Com o tema Carnaval Sublime, o tradicional cortejo do Bloco da Laje pelas ruas de Porto Alegre acontece neste domingo (26), às 8h (após a concentração, que inicia às 7h), partindo da esquina da Rua Nestor Ludwig com a av. Padre Cacique (entre o Parque Marinha do Brasil e o Gigantinho). Esta, que será a 12ª saída de rua do grupo, acontece em meio a outras duas realizações. Contemplado com o edital Retomada Cultural RS - Bolsa Funarte de Apoio a Ações Artísticas Continuadas 2024, o coletivo de brincantes irá lançar no próximo dia 30 de janeiro o seu segundo álbum, Bloco da Laje depois da chuva, em todas as plataformas digitais. Reunindo três canções autorais, o trabalho inclui o novo single O segredo da Deusa, que desde este último domingo (19) já está disponível em streaming.
"Decidimos antecipar o lançamento desta nova música, como forma de aquecimento para o cortejo de carnaval do dia 26 de janeiro", destaca uma das integrantes do grupo: a atriz, cantora e produtora Camila Falcão. Composta durante a pandemia de Covid 19 pela também atriz, dramaturga e professora Júlia Ludwig (uma das fundadoras e diretoras do Bloco da Laje), a canção fala sobre a força feminina do coletivo, além de abordar temas ambientais como queimadas e enchentes que acabaram se concretizando nos últimos anos. "As mulheres estão sempre se renovando, 'puxando a gente para cima', inclusive após os acontecimentos trágicos como a pandemia (do coronavírus) e as enchentes de maio do ano passado", pontua Camila.
A letra do novo single apresenta um diálogo "da Deusa" com o público, onde ela conta – de forma jocosa e também poética – alguns "segredos", como o fato de a Terra ser redonda e da circularidade da vida e da natureza. Ainda que inicie em compasso de valsa, O segredo da Deusa vai ganhando ritmo com a entrada das baterias, e logo acaba em samba. "Impossível ser diferente, quando se fala em Bloco da Laje", observa Camila.
Do total de cerca de 23 músicos que integram o núcleo permanente do grupo teatral carnavalesco, 12 participaram das gravações das faixas do novo álbum, que ainda conta com a faixa instrumental Tecnoraio (um mix de música techno e dance) e o clássico O sol é um rei (uma das primeiras canções do Bloco, que chega como uma vinheta). Além dos instrumentistas que respondem pela sonoridade das caixas, surdos, repiniques, pratos, chocalhos, xequerês, ganzá, tamborins, agogô, ganzá, trombone, sax, cavaco, baixo, violão, guitarra, efeitos e samplers, outros seis artistas fazem as vozes principais e cinco formam o coro das letras das canções do novo EP. "Como falar de O Sol é um rei sem evocar o espaço público, simbolizado pela praça, um lugar de encontro, onde não há líderes nem porta-vozes, mas onde todos se encontram igualmente para um diálogo coletivo?", pontua o ator Juliano Barros, um dos mais antigos integrantes do grupo.
Lançado pelo selo Naïf, com direção artística assinada por Diego Machado, o álbum conta com a arte de Lu Akuosa, que também criou a arte da saída de carnaval 2025. "Foram dois meses de ensaios e gravações", destaca Camila. "Apesar de ser um processo bem difícil, pois incluiu instrumentos que não partem de uma métrica comum, foi também muito prazeroso para a gente", garante a artista.
Muito prestigiado na cidade, o Bloco da Laje surgiu em 2012 e construiu seus alicerces sobre o afeto, o lúdico, a brincadeira e a irreverência como forma de se expressar e de mostrar que a alegria é um potente agente transformador. Ao longo de sua existência, abriu diálogos, construiu pontes, encantou e fez história junto a outros coletivos artísticos e carnavalescos do sul do Brasil. Com as raízes fincadas no teatro, o coletivo é hoje um dos mais representativos grupos do Sul do País, com premiações, apresentações em renomados festivais e um grande público que o acompanha. Formado por indivíduos vindos das mais diversas áreas de atuação, construiu um trabalho autoral cênico, musical e carnavalizado, sob um grande guarda-chuva que inclui show, teatro, reivindicação do direito da alegria, celebração da arte do encontro e da brincadeira, resistência, resgate do espaço público, da arte na rua. Em 2019, o grupo lançou seu primeiro álbum musical, 4 Estações, com quatro faixas, cada uma com seu respectivo videoclipe.
"Após a chuva, o Bloco da Laje renasce com força total, trazendo mais um carnaval independente, numa campanha de financiamento coletivo conquistada por seu público fiel em apenas 40 dias, bancando a estrutura para colocar o bloco na rua mais uma vez e celebrando suas canções autorais com clássicos e novidades, para levar a alegria do verão ao longo do ano inteiro", destaca o diretor musical do grupo, Ricardo Pavão.