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Publicada em 16 de Outubro de 2024 às 19:23

Vida e obra de Florbela Espanca ganham forma em espetáculo no Teatro Oficina Olga Reverbel

Florbela, à margem de um poema é baseado na vida e na obra da escritora portuguesa Florbela Espanca, e estreia neste sábado no Teatro Oficina Olga Reverbel

Florbela, à margem de um poema é baseado na vida e na obra da escritora portuguesa Florbela Espanca, e estreia neste sábado no Teatro Oficina Olga Reverbel

MATEUS ÉBOLI/DIVULGAÇÃO/JC
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Maria Eduarda Zucatti
Maria Eduarda Zucatti Repórter
Nascida em 1894, Florbela Espanca (1894 - 1930) é muito mais do que uma escritora de amor. Considerada insólita e indecente para alguns, despudorada para outros, a portuguesa não se deixava levar pelo machismo e pela opressão da época, escrevendo também sobre erotização, angústia e sofrimento. Apesar de nunca ter citado o feminismo, Florbela é considerada uma mulher avançada, que venceu barreiras da sociedade portuguesa nos anos 1920 com uma vida de frustrações, num tempo cruel para toda e qualquer mulher que pretendesse olhar para si mesma e gritar por liberdade.É essa Florbela que o espetáculo Florbela, à margem de um poema trará à cena no Teatro Oficina Olga Reverbel (Praça Mal. Deodoro, s/n) no próximo sábado (19), a partir das 19h. Os ingressos, à venda no site do Theatro, custam de R$30,00 a R$60,00. A estreia do espetáculo dá a largada para uma série de apresentações, que serão divulgadas posteriormente.O espetáculo nasce na época em que se comemora os 130 anos de Florbela, em uma dramaturgia construída a partir de pesquisas em poemas, sonetos, cartas e diários da escritora. Estrelado e dirigido por Luciana Éboli, o espetáculo levou meses para ser montado, por conta de todo o material disponível sobre a personagem. “Eu mergulhei em tudo relacionado à ela. Busquei livros em Portugal, biografias escritas aqui, achei o diário, comecei a ler o diário. Foi um mergulho na vida dela”. A atriz, professora do Departamento de Arte Dramática e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Ufrgs explica que a Florbela do espetáculo não é só a poetisa ou só a transgressora, mas sim a Florbela que ela percebe e conhece, depois de tantos meses se deparando "com detalhes da obra dela, que a gente não tem conhecimento, que só quem estuda a fundo e que escreve biografia tem”. Sua motivação, ela acentua, surge disso. “Vamos falar dessa mulher, porque essa mulher é uma mulher de qualquer tempo”.Trazendo a figura feminina para suas obras, mesmo que sorrateiramente, Florbela sempre defendeu o direito das mulheres de serem livres e de viverem suas vidas como bem entenderem. A partir da seleção de textos escritos durante a breve vida da poeta, tirada por ela mesma aos 36 anos, uma atriz se depara com a pergunta que permeia toda a peça: quem foi Florbela Espanca? “Na medida em que ela fazia coisas que as mulheres não podiam fazer, dizia coisas que as mulheres não podiam dizer e ao mesmo tempo, em Portugal numa sociedade em que as mulheres eram reprimidas, ela traz um papel, uma função social muito clara”, expõe Luciana.Florbela, à margem de um poema conta com uma grande equipe de artistas e fãs de suas obras, em uma construção que homenageia a personagem ao mesmo tempo em que levanta discussões sobre a contemporaneidade de sua história, sem esquecer a profundidade dos seus versos, a melodia de seus poemas e a complexidade de sua trajetória. A cenografia é assinada por Liana Timm, enquanto os figurinos são do premiado Daniel Lion e a iluminação é de Bathista Freire. A trilha sonora, que foi especialmente composta para o espetáculo, é de JJ Éboli, compositor que vive e trabalha há mais de 15 anos em Los Angeles. A dramaturgia original, criada por Giuliano Zanchi junto com Luciana, atravessa as poesias e outros textos de diversos livros da escritora portuguesa, como Livro de Mágoas (1919), Livro de Soror Saudade (1920), Charneca em Flor (1931), Trocando Olhares (1994), O Livro d’Ele (2014) e Reliquiae (2017). A montagem também conta com a orientação de atuação de Cristiane Werlang. A diretora comenta que reunir a equipe é algo super especial para ela. “Todos crescemos juntos, surgimos, fizemos e fazemos teatro juntos há 30 anos, e isso me emociona muito”.A peça marca uma série de ações, palestras e atividades relacionadas à Florbela. Além disso, ações também serão feitas durante a Feira do Livro de Porto Alegre, que ocorre de 1º a 20 de novembro na Praça da Alfândega. O espetáculo acaba se tornando apenas uma das várias facetas da escritora portuguesa. Luciana relata que “a poesia dela é muito intensa e muito visceral, fala de sentimentos, de emoções, desses conflitos da mulher naquela época, de como ela era vista, de como ela tinha que se portar”. Ela ainda completa, dizendo acreditar que “se a Florbela visse o espetáculo, ficaria muito feliz com o resultado”.
Nascida em 1894, Florbela Espanca (1894 - 1930) é muito mais do que uma escritora de amor. Considerada insólita e indecente para alguns, despudorada para outros, a portuguesa não se deixava levar pelo machismo e pela opressão da época, escrevendo também sobre erotização, angústia e sofrimento. Apesar de nunca ter citado o feminismo, Florbela é considerada uma mulher avançada, que venceu barreiras da sociedade portuguesa nos anos 1920 com uma vida de frustrações, num tempo cruel para toda e qualquer mulher que pretendesse olhar para si mesma e gritar por liberdade.

