público", diz.
A proximidade com a África também despertou uma série artística sua, motivada pela desconstrução do olhar eurocentrado. "Entender por que cargas d'água eu acho bonito uma determinada coisa e acho feia outra. O que tem de pobre nisso? O que é a pobreza?", indaga.
Na exposição ColonialMente (2022), Dedé Ribeiro procura entender o seu lugar criando colagens em papel. "A única forma que eu tinha era a palavra. Eu escrevo teatro e umas letras de música. De repente, a palavra ficou insuficiente, eu precisava da imagem", alega. Desde 2018 já foram três exposições individuais e outras quatro coletivas, em Porto Alegre e São Paulo.
 

'Hoje está mais tranquilo viver de cultura, é um setor que funciona'

Equipe da peça Qual Vai Ser?, com texto de Dedé Ribeiro, rodou mais de 300 cidades brasileiras

Equipe da peça Qual Vai Ser?, com texto de Dedé Ribeiro, rodou mais de 300 cidades brasileiras

ACERVO DEDÉ RIBEIRO/DIVULGAÇÃO/JC
Dedé Ribeiro observa que houve uma mudança significativa no setor cultural no Brasil, com aumento de recursos e leis de fomento mais criteriosas. Além desses mecanismos, a internet representou um avanço grande, facilitando a divulgação e a pesquisa.
O público aumentou. "Também a população começou a ter mais poder aquisitivo para o ócio, para a cultura. Porque antes realmente era caro, pouca gente ia ao teatro ou a um show", observa.
O artista se profissionalizou. "Quando eu comecei a trabalhar, as pessoas trabalhavam em um banco de dia para poder ensaiar de noite", relata. Atualmente, Dedé celebra que toda a cadeia produtiva se mantém, gerando economia. "Hoje está mais tranquilo viver de cultura, é um setor que funciona", conclui.
O empresário ainda é reticente. Em sua experiência, a produtora considera complicada a captação de recursos e a ligação do empresariado com a cultura. "Tem muito mal entendido. São poucas empresas que investem em cultura, por total falta de conhecimento. Então são poucas as empresas que aproveitam desse marketing praticamente gratuito que elas têm através dos mecanismos de incentivo", avalia.
Em 2025, Dedé Ribeiro prepara novos projetos e dará sequência a outros. Por exemplo, o espetáculo teatral Conta Outra!, que está em turnê por 40 cidades do Paraná e de São Paulo. Já o projeto Sonoridades, no Centro Histórico e Cultural Santa Casa, que iniciou em 2024 mas foi prejudicado pela enchente, terá a agenda de shows retomada em abril. Embora a programação ainda não tenha sido divulgada, Dedé adiantou que haverá uma nova montagem da Misa Criolla, do argentino Ariel Ramírez, e um show do uruguaio Hugo Fattoruso, entre outras atrações.
 

Capacidade de realização e sensibilidade

'Você sabe pra que casa voltar', colagem em papel desenvolvida por Dedé Ribeiro para a exposição 'ColonialMente'

'Você sabe pra que casa voltar', colagem em papel desenvolvida por Dedé Ribeiro para a exposição 'ColonialMente'

DEDÉ RIBEIRO/REPRODUÇÃO/JC
Dedé Ribeiro nasceu no Dia das Bruxas, em 31 de outubro de 1957, em Porto Alegre. Tem um filho, fruto do seu primeiro casamento, com o músico Fernando Ribeiro (1949-2006), pioneiro da Música Popular Gaúcha.
Hoje o filho Lucas Velloso vive em Curitiba, onde dirige a BASA, uma articuladora descentralizada e internacional de artistas e de espaços expositivos. Lucas revela que admira a mãe pela capacidade de resolver problemas. "Admiro o gosto que ela tem por construir outras formas de existir, adentrar territórios não mapeados. Talvez seja a única forma de viabilizar arte com tanta consistência, ao longo da vida", afirma.
Sobre o trabalho artístico, salienta a forma como Dedé associa arquivos de imagens esquecidas, com a memória individual e coletiva, apontando na direção de futuros possíveis. "Do ponto de vista formal, ela parece estar sempre desviando do que já fez, experimentando composições e se divertindo de alguma forma com o processo", diz Lucas.
Já o escritor carioca Robertson Frizero comenta seu trabalho criativo no teatro. Ele foi colega de Dedé Ribeiro por oito anos no Dran, núcleo de dramaturgia coordenado por Graça Nunes, uma lenda viva do teatro gaúcho. "De todos nós, Dedé sempre foi a mais inventiva. Seus textos trazem um olhar astuto e irônico sobre o mundo, em uma mistura inteligente de humor e drama", avalia.
Muitos de seus textos teatrais estão publicados, inclusive seus microdramas, forma inovadora que criou nos anos 2000. "Dedé tornou-se uma adepta da chamada Microliteratura e hoje integra o projeto Literatura Mínima. Seu talento para a dramaturgia é inegável, tanto é que ganhou um Açorianos de Literatura pela participação na coletânea Liberdade, do coletivo As Dramaturgas", comenta Robertson.
 

