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Publicada em 25 de Novembro de 2024 às 14:52

O legado de Ivone Pacheco, a dama do jazz gaúcho, ganha forma em novo livro

Ivone Pacheco criou o lendário Clube de Jazz Take Five e revolucionou a música boêmia da Capital; sua história está sistematizada no livro A Lenda do Jazz, de Conceição Dornelles

Ivone Pacheco criou o lendário Clube de Jazz Take Five e revolucionou a música boêmia da Capital; sua história está sistematizada no livro A Lenda do Jazz, de Conceição Dornelles

EDUARDO SEIDL/DIVULGAÇÃO/JC
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Maria Eduarda Zucatti
Maria Eduarda Zucatti Repórter
Com 92 anos, Ivone Pacheco e seu clube de jazz, Take Five, já se tornaram parte da história de Porto Alegre. Para dar ainda mais voz à narrativa, a poeta Conceição Dornelles reuniu mais de 40 anos de materiais das mídias, relatos de familiares e de frequentadores do clube no livro A lenda do Jazz Ivone Pacheco.
Com 92 anos, Ivone Pacheco e seu clube de jazz, Take Five, já se tornaram parte da história de Porto Alegre. Para dar ainda mais voz à narrativa, a poeta Conceição Dornelles reuniu mais de 40 anos de materiais das mídias, relatos de familiares e de frequentadores do clube no livro A lenda do Jazz Ivone Pacheco.
O objetivo da obra nada mais é do que mostrar a essência de Ivone Pacheco dentro do Take Five e a revolução que a musicista – e o clube – causaram no jazz portoalegrense e gaúcho, quiçá brasileiro. O grande marco da vida de Ivone veio aos 50 anos, quando fundou o Clube de Jazz Take Five. A filha de Ivone, Rosa Pacheco, conta que “a sensação que me passa é que (antes do clube) ela tinha que ser como era por pressão de uma sociedade, um casamento, dos filhos. Mas a gente sempre sentiu a liberdade dela nessa questão artística. E aos 50 ela disse: bom, vocês estão criados, agora é a minha vez. Eu quero fazer do porão da casa um clube de jazz, vou receber músicos”.
O endereço do clube era mantido em segredo, tornando-o um local exclusivo e não comercial. Os frequentadores traziam suas próprias bebidas, criando uma atmosfera íntima e autêntica para os amantes do jazz. A atmosfera era e ainda é feita para adorar os músicos, sejam eles novos ou não no ramo. “As pessoas perguntavam, quem é que vem, mãe? E ela dizia não sei, eu convidei os músicos. Se não tiver ninguém, toco eu", relembra Rosa. A mãe gostava de adorar o silêncio, e costumava dizer que o mesmo é o maior aplauso para o músico. Hoje em Home Care, Ivone deixa o clube nas mãos dos familiares, sabendo que seu filho mais novo está bem cuidado.

O livro, publicado neste ano, surgiu após a ideia da tese de doutorado da autora. Conça conta que, de sua tese, apenas duas páginas foram aproveitadas. Mas que alguns anos depois, “ainda falando com ela, eu segui as conversas sobre o livro e fui anotando tudo. Então recebi da Rosa uma pasta de materiais sobre o Take Five e a história da Ivone”, o que tornou tudo mais possível. Os materiais citados por ela são matérias de jornais e documentos históricos sobre o Take Five, armazenados pela filha ao longo dos anos.

Rosa explica como isso funcionou e conta que apoiou a ideia desde o início. “Eu achei o máximo, porque pude trazer à tona tudo o que eu sempre colhi durante esses anos todos, como a fã número 1 dela”. O amor pela mãe e a admiração pelo seu trabalho ajudaram – e muito – na produção do livro. “Eu sempre a admirei como mulher, pela maneira dela ser. E quando começou a surgir essa questão artística dela, eu acho que eu internamente me tornei a fã número 1 e por ser a fã número 1 dela eu estive à frente de tudo, de fotografia, de jornal, de querer filmar, de querer gravar, de querer fotografar”.

A essência de Ivone como pessoa, de acordo com a filha, é o respeito pelo músico e a liberdade que ele merece em suas criações. “Liberdade é a palavra que escreve a minha mãe desde que eu me conheço por gente. A essência do clube, daquele porão, é ela”. Conça completa, dizendo que “Eu acho que a palavra certa é fundamental. Eu acho que ela, até por ser mulher, traz um lugar único para o jazz no Brasil. Ela transborda jazz. A forma como ela se veste, a forma como ela se comunica, tudo na Ivone é jazz”.

O relato das entrevistadas traz um gostinho do que a obra proporciona, com depoimentos de músicos, familiares, vizinhos e amigos da Dona Ivone e do Clube de Jazz. Emocionantes, memoráveis e históricas, as lembranças do tempo ativo de Ivone no Take Five transbordam as linhas, fazendo com que qualquer amante de música queira visitar e viver a essência do jazz em um porão da cidade.

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