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Publicada em 03 de Novembro de 2024 às 10:26

Instituto Ling apresenta exposição individual de Tunga com curadoria de Paulo Sergio Duarte

A mostra faz parte das comemorações de 10 anos do centro cultural em Porto Alegre

A mostra faz parte das comemorações de 10 anos do centro cultural em Porto Alegre

JAIME ACIOLI/DIVULGAÇÃO/JC
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Em celebração ao aniversário de 10 anos do seu centro cultural, o Instituto Ling recebe a partir de terça-feira, dia 5 de novembro, a exposição A Poética de Tunga - uma introdução, a primeira individual de Tunga (1952-2016) em Porto Alegre. A mostra, curada por Paulo Sergio Duarte, apresenta uma seleção de obras bidimensionais de diferentes fases, sendo a maioria inédita, que expõem temas e conceitos que atravessam toda a poética do artista. "Tunga é como um tecelão, construindo um belíssimo e infindável tapete: sua obra, que nunca estará concluída, é constituída de diversas linhas que se entrelaçam e se emaranham", comenta o curador. Sua obra é marcada pelas instalações, esculturas e performances, mas "toda uma produção paralela, sobre papel e, eventualmente sobre seda, constitui um formidável acervo bidimensional. Tunga desenhava compulsivamente, às vezes, mesmo quando estava conversando com os amigos", completa.Entre os trabalhos dos anos 1970, Tunga começou a realizar investigações sobre o corpo e sobre uma espécie de “erotismo mental”, materializado por meio de desenhos abstratos. Alguns desses desenhos foram apresentados em sua primeira exposição individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1974. A investigação em torno do corpo aparece, ainda, na série Vê-nus (1976-1978), cujo título traz um jogo de palavras contido na visualização do nu, entre os termos "ver" e "nus", e faz alusão à Vênus, deusa do amor, da beleza, do sexo e da fertilidade.A década seguinte é marcada pela pesquisa em torno da ideia da "tríade", representada, na mostra, pela série de bidimensionais A Vanguarda Viperina (1985), concebida paralelamente à performance de mesmo título. Ao longo de sua carreira, Tunga desenvolveu um pensamento abstrato e reflexões estéticas e conceituais em torno da ideia da Santíssima Trindade. Sobre o tema, Tunga reflete: "São três elementos distintos que se confundem num momento. A ideia da trindade e da unidade, na religião cristã, vem a se constituir como um mistério: Como de três você faz um? O que é isso que é três e é um ao mesmo tempo? Olhar uma trança desse jeito é abstrair”.Nos anos seguintes, Tunga começou a discorrer sobre o magnetismo por meio da produção dos TaCaPes constituídos pela união de centenas de ímãs. A pesquisa em torno do tema também está nos desenhos presentes na exposição que fazem referência à instalação Gravitação Magnética, exposta na 19ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1987. A exposição apresentará, ainda, a pintura sobre papel Palindromo Incesto. Entre os anos 1990 e 2000, Tunga se aprofunda na investigação sobre o tema da palindromia, da via de dois lados e novamente sobre a ideia de eterno retorno. Esta pesquisa é consolidada por meio da série Palindromo Incesto (1988-1993), instalações de dimensões variadas constituídas por grandes dedais, longas cabeleiras, ímãs, limalha de ferro e termômetros de vidro, estabelecendo um circuito fechado e contínuo. Tunga explica: “Esse título, que esclarece a estrutura da obra, está indicando essa via de dois lados do incesto. Quando anunciei esse título ele ficou um tanto misterioso