Uma década após a partida de Nico Nicolaiewsky, fãs, amigos e familiares do músico, compositor e humorista gaúcho terão a oportunidade de reencontrá-lo no palco do Theatro São Pedro (TSP), onde será exibido o show-filme Onde está o Amor - As Fitas Perdidas, produzido e dirigido pelo cineasta Zé Pedro Goulart. A iniciativa é uma homenagem ao artista, falecido há dez anos, e acontece na próxima segunda-feira (5), às 20h, com entrada franca. Os ingressos poderão ser retirados das 10h às 18h, até o dia da exibição, na recepção do complexo Multipalco Eva Sopher, onde está localizado o TSP (Praça Marechal Deodoro, s/n°).
O título do show-filme remete ao CD Onde está o Amor?, que Nicolaiewsky lançou em setembro de 2008 e que virou espetáculo dirigido por Goulart no mesmo ano. Repleto de emoção, o longa-metragem de 1h20min de duração documenta essa apresentação, ocorrida também no Theatro São Pedro, local onde Nicolaiewsky realizou inúmeras apresentações e também onde foi velado, em 2014. "A remontagem desse show, que conta com 21 músicas, foi feita a partir de 16 fitas, que eu encontrei após alguns anos da realização desse evento, que contam com mais de dez horas de gravação", explica o diretor. Amigo pessoal de Nicolaiewsky, Goulart avalia que o material ganhou "importância enorme", por se tratar de "um registro único e valioso" do trabalho do artista. No roteiro do show, além da coleção de canções de amor escritas pelo músico em parceria com amigos como Antonio Villeroy e Fernando Pezão, Nicolaiewsky canta versões de sucessos como Maluco Beleza (Raul Seixas), Anna Júlia (Los Hermanos) e Flor, esta última de autoria da banda Musical Saracura, da qual fez parte nos anos 1970.
"Inicialmente, fizemos aquelas gravações sem grandes pretensões, apenas para registrar o show e para usar, ocasionalmente, em algum videoclipe", comenta o cineasta, que também é publicitário e, à época, era proprietário da produtora Zeppelin Filmes. Como estava dirigindo o espetáculo, na ocasião Goulart aproveitou a equipe da produtora para documentar as duas apresentações, que ocorreram durante um final de semana. "Usamos três câmeras separadas (em ângulos diversos) para captar os dois dias de show. As filmagens ocorreram de forma bastante aleatória e sem as condições técnicas ideias para que o espetáculo fosse reproduzido em película. No fim, as fitas sumiram e o Nico nem chegou a assisti-las - eu acabei encontrando esse material muito tempo depois."
O diretor afirma que, para alcançar o resultado esperado em Onde está o Amor - As Fitas Perdidas, foram necessários aproximadamente cinco anos. "Só encontrar as fitas não era suficiente. Foi preciso catalogá-las e estudá-las para depois realizar um minucioso trabalho de recuperação, sincronismo e edição, que ficou a cargo do Tiago Bortolini. Além disso, foi necessário atualizar as imagens, uma vez que a captação original foi feita em 2008, o que, em tecnologia, significa um descompasso grande." Goulart conta que esse desafio em específico foi vencido graças a um upscale (processo de finalização de imagem) realizado pelo Estúdio Ely, em São Paulo.
Onde está o Amor - As Fitas Perdidas exigiu também um resgate do som, que, em 2008, foi captado direto da mesa. "Tecnicamente falando, se fossemos gravar o som 'valendo', isso teria sido feito com os instrumentos separados, mas, no caso, gravamos o som com a mixagem da hora", revela Goulart. "De qualquer forma, se eu não tivesse encontrado a gravação do som da mesa, não teria como exibir o show, pois seria muito precário."
De posse desse quebra-cabeça, não foi fácil chegar ao resultado final. "Precisamos fazer o sincronismo das músicas: na nossa montagem, algumas partes das canções começaram no sábado e terminaram no domingo", brinca Goulart. "Foi um trabalho bastante complicado, mas com muito pouco efeito, pois eu queria que as pessoas tivessem a sensação de um show ao vivo - tanto que o filme não tem lettering, legendas, nada disso."
Antes de realizar o trabalho, Goulart procurou a esposa do cantor à época, Márcia do Canto, e a filha do casal, Nina Nicolaiewsky. "Propus a elas que os dez anos de falecimento dele fossem lembrados dessa forma, e elas ficaram contentes", comenta o cineasta, que também dirigiu outros trabalhos de Nicolaiewsky, como um DVD de Tangos e Tragédias (2007), o videoclipe de uma canção solo do compositor, Só cai quem voa, e o curta-metragem O Pulso, produzido pelo cineasta. em 1997. "Lembro que chamei ele para atuar, ao lado da Letícia Spiller, e aquela foi sua estreia como ator no cinema", conta Goulart. "Fico emocionado e comovido de poder prestar, agora, essa homenagem ao Nico, pois ele era meu amigo e eu ainda participei da carreira dele."