"Tão bom, eu sou a protagonista da minha novela". É assim que a cantora Céu canta na faixa que dá nome ao seu mais novo trabalho autoral, Novela. A paulistana volta a Porto Alegre, neste sábado (1), após a data original, em junho, ser adiado em razão das enchentes de maio. "É um show que está entalado aqui, então isso com certeza já traz uma excitação, uma emoção", afirma a artista, fazendo o convite para quem quiser entrar na trama da sua Novela.
O show trará uma mistura de canções mais recentes com hits já conhecidos da artista, como Malemolência (Céu, 2005) e Varanda Suspensa (Tropix, 2016). A apresentação acontece no Bar Opinião (José do Patrocínio, 834), a partir das 21h e os ingressos podem ser adquiridos no site Sympla e na Loja Planeta Surf Bourbon Wallig (Av. Assis Brasil, 2611), a partir de R$ 90,00.
Recheado de composições inéditas, Novela foi produzido por Pupillo, seu parceiro na vida e na arte, e Adrian Younge, produtor musical norte-americano. O disco foi gravado inteiramente de maneira analógica, o que impôs uma série de desafios, segundo a cantora. "Como a gente partiu desse conceito de analógico, sem computadores de maneira alguma, a gente tinha que lidar com o que tinha. Era a voz que eu tinha naquele dia, não importando se estava rouca, os instrumentos, a monitoração, tudo", explica.
A decisão para o trabalho ser produzido dessa forma vai além de uma opção estética. Céu confessa que se preocupa com a forma como a arte será consumida pelas novas gerações atravessadas pela Inteligência Artificial. "Eu acho que viver é político, mesmo que eu não seja uma artista panfletária. O Novela é um disco que admite erros, que admite a vulnerabilidade humana. Eu tenho dois filhos e me preocupo muito com eles. Que arte vai alimentar a alma dessas crianças? A alma criada por inteligência artificial?", desabafa a cantora.
As músicas do sexto trabalho da artista são carregadas de Brasil. Aliás, a brasilidade sempre foi a marca de Céu. Desta vez, porém, os temas que as novas canções percorrem têm um destinatário, ou melhor, destinatárias. "Eu quis muito trazer a questão do feminino, da amizade feminina (abordada na terceira faixa do disco, Gerando Na Alta). Na música Into My Novela, eu falo muito sobre a gente estabelecer o nosso limite num relacionamento. É tão comum as mulheres deixarem isso ser atravessado e se perderem em relações. Em Reescreve (última faixa), eu falo sobre repensar a história da humanidade. Quais são de fato as verdadeiras histórias? Quais são as verdadeiras tecnologias?"
Os ritmos do novo álbum carregam influências dos artistas que participaram da produção. Além de Pupillo e Younge, a cantora divide composições com Marcos Valle e Nando Reis, e vocais com Ladybug Mecca, rapper norteamericana do trio Digable Planets; Loren Oden, jazzista estadunidense; e a cantora franco-senegalesa Anaiis.
Quando perguntada sobre o porquê do nome do trabalho ser Novela, algo ficcional e dramático, enquanto os temas abordam assuntos tão reais e palpáveis, ela responde: "Eu acho a novela um belo símbolo brasileiro, fala muito do que é o povo brasileiro, reflete sobre várias coisas, tramas, conteúdos. Eu gosto muito dos arquétipos, dos signos, do que faz a gente ser latina, do que faz a gente ser brasileiro. Essas coisas são tão nossas."
Céu se destaca há anos por fazer um importante sucesso fora do Brasil, levando a cultura produzida aqui para o exterior. E este será o primeiro show da cantora em solo tupiniquim após levar a turnê para a América do Norte. "É muito emocionante esse retorno. Eu estou super impactada. A minha filha acabou de voltar de um estudo de campo em Porto Alegre e ela voltou muito mexida. A gente falou muito disso e agora eu estou voltando. Então, no mínimo, a emoção vai estar no nível máximo. Gerando Na Alta mesmo! Eu estou animada", finaliza.