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Publicada em 12 de Junho de 2024 às 16:42

Casa de Cultura Mario Quintana não deve reabrir antes de agosto

Prevendo um processo longo de recuperação de estruturas após a enchente no Centro Histórico, espaço cultural projeta promover atividades no entorno antes da reabertura

Prevendo um processo longo de recuperação de estruturas após a enchente no Centro Histórico, espaço cultural projeta promover atividades no entorno antes da reabertura

THAYNÁ WEISSBACH/JC
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Maria Eduarda Zucatti Repórter
Desde o início do mês de maio, a Casa de Cultura Mario Quintana (rua dos Andradas, nº 736) tem sido impactada de diversas formas pelas enchentes. A água chegou a 2m em alguns locais do prédio, datado de 1916, e seus danos são notáveis. Após mais de 20 dias sem alagamentos, a limpeza dos pontos atingidos já iniciou, mas a reabertura do espaço cultural não deve acontecer antes do mês de agosto - isso em uma previsão otimista.
Desde o início do mês de maio, a Casa de Cultura Mario Quintana (rua dos Andradas, nº 736) tem sido impactada de diversas formas pelas enchentes. A água chegou a 2m em alguns locais do prédio, datado de 1916, e seus danos são notáveis. Após mais de 20 dias sem alagamentos, a limpeza dos pontos atingidos já iniciou, mas a reabertura do espaço cultural não deve acontecer antes do mês de agosto - isso em uma previsão otimista.
Duas subestações de energia elétrica ficaram semanas submersas, o que causou um estrago severo à energia da casa. Os pisos laminados incharam e levantaram, impossibilitando o seu aproveitamento, assim como todos os móveis que, por serem pesados demais, não puderam ser retirados do térreo e também molharam.

As esquadrias de madeira de lei, tradicionais no edifício tombado, ficaram com pelo menos metade de sua extensão embaixo d’água. A Cinemateca, localizada no térreo, teve perda de seus carpetes e das 260 poltronas, todas encharcadas e mofadas. Ainda sem energia, alguns danos seguem desconhecidos em toda sua extensão. “É muito triste ver toda uma história ser colocada no lixo desse jeito”, conta Mônica Kanitz, curadora da Cinemateca.

A diretora da Casa de Cultura, Germana Konrath, reforça que o público deve ter em mente que o Estado inteiro está em processo de reconstrução, de forma que a perspectiva de reabrir em agosto pode não se confirmar e o tempo de espera pode ser maior.

Mesmo com a energia elétrica restabelecida na Rua dos Andradas, a Casa segue sem luz devido a danos sofridos nas suas subestações, e está trabalhando com a ajuda de um gerador cedido pela CEEE Equatorial. Ainda nesta semana, o mesmo deve ser trocado por outro de maior alcance. Por conta da pouca energia, ainda não se pode ter certeza se os elevadores e alguns aparelhos eletrônicos não foram danificados.

Germana explica que a equipe não esperará pela volta total da energia para iniciar os reparos. “A nossa ideia é justamente acelerar tudo o que foi possível para que, digamos, daqui a dois meses, digamos, quando a luz estiver completamente restabelecida, começar os testes de todos os aparelhos”.

Com relação aos gastos com reformas e prevenções, foi anunciado pelo Banrisul na última semana um repasse de R$ 15 milhões ao setor cultural gaúcho através da Sedac, sendo cerca de R$ 2.620.000,00 destinados apenas à Casa de Cultura. Porém, para Germana, o valor para a recuperação total será ainda maior.

O momento é de uma limpeza mais minuciosa e de planejamento do projeto de execução e de orçamentos para a reconstrução da casa. A partir deles é que será possível iniciar as reformas e estimar uma data exata de reabertura. Os projetos serão tocados em paralelo, mas, de acordo com Germana, os espaços comerciais do térreo deverão ser prioridade. “Eles também dependem, claro, da energia elétrica e dos banheiros, mas queremos viabilizar o seu trabalho o quanto antes”.

Neste momento de parada, além da ausência dos quase 30 mil visitantes mensais, cerca de 116 funcionários foram impactados de alguma forma dentro do espaço, incluindo servidores, estagiários, colaboradores e funcionários contratados dos estabelecimentos comerciais. Boa parte dessa equipe segue trabalhando, mas de maneira remota.

Mesmo com a Casa ainda fechada, há a ideia de promover eventos culturais na Travessa dos Cataventos, como uma festa junina ainda neste mês. “A cultura não é lazer e perfumaria para quem trabalha e depende disso dia a dia. Nosso compromisso é fazer isso para movimentar a cadeia, para ter cachê para artistas, para pagar técnicos, produtores e agentes culturais”.

A data e demais pormenores devem ser anunciados em breve, mas, a princípio, os estabelecimentos comerciais do térreo, como a Livraria Taverna, loja Andaime, Luciamaria Cafés de Origem e o Térreo Bar e Restaurante estarão participando da ação, recebendo o público e vendendo seus produtos.

Em um futuro próximo, a ideia da Casa, além de seguir fomentando a cultura do Estado (abrindo espaço, por exemplo, para artistas diretamente atingidos pelas enchentes), é conscientizar a população de que cuidar da natureza também é nosso dever. “Queremos não só deixar um registro, uma memória, para que isso não se repita, mas também pensar em exercícios de futuro. O que que isso significa? O que que a gente tem que repensar enquanto cultura? Quais os horizontes que a arte nos apresenta?” relata Germana. “Cultura é o nosso dia a dia, a língua que a gente fala, a forma como a gente interage. Não é só o filme que se assiste no cinema”.

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