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Publicada em 26 de Março de 2024 às 18:50

Zona Cultural celebra primeiro ano propondo união de esforços em prol da cultura independente

Espetáculo Cabaré Desejo 
está entre as diversas atrações que passaram pelo espaço Zona Cultural no seu 
primeiro ano de existência

Espetáculo Cabaré Desejo está entre as diversas atrações que passaram pelo espaço Zona Cultural no seu primeiro ano de existência

ADRIANA MARCHIORI/DIVULGAÇÃO/JC
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Adriana Lampert
Adriana Lampert Repórter
Espaço cultural independente articulado por artistas gaúchos, o Zona Cultural (av. Alberto Bins, 90) completou um ano de atividades em março. Aproveitando a ocasião, seus idealizadores lançaram, recentemente, a assinatura mensal Clube da Zona, a fim de contribuir com a continuidade do projeto. Segundo uma das gestoras do local, a diretora da Cia. Rústica, Patrícia Fagundes, a colaboração - a partir de R$ 50,00 por pessoa - deverá custear as contas básicas do espaço, além de ajudar a oferecer bolsas em oficinas que acontecem no espaço. 
Espaço cultural independente articulado por artistas gaúchos, o Zona Cultural (av. Alberto Bins, 90) completou um ano de atividades em março. Aproveitando a ocasião, seus idealizadores lançaram, recentemente, a assinatura mensal Clube da Zona, a fim de contribuir com a continuidade do projeto. Segundo uma das gestoras do local, a diretora da Cia. Rústica, Patrícia Fagundes, a colaboração - a partir de R$ 50,00 por pessoa - deverá custear as contas básicas do espaço, além de ajudar a oferecer bolsas em oficinas que acontecem no espaço. 
Território de encontro, de criação e de articulação, o Zona Cultural é um empreendimento "de ordem utópica", resultante da "união de esforços e desejos" de diversos profissionais das artes cênicas, incluindo os integrantes da Cia. Rústica. "Não é um negócio. A gente chegou a estudar a economia criativa e ferramentas do modelo corporativo, mas nesse ano que passou, percebemos que não é dessa ordem, mas, sim, de um desejo de transformação, de uma ação política e de cidadania, que vai contra a lógica neoliberal estabelecida", explica Patrícia.
A diretora emenda que, a partir das atividades realizadas no decorrer do último ano, o grupo consolidou o entendimento de que o projeto do local - que oferece uma área para ensaio e apresentações de espetáculos, com capacidade para até 120 espectadores, além de salas para realizações de oficinas artísticas e um bar para o convívio com o público - só faz sentido se for organizado e gerido de forma coletiva. "Estamos aprendendo a caminhar, mas uma coisa é certa: essa aventura só é possível se compartilhada, só faz sentido na junção de pessoas em colaboração", destaca a diretora da Cia. Rústica.
"Nesse ano que passou, muita arte aconteceu no Zona Cultural", ressalta a artista, lembrando de projetos teatrais, como Cabarés do Sul do mundo (com dois espetáculos da Cia. Rústica), Terra sem mapa, com Mirna Spritzer e Sergio Lulkin, Espera (Cia. Incomode-Te), Palácio do fim (Cia. Incomode-Te); Um fascista no divã (Grupojogo), Zaze-zase uma festa para Vavó (UTA) e Teatro para pássaros (Breno Ketzer Saul); dança flamenca (Coletivo Del Puerto), dança contemporânea (Outro Dances/Pelotas); shows (Madblush, Tocaia Trio, Simone Rasslan e Madalena Rasslann) e peças infantis, como Alice no País das Maravilhas (Pequenices), entre outros. 
O espaço também abrigou outros eventos além de espetáculos, a exemplo do Sarau Sinalizar; lançamentos de livros (O Gaúcho e seu modo de Vida, de Luiz Fernando Mazzini Fontoura; Nós da docência, de Maria Cláudia Dal'Igna; e a biografia da vedete Eloína Ferraz); festas de aniversário; leilão de obras (Nelson Diniz), encontro festivo da Casa de Cinema; jantar do 17º Festival Palco Giratório; ensaios de grupos como UTA, Cia Rústica, Grupo Cerco e Coletivo Errática; além de diversas oficinas de teatro, dança e técnicas circenses.
"Em maio, ainda aconteceram as conversas do Palco Giratorio, em outubro, as rodas de conversa e oficinas do Viver de Arte, projeto que conecta ensino, pesquisa e extensão, relacionado à Ufrgs. É muita coisa na lista de acontecimentos, e isso nos dá a dimensão de uma trajetória intensa, de muito encontro, trabalho e criação", avalia Patrícia. "Mas nem de só de belezas e glórias vivemos. Teve obra, teve falta de água, teve a saga do PPCI (Plano de Prevenção Contra Incêndio), teve e tem boletos de peso para pagar (totalizando R$ 10 mil por mês), teve uma quantidade enorme de mutirões de organização, teve inundação, calha entupida, marquise vazando, torneira vazando, caixa de gordura vazando, reuniões com contador, tentativas frustradas de apoio do poder público e reuniões de vários tipos (entre outros perrengues)", enumera a diretora. 
Patrícia destaca que os assinantes do Clube da Zona terão direito a uma carteirinha virtual, que garantirá, a cada oito consumos no bar de uma mesma categoria (drinks por exemplo), um outro grátis para quem colaborar com  R$ 50,00. "Vai subindo a colaboração e o assinante ganha drinks (com ou sem álcool), além da carteirinha e muitos agradecimentos nas redes", emenda. Ela ressalta que ser associado é, acima de tudo, "participar de um sonho". "É escrever uma história compartilhada com outras pessoas, é contribuir com um projeto para cidade, de arte em diálogo com o social, de convívio e partilha." 
A diretora da Cia. Rústica sinaliza, ainda, que o Zona Cultural "só aconteceu e atravessou esse ano" graças a muitos trabalhos voluntários, colaborações múltiplas  e apoios financeiros de artistas simpatizantes do projeto. "Fazemos artes cênicas com pessoas, para pessoas, entre pessoas. Entre nós. E acreditamos que há um sentido político, poético e social neste fazer. É isso que nos mantém", resume. 

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