Mediadora de feitos inesquecíveis

Nelson Coelho de Castro, Dedé Ribeiro e Antônio Catafesto na peça 'A cidade do lugar nenhum'

Nelson Coelho de Castro, Dedé Ribeiro e Antônio Catafesto na peça 'A cidade do lugar nenhum'

ACERVO PESSOAL DEDÉ RIBEIRO/REPRODUÇÃO/JC
O trabalho de produção também envolve reeditar sucessos. Uma produção teatral infantil que marcou a carreira de Dedé Ribeiro nos anos 1980 acaba de ser reencenada. A cidade do lugar nenhum, peça com canções de Nelson Coelho de Castro, ganhou nova temporada no ano passado no teatro do Centro Histórico e Cultural Santa Casa.
Também foi a retomada de uma parceria. “Tanto tempo dessa relação... agora estamos cantando para os filhos dos filhos do nossos ouvintes”, comenta o músico de 70 anos. Nelson diz ser grato à Dedé, desde o começo. “Super interessante, o ciclo sincroniza, tu conhece a pessoa e ela participa da tua vida como um condão, te guiando. Muita sorte a minha”, declara.
Nelson rememora aqueles tempos em que estreava nos palcos, com a produção de Dedé Ribeiro. Primeiro, os parentes prestigiaram, depois os amigos garantiram a plateia, até que o público foi aumentando e lotando o teatro, toda sexta e sábado. Foram seis semanas em cartaz. “O pessoal da cultura era uma grande turma”, recorda. O compositor avalia que em plena ditadura militar, os artistas estavam sempre próximos uns dos outros. “Porque a única maneira de a gente dar resistência era ficar junto”, opina.
 
Um grande feito desta turma, com Dedé Ribeiro na produção, foi a campanha de financiamento coletivo para o LP Juntos, de Nelson Coelho de Castro, com a venda antecipada em 1981. O músico conta que a inspiração veio do pessoal do teatro, que já havia lançado um livro, vendendo antecipadamente e inaugurando em Porto Alegre o crowdfunding. Dedé reitera que a ideia original não foi sua, mas que promoveu pela primeira vez a venda de bônus para uma produção de disco no sul do Brasil.
 
Dois anos depois, foi a vez de Nei Lisboa lançar a campanha dos Nei Lisbônus para seu primeiro LP, com produção de Dedé também. Naquele início dos anos 1980, o músico Arthur de Faria tinha apenas 12 anos de idade. Mas acompanhou com entusiasmo as campanhas. “Aquilo foi muito revolucionário, porque essa coisa do disco independente era muito recente”, comenta.

Mais de uma década depois, Arthur veio a contar com o trabalho da produtora numa turnê pela Europa. “A Dedé era muito profissional num mundo em que praticamente só existiam amadores. Ela sempre foi essa pessoa, ao mesmo tempo, muito amorosa, muito idealista e muito prática, muito objetiva, que é uma combinação muito rara", revela.
 
Arthur conta uma história que passaram juntos, em 1998, na República Tcheca e Áustria. Sem internet, tudo combinado à distância, antes de embarcar promoveram um show para conseguir pagar as passagens. Deu tudo certo e a turnê acabou motivando depois um festival em Viena, com Bebeto Alves, Papas da Língua, Arthur de Faria e Renato Borghetti. Este último, acabou sendo ovacionado e até hoje faz todas as turnês na Europa. “Graças a esse show aí que, na verdade, foi a Dedé que armou”, complementa.
 
Para Nelson Coelho de Castro, Dedé Ribeiro é uma abridora de janelas. “Voa, meu filho! Vai! Tu não vai cair. Eu sei que tu sabe voar”, atesta.
 

 *João Vicente Ribas é jornalista, editor da newsletter Canciones para despertar en Latinoamérica, Técnico Científico I em Comunicação da Emater/RS-Ascar. Foi repórter da TVE/RS e professor na Universidade de Passo Fundo.

Notícias relacionadas