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Publicada em 16 de Maio de 2024 às 14:52

Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo é invadido por lama e enchente

Nesta terça-feira (14), a água em frente ao Museu Joaquim José Felizardo já havia escoado um pouco

Nesta terça-feira (14), a água em frente ao Museu Joaquim José Felizardo já havia escoado um pouco

BETH CORBETTA/DIVULGAÇÃO/JC
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Adriana Lampert
Adriana Lampert Repórter
Localizado no bairro Cidade Baixa, onde ruas inteiras sofreram com a inundação gerada pelo aumento do nível do Guaíba, após as fortes chuvas que abalaram todo o Estado, o Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo está fechado. Segundo a diretora do espaço cultural, Beth Corbetta, o Solar da instituição que guarda a memória da Capital foi invandido pelas águas e por (muita) lama.
Localizado no bairro Cidade Baixa, onde ruas inteiras sofreram com a inundação gerada pelo aumento do nível do Guaíba, após as fortes chuvas que abalaram todo o Estado, o Museu de Porto Alegre Joaquim José Felizardo está fechado. Segundo a diretora do espaço cultural, Beth Corbetta, o Solar da instituição que guarda a memória da Capital foi invandido pelas águas e por (muita) lama.
"A água entrou com força no andar térreo da casa principal do Museu, revirando objetos, mesas e até a porta; fazendo um estrago grande, inclusive no acervo arqueológico (localizado no porão do prédio). Tem muita lama ali dentro", resume a gestora. Ela destaca que antes do alagamento, ocorrido no último dia 6, a equipe da instituição conseguiu salvar alguns objetos e documentos, além de equipamentos, a exemplo de computadores. "Ainda não temos dimensão dos danos, mas tudo que poderia ser erguido das prateleiras de baixo e do nível do chão foi retirado dali e isolado no primeiro andar do prédio", pondera. "No que se refere ao mobiliário, sabemos que essa parte se resolve repondo movéis novos; no entanto estamos bastante preocupados com o restante, pois no momento não podemos mexer em nada e está tudo exposto à umidade, uma vez que o local está todo sem luz, e não dá para ligar os desumidificadores."
Situado na rua João Alfredo, 582, o Museu Joaquim José Felizardo recebe muitas escolas e pesquisadores, uma vez que é a instituição responsável pela manutenção e conservação de acervos (fotográfico, de objetos e arqueológico) de diversos materiais (papel, cerâmica, metal, entre outros) históricos relacionados à cidade de Porto Alegre. Ao todo, ali estão guardados cerca de 1,3 mil objetos dos séculos XIX e XX, como acessórios de uso pessoal, objetos de decoração, instrumentos musicais, mobiliário e indumentária, entre outros; 200 mil itens arqueológicos e coleções oriundas de sítios ocupados entre os séculos XVIII e XX; e aproximadamente 9 mil imagens da Capital dos séculos XIX e XX. Dentre os registros históricos guardados no local, estão, inclusive dados e imagens da enchente de 1941 - até então, a maior ocorida na Capital, antes das chuvas de maio deste ano, que superaram o acontecimento do início do século, e marcam a maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul.
De acordo com Beth, além da casa principal, também o pátio da instituição ficou alagado, com a água passando da altura dos joelhos. "Nesta terça-feira (14), quando estivemos lá, encontramos peixes mortos no trajeto até a casa anexa ao Solar. Neste dia, a água já tinha baixado em frente ao Museu, mas o pátio interno ainda estava com uma lâmina d´água de cerca de 12 cm, e o cheiro na área era fétido", lamenta a diretora do Museu. Ela conta que visitou o local, acompanhada de duas funcionárias da equipe, "graças à carona de um colega", que conduziu as três dentro de uma "caminhonete alta". "Precisávamos ver este primeiro cenário e ter uma ideia da extensão dos danos. No caminho, passamos por 'um rio' na rua João Alfredo, pois ainda estava tudo alagado em grande parte da Cidade Baixa."
Após verificar a situação do Museu, a equipe fechou o prédio, que atualmente está sendo monitorado por dois vigilantes. "Foi preciso providenciar banheiro químico para eles, pois os banheiros da instituição foram todos afetados", destaca Beth. Ela sinaliza que, pelo menos, uma parte do acervo (com elementos de carnaval, fotos, e outros materiais perecíveis), que está guardado em um prédio anexo à casa principal, está inteiramente preservado. "Ali a água não chegou pois, quando atingiu a área do pátio grande dos fundos do Museu, foi absorvida pela terra."
De acordo com a diretora da instituição, assim que for possível, a equipe da casa deverá iniciar uma limpeza "pesada", além de tratar de desinfetar todo o espaço, "para depois buscar parcerias especializadas, que possam ajudar na restauração do acervo de Arqueologia (e no que mais for necessário), além de descartar materiais estragados. "Infelizmente, sabemos que muita coisa vai permanecer úmida por muito tempo. Mas estamos planejando uma ação, que está sendo preparada em parceria com responsáveis por outros equipamentos culturais do município, para reestruturar esses espaços", pontua Beth. "No entanto, no momento ainda não podemos mais entrar ali, enquanto oferecer riscos às pessoas."

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