para mim e ainda é latente o significado profundo dele. Ele emana significados, ele emana a questão da interioridade e exterioridade como um continuum, ele coloca a ideia desse continuum em um espaço contínuo, entre o dentro e o fora e entre o representado e o representante”. O Palíndromo Incesto gera formas e elementos similares no verso e no reverso. Trata-se da potência do significado que pode mudar a todo momento. "Como leitmotif a questão do contínuo terá múltiplo papel: deverá ser elemento integrador entre as partes díspares da obra estabelecendo uma unidade conceitual, pela variedade com que se repete, nos fios e nas chapas deverá conduzir o espectador no esforço de reconstrução de uma totalidade", comenta o curador. Já os desenhos e gravuras da série From 'La Voie Humide' (2010-2015) se desdobram em instalações a partir dos anos 2010, pontuando os estudos do artista ligados à alquimia, à simetria e ao espelhamento. Segundo Tunga, "os desenhos indicam partes do corpo e símbolos abstratos. Pode-se encarar os desenhos como uma espécie de partitura musical que orienta as esculturas. Elas podem parecer espontâneas, mas na verdade são cuidadosamente construídas”.Sobre o cruzamento e a sobreposição de diferentes conceitos e pesquisas na obra de Tunga, o curador comenta: "A fantasia, cuja narrativa frequentemente irônica, acompanha o trabalho, não se ilude em explicá-lo, insiste na anterioridade da ideia e da imaginação que precede, no tempo e no espaço, qualquer atividade criativa e constrói, ao mesmo tempo, um mundo à parte, uma espécie de universo paralelo e fictício. Mas, apesar de toda a aparência de excesso, o universo retórico não se deixa rebaixar à mesquinha racionalidade lógica do cotidiano. Encontra-se, do início ao fim, entrelaçado pelos grandes temas conceituais que já se tornaram visíveis na escultura e também em muitos desenhos".Este pequeno panorama do vocabulário de Tunga será apresentado, ainda, acompanhado de três esculturas pertencentes ao acervo do Instituto Ling. A exposição fica em cartaz até 8 de março de 2025, podendo ser visitada com entrada franca de segunda a sábado, das 10h30 às 20h.Para marcar a abertura, no dia 5 de novembro, terça-feira, às 19h, haverá uma conversa aberta ao público, com participação de Antônio Mourão, cofundador do Instituto Tunga e filho do artista, ao lado de Clara Gerchman, cofundadora e gestora do Acervo do Instituto Tunga. O bate-papo poderá ser acompanhado gratuitamente no Instituto Ling, mediante inscrição prévia no site www.institutoling.org.br.A mostra tem realização do Instituto Ling e do Ministério da Cultura, com patrocínio da Crown Embalagens.
Em celebração ao aniversário de 10 anos do seu centro cultural, o Instituto Ling recebe a partir de terça-feira, dia 5 de novembro, a exposição A Poética de Tunga - uma introdução, a primeira individual de Tunga (1952-2016) em Porto Alegre. A mostra, curada por Paulo Sergio Duarte, apresenta uma seleção de obras bidimensionais de diferentes fases, sendo a maioria inédita, que expõem temas e conceitos que atravessam toda a poética do artista. "Tunga é como um tecelão, construindo um belíssimo e infindável tapete: sua obra, que nunca estará concluída, é constituída de diversas linhas que se entrelaçam e se emaranham", comenta o curador. Sua obra é marcada pelas instalações, esculturas e performances, mas "toda uma produção paralela, sobre papel e, eventualmente sobre seda, constitui um formidável acervo bidimensional. Tunga desenhava compulsivamente, às vezes, mesmo quando estava conversando com os amigos", completa.

