Considerado um dos maiores violonistas do mundo, o gaúcho Yamandu Costa desembarca em Porto Alegre para comemorar seu aniversário de 45 anos em cima do palco do Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/n), nesta sexta-feira (24), às 20h. Os ingressos custam entre R$ 110,00 e R$ 190,00 e estão à venda pelo site da instituição cultural.
Vencedor do Grammy Latino de Melhor Disco Instrumental em 2021, ao lado de Toquinho, com quem gravou o álbum Bachianinha (Live at the Rio Montreux Jazz Festival), o artista, natural de Passo Fundo, tem uma longa carreira musical. Filho da cantora Clari Marson, e do trompetista, violonista e professor de música Algacir Costa (líder do grupo Os Fronteiriços), aos cinco anos de idade já estava no palco, cantando ao lado dos pais. Aos sete, Yamandu começou a estudar violão, e, aos 18 anos mudou-se para São Paulo para seguir carreira solo. Três anos depois, ganhou o Prêmio Visa Instrumental, na época, o maior reconhecimento da música brasileira. "Foi um divisor de águas, pois ganhei protagonismo nos principais jornais do País; foi a virada de chave", recorda o artista. "O prêmio contemplava uma quantia em dinheiro e produção de um disco (Yamandú, lançado em 2001), que gravei no Rio de Janeiro", emenda.
Aquele foi o primeiro álbum solo do violonista, que já contava com um trabalho (Dois tempos), gravado em parceria com o folclorista argentino Lúcio Yanel e produzido pelo instrumentista Luiz Carlos Borges. De lá para cá, Yamandu Costa já gravou outras dezenas de discos solo ou em parcerias (segundo ele, cerca de 50). "Somente em 2024, foram seis", calcula.
Residindo em Lisboa há cinco anos, o artista dissemina pelo mundo inteiro uma mistura de vários estilos musicais, como choro, bossa nova, milonga, tango, jazz, samba e chamamé e atualmente se inspira na cultura portuguesa e também de outros países, como Índia, Nepal, Cabo Verde e Moçambique. "Cada vez que viajo, fico mais curioso em termos de sonoridades. Em março, vou gravar um disco com um trio de músicos colombianos, em Bogotá. Tenho tido muita vontade de conhecer e tocar mais a música do Caribe", revela o músico autodidata. "É uma riqueza inacreditável o mundo das cordas do Caribe; meus olhos estão mais abertos para este lado do continente."
Conhecido por explorar diversas sonoridades em no violão de sete cordas e por levar em consideração as muitas possibilidades do instrumento, misturando estilos e criando interpretações de rara personalidade, Yamandu usa o improviso para renovar a música popular brasileira e latino-americana. Para o show desta sexta-feira, o artista revela que levará um repertório improvisado. "Será um espetáculo intimista, mas também 'muito à vontade', como se eu fosse tocar em uma roda de amigos. Mas certamente vou levar músicas inéditas, que fiz no final do ano, e algumas músicas que toco sempre, a exemplo do chamamé emblemático Sarará, uma composição que fiz há muito anos e que me acompanha em quase todos os concertos", pondera. "Outra canção que deve surgir em meio à apresentação é Samba pro Rapha, que representa bastante para as novas gerações e não tem como fugir..."
A partir do violão de sete cordas, o artista afirma que irá reproduzir o som de vários instrumentos: "pode virar percussão, som de orquestra, som de passarinho". "Também costumo fazer efeitos vocais: assobio, cantarolo melodias...de alguma maneira, eu tento fazer que fique sempre uma coisa interessante e original, que leve as pessoas para lugares diferentes." A exemplo de outros shows do violonista, o público também poderá acessar o contexto das músicas, a medida que ele vai "explicando" cada uma delas.
Aclamado pela crítica, Yamandu Costa tem encantado as plateias de todos os lugares onde leva sua incomum habilidade e sonoridade. Em suas performances – solo, acompanhado de outros músicos ou com orquestras – carrega a marca da música do sul do continente americano, sempre incursionando por diferentes gêneros musicais. "Procuro dentro dos gêneros e estilos a inspiração para me aproximar de determinada linguagem, mas sempre da minha maneira, trazendo junto o 'meu chão': vou ser sempre um gaúcho que toca choro, a regionalidade está sempre muito clara. É uma forma de visitar outras culturas, através do meu filtro, que sai dessa raíz e do meu entendimento musical próprio", avalia.
O artista, que mantém uma casa em Porto Alegre (cidade que afirma considerar muito "charmosa"), ainda fala da alegria de "se presentear" com um show comemorativo no Theatro São Pedro. "É um palco emblemático. A primeira vez que toquei ali eu tinha 20 anos de idade. Lá também foi onde toquei com uma orquestra pela primeira vez. Lembro da Dona Eva (Sopher) e tenho uma carinho muito grande por esse teatro. Tocar ali é uma honra."