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Publicada em 16 de Maio de 2024 às 01:25

Depósito da L&PM está debaixo d'água há 15 dias

Localizadas no 4º Distrito de Porto Alegre, instalações da editora permanecem cobertas pela enchente

Localizadas no 4º Distrito de Porto Alegre, instalações da editora permanecem cobertas pela enchente

/IVAN PINHEIRO MACHADO/REPRODUÇÃO/JC
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Adriana Lampert
Adriana Lampert Repórter
Localizado na avenida A. J. Renner, no 4º Distrito, o depósito da Editora L&PM está debaixo d´água há 15 dias. Desde então, a empresa, que é uma das mais tradicionais do Estado, está com suas operações paradas, uma vez que também o acesso ao escritório - que fica ali próximo, na rua Comendador Coruja - também está inviável.
Localizado na avenida A. J. Renner, no 4º Distrito, o depósito da Editora L&PM está debaixo d´água há 15 dias. Desde então, a empresa, que é uma das mais tradicionais do Estado, está com suas operações paradas, uma vez que também o acesso ao escritório - que fica ali próximo, na rua Comendador Coruja - também está inviável.
"Não conseguimos sequer entrar no depósito e no escritório para avaliar os prejuízos", comenta um dos sócios-proprietários da L&PM, Ivan Pinheiro Machado. Segundo ele, o estoque da editora abriga 900 mil livros, mas a estimativa é que a maioria esteja a salvo. "Se acontecer de molhar alguma coisa, acredito que seja no máximo uns 10 mil livros, considerando que a água estava a 1 metro do chão do depósito na última vez que estivemos lá, de barco, há uns cinco dias. Já no escritório, não sabemos se entrou água ou não." 
Sem saber qual a dimensão exata dos possíveis estragos, Machado afirma que esse cálculo é baseado no fato de que foi possível a equipe da editora, em força-tarefa, erguer parte do estoque que fica nas prateleiras de baixo, antes da inundação. "Quando tivemos a notícia de que começou a encher o rio no Vale do Taquari, decidimos tirar os livros que ficam na primeira prateleira, que está a 20 cm do chão, e colocamos em uma altura de 1,30m, por precaução. Também deu tempo de levantarmos os HDs do escritório. Apesar desta grande mão de obra que fizemos, não pensei que realmente iria acontecer de inundar; nunca imaginei andar pela Farrapos com 1,80 metro de água."
No que se refere ao mobiliário, Machado acredita que tudo deve estar sob controle, uma vez que as estantes do depósito - um prédio de aproximadamente 800 metros quadrados - são todas de aço. "Temos uma estrutura robusta, com estantes de 15m x 1,5m e usamos sistema de empilhadeiras para manusear os livros; é tudo muito protegido, bem adequado." De acordo com o editor, a maior preocupação, nesse sentido é pensar na "lama que deve ter invadido o espaço". 
"A verdade é que não sabemos o que de fato aconteceu, pois não tem como entrar ali. Quando estivemos lá, o que vimos foi por uma fresta de uma porta secundária, que havia sido forçada por alguém. Inclusive já providenciamos um cadeado (para evitar que entrem no local, caso ocorra nova tentativa de arrombamento)." Aguardando que a água baixe, pelo menos, uns 40 cm, os proprietários da editora e seus 50 colaboradores de Porto Alegre, estão impedidos de trabalhar. "Outro drama é que a maioria de nossos funcionários nem tem como se deslocar e alguns perderam tudo; isso é o que mais nos abala no momento."
Outro ponto de preocupação de Machado é o fato de que, com o escritório fechado, a empresa está incomunicável com clientes de todo o País, e, inclusive, do exterior. "Temos negócios em andamento, com contratos que precisam de documentação, e não estamos conseguindo dar andamento, por não ter acesso a nada. O que me deixa um pouco aliviado é saber que temos livros consignados em diversas livrarias de outros estados, e ao menos estes estão sendo vendidos. O que não está acontecendo é o fornecimento de livros novos ao mercado, o que certamente irá influenciar em queda do faturamento."
Enquanto aguardam poder acessar o escritório e depósito da editora, os proprietários da L&PM seguirão com um de seus principais projeto no momento, a plataforma digital L&PM na Classe, que desenvolve conteúdo de Literatura em formato de microlearning (microaprendizagem), uma abordagem de ensino com conteúdos sucintos, objetivos e direcionados para professores, estudantes e familiares.
De acordo com CEO deste braço da L&PM, Maurício Faraco, a elaboração dos conteúdos se apoia nas principais pesquisas de neurociência que embasam os benefícios de dividir a leitura entre o papel e as telas. "O objetivo é entregar todo um contexto sobre as obras literárias trabalhadas nas escolas com Ensino Médio, para gerar uma experiência mais interessante para os estudantes", destaca. 
A plataforma também traz dicas de como os pais podem abordar a leitura com os filhos e, viabiliza uma série de ferramentas e atividades pedagógicas para o professor discutir e explorar o conteúdo dos livros trabalhados com os alunos em sala de aula. Entre as obras disponíveis estão títulos como Várias histórias, de Machado de Assis; A metamorfose, de Franz Kafka; Lisístrata: A greve do sexo, de Aristófanes; e Contos gauchescos e lendas do sul, de Simões Lopes Neto.
"É um tipo de abordagem de aprendizagem online que transmite pequenas doses de conhecimento em uma curta duração. São como 'pílulas de conteúdo', que entregamos por meio de webcards em formato de stories. Mas a ideia é que os estudantes leiam os livros (que não são inseridos na plataforma), por meio físico", pondera Faraco.
Segundo ele, para contratar os serviços da plaforma, as escolas podem entrar em contato diretamente por e-mail ([email protected]).

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