Entre os trabalhos dos anos 1970, Tunga começou a realizar investigações sobre o corpo e sobre uma espécie de “erotismo mental”, materializado por meio de desenhos abstratos. Alguns desses desenhos foram apresentados em sua primeira exposição individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1974. A investigação em torno do corpo aparece, ainda, na série Vê-nus (1976-1978), cujo título traz um jogo de palavras contido na visualização do nu, entre os termos "ver" e "nus", e faz alusão à Vênus, deusa do amor, da beleza, do sexo e da fertilidade.

A década seguinte é marcada pela pesquisa em torno da ideia da "tríade", representada, na mostra, pela série de bidimensionais A Vanguarda Viperina (1985), concebida paralelamente à performance de mesmo título. Ao longo de sua carreira, Tunga desenvolveu um pensamento abstrato e reflexões estéticas e conceituais em torno da ideia da Santíssima Trindade. Sobre o tema, Tunga reflete: "São três elementos distintos que se confundem num momento. A ideia da trindade e da unidade, na religião cristã, vem a se constituir como um mistério: Como de três você faz um? O que é isso que é três e é um ao mesmo tempo? Olhar uma trança desse jeito é abstrair”.

Nos anos seguintes, Tunga começou a discorrer sobre o magnetismo por meio da produção dos TaCaPes constituídos pela união de centenas de ímãs. A pesquisa em torno do tema também está nos desenhos presentes na exposição que fazem referência à instalação Gravitação Magnética, exposta na 19ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1987.

A exposição apresentará, ainda, a pintura sobre papel Palindromo Incesto. Entre os anos 1990 e 2000, Tunga se aprofunda na investigação sobre o tema da palindromia, da via de dois lados e novamente sobre a ideia de eterno retorno. Esta pesquisa é consolidada por meio da série Palindromo Incesto (1988-1993), instalações de dimensões variadas constituídas por grandes dedais, longas cabeleiras, ímãs, limalha de ferro e termômetros de vidro, estabelecendo um circuito fechado e contínuo. Tunga explica: “Esse título, que esclarece a estrutura da obra, está indicando essa via de dois lados do incesto. Quando anunciei esse título ele ficou um tanto misterioso para mim e ainda é latente o significado profundo dele. Ele emana significados, ele emana a questão da interioridade e exterioridade como um continuum, ele coloca a ideia desse continuum em um espaço contínuo, entre o dentro e o fora e entre o representado e o representante”. O Palíndromo Incesto gera formas e elementos similares no verso e no reverso. Trata-se da potência do significado que pode mudar a todo momento. "Como leitmotif a questão do contínuo terá múltiplo papel: deverá ser elemento integrador entre as partes díspares da obra estabelecendo uma unidade conceitual, pela variedade com que se repete, nos fios e nas chapas deverá conduzir o espectador no esforço de reconstrução de uma totalidade", comenta o curador.

Já os desenhos e gravuras da série From 'La Voie Humide' (2010-2015) se desdobram em instalações a partir dos anos 2010, pontuando os estudos do artista ligados à alquimia, à simetria e ao espelhamento. Segundo Tunga, "os desenhos indicam partes do corpo e símbolos abstratos. Pode-se encarar os desenhos como uma espécie de partitura musical que orienta as esculturas. Elas podem parecer espontâneas, mas na verdade são cuidadosamente construídas”.

Sobre o cruzamento e a sobreposição de diferentes conceitos e pesquisas na obra de Tunga, o curador comenta: "A fantasia, cuja narrativa frequentemente irônica, acompanha o trabalho, não se ilude em explicá-lo, insiste na anterioridade da ideia e da imaginação que precede, no tempo e no espaço, qualquer atividade criativa e constrói, ao mesmo tempo, um mundo à parte, uma espécie de universo paralelo e fictício. Mas, apesar de toda a aparência de excesso, o universo retórico não se deixa rebaixar à mesquinha racionalidade lógica do cotidiano. Encontra-se, do início ao fim, entrelaçado pelos grandes temas conceituais que já se tornaram visíveis na escultura e também em muitos desenhos".

Este pequeno panorama do vocabulário de Tunga será apresentado, ainda, acompanhado de três esculturas pertencentes ao acervo do Instituto Ling. A exposição fica em cartaz até 8 de março de 2025, podendo ser visitada com entrada franca de segunda a sábado, das 10h30 às 20h.

Para marcar a abertura, no dia 5 de novembro, terça-feira, às 19h, haverá uma conversa aberta ao público, com participação de Antônio Mourão, cofundador do Instituto Tunga e filho do artista, ao lado de Clara Gerchman, cofundadora e gestora do Acervo do Instituto Tunga. O bate-papo poderá ser acompanhado gratuitamente no Instituto Ling, mediante inscrição prévia no site www.institutoling.org.br.

A mostra tem realização do Instituto Ling e do Ministério da Cultura, com patrocínio da Crown Embalagens.

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