Situado na Casa de Cultura Mário Quintana desde 1992, o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (Macrs) ganha um novo espaço, desta vez, definitivo. A instituição surgiu com o objetivo de pesquisar, promover e preservar a arte contemporânea brasileira e estrangeira e propõe-se a ser um espaço de acolhimento à pluralidade e diversidade cultural por meio da arte. Ainda em dezembro de 2023, foi assinado o termo de início das obras da nova sede, na rua Comendador Azevedo, no 4º Distrito de Porto Alegre. O espaço, com mais de 2 mil metros quadrados, foi doado pelo governo do Estado em 2019.
O imóvel foi escolhido pelo então diretor do Macrs, o artista e gestor cultural André Venzon, que explica, em entrevista ao Jornal do Comércio, como ocorreu o processo. O Estado tem uma lista de imóveis que estão desocupados, ou relacionados a uma secretaria, mas sem uso. Procurando uma nova sede definitiva, André contatou a diretora de patrimônio, que lhe mostrou vários locais, e por último, o imóvel do 4º Distrito.
"Ela me disse que era um imóvel em uma área de vulnerabilidade social, próximo a Vila dos Papeleiros. Quando eu perguntei onde era e ela disse que era na Comendador Azevedo, eu fui ver na hora", conta André. Ele comenta ainda que o local estava lacrado, com as portas soldadas, após alguns casos de furtos de fios e outros materiais. Na época, o espaço estava afetado à Secretaria de Educação. Alguns veículos de outros órgãos do governo estavam estacionados no local. Após a retirada dos automóveis e dos entulhos, foram comprados cadeados e correntes para proteger o imóvel de novas invasões.
"O ato de fazer o museu é inédito e isso me motivou desde o início. Construir uma sede para o Macrs é mais do que a realização de um sonho, também é um ato administrativo raro, porque o Estado constrói escolas hospitais, mas nunca museus", ressalta o ex-diretor. Ele ressalta que a escolha do local é algo inédito, por ser descentralizado, em um local em renovação, mas ainda com muita vulnerabilidade social.
A atual diretora do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Adriana Boff, comenta sobre os planos para o local. "Após a identificação do espaço, a associação de amigos do museu contratou um projeto arquitetônico e posteriormente o governo do Estado, com o Programa Avançar na Cultura, disponibilizou verba para a reforma", explica. No projeto arquitetônico há o foyer de recepção, um espaço de loja, 300 metros quadrados de galeria expositiva, uma área para educativo e a área administrativa, no andar superior.
"Na parte externa do museu terão esculturas e uma operação de gastronomia. A ideia é que o pátio seja bastante utilizado, pois o grande diferencial para o museu é ter essa grande área aberta", ressalta. Apesar dos atrativos, a administração considera que o público é a maior dificuldade. A região do 4º Distrito é composta pelos bairros Floresta, Navegantes, Humaitá, São Geraldo e Farrapos e está em processo de revitalização. Contudo, ainda apresenta muita desigualdade social. "Vamos ser um museu de portas abertas para essa comunidade. A gente não vai poder olhar só para dentro, mas olhar para esse território e trabalhar com ele, tentar levar essas pessoas a fazerem parte do museu".
Após a assinatura do termo de ordem de serviço das obras, em 21 de dezembro de 2023, o prazo para término dos trabalhos está previsto para o final de 2024. Foi investido pelo governo do Estado R$ 3,2 milhões, e há previsão de conseguir mais verba via lei federal de incentivo à cultura. Além das obras, também foi calculado o valor da inauguração, com um evento de exposição, música e outras atividades. A diretora ressalta que o Macrs continua com sua sede na Casa de Cultura Mário Quintana, mesmo após a inauguração do MACRS 4D, que pelo espaço maior, também poderá explorar outros formatos de arte.