É essa Florbela que o espetáculo Florbela, à margem de um poema trará à cena no Teatro Oficina Olga Reverbel (Praça Mal. Deodoro, s/n) no próximo sábado (19), a partir das 19h. Os ingressos, à venda no site do Theatro, custam de R$30,00 a R$60,00. A estreia do espetáculo dá a largada para uma série de apresentações, que serão divulgadas posteriormente.

O espetáculo nasce na época em que se comemora os 130 anos de Florbela, em uma dramaturgia construída a partir de pesquisas em poemas, sonetos, cartas e diários da escritora. Estrelado e dirigido por Luciana Éboli, o espetáculo levou meses para ser montado, por conta de todo o material disponível sobre a personagem. “Eu mergulhei em tudo relacionado à ela. Busquei livros em Portugal, biografias escritas aqui, achei o diário, comecei a ler o diário. Foi um mergulho na vida dela”.

A atriz, professora do Departamento de Arte Dramática e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Ufrgs explica que a Florbela do espetáculo não é só a poetisa ou só a transgressora, mas sim a Florbela que ela percebe e conhece, depois de tantos meses se deparando "com detalhes da obra dela, que a gente não tem conhecimento, que só quem estuda a fundo e que escreve biografia tem”. Sua motivação, ela acentua, surge disso. “Vamos falar dessa mulher, porque essa mulher é uma mulher de qualquer tempo”.

Trazendo a figura feminina para suas obras, mesmo que sorrateiramente, Florbela sempre defendeu o direito das mulheres de serem livres e de viverem suas vidas como bem entenderem. A partir da seleção de textos escritos durante a breve vida da poeta, tirada por ela mesma aos 36 anos, uma atriz se depara com a pergunta que permeia toda a peça: quem foi Florbela Espanca? “Na medida em que ela fazia coisas que as mulheres não podiam fazer, dizia coisas que as mulheres não podiam dizer e ao mesmo tempo, em Portugal numa sociedade em que as mulheres eram reprimidas, ela traz um papel, uma função social muito clara”, expõe Luciana.

Florbela, à margem de um poema conta com uma grande equipe de artistas e fãs de suas obras, em uma construção que homenageia a personagem ao mesmo tempo em que levanta discussões sobre a contemporaneidade de sua história, sem esquecer a profundidade dos seus versos, a melodia de seus poemas e a complexidade de sua trajetória. A cenografia é assinada por Liana Timm, enquanto os figurinos são do premiado Daniel Lion e a iluminação é de Bathista Freire. A trilha sonora, que foi especialmente composta para o espetáculo, é de JJ Éboli, compositor que vive e trabalha há mais de 15 anos em Los Angeles. A dramaturgia original, criada por Giuliano Zanchi junto com Luciana, atravessa as poesias e outros textos de diversos livros da escritora portuguesa, como Livro de Mágoas (1919), Livro de Soror Saudade (1920), Charneca em Flor (1931), Trocando Olhares (1994), O Livro d’Ele (2014) e Reliquiae (2017). A montagem também conta com a orientação de atuação de Cristiane Werlang. A diretora comenta que reunir a equipe é algo super especial para ela. “Todos crescemos juntos, surgimos, fizemos e fazemos teatro juntos há 30 anos, e isso me emociona muito”.

A peça marca uma série de ações, palestras e atividades relacionadas à Florbela. Além disso, ações também serão feitas durante a Feira do Livro de Porto Alegre, que ocorre de 1º a 20 de novembro na Praça da Alfândega. O espetáculo acaba se tornando apenas uma das várias facetas da escritora portuguesa. Luciana relata que “a poesia dela é muito intensa e muito visceral, fala de sentimentos, de emoções, desses conflitos da mulher naquela época, de como ela era vista, de como ela tinha que se portar”. Ela ainda completa, dizendo acreditar que “se a Florbela visse o espetáculo, ficaria muito feliz com o resultado”.

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