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Publicada em 24 de Janeiro de 2024 às 18:49

Werner Schünemann contesta ideias gastas sobre a masculinidade no monólogo 'O Espantalho'

Primeiro monólogo de Werner Schünemann, 'O espantalho' terá única apresentação dentro do Porto Verão Alegre, nesta quinta-feira (25)

Primeiro monólogo de Werner Schünemann, 'O espantalho' terá única apresentação dentro do Porto Verão Alegre, nesta quinta-feira (25)

HELOIZA AVERBUCK/DIVULGAÇÃO/JC
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Adriana Lampert
Adriana Lampert Repórter
Às 20h desta quinta-feira (25), o ator Werner Schünemann sobe no palco do Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n°) para uma única sessão de seu monólogo O espantalho, espetáculo dirigido por Bob Bahlis e que integra a programação do 25º Porto Verão Alegre. Os ingressos custam entre R$ 30,00 e R$ 60,00 e podem ser adquiridos no site do festival, ou em pontos de venda físicos, localizados na recepção da Casa de Cultura Mario Quintana e no Praia de Belas Shopping. Também haverá venda de entradas na bilheteria do teatro, a partir de uma hora antes da apresentação, mediante disponibilidade de lugares. 
Às 20h desta quinta-feira (25), o ator Werner Schünemann sobe no palco do Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n°) para uma única sessão de seu monólogo O espantalho, espetáculo dirigido por Bob Bahlis e que integra a programação do 25º Porto Verão Alegre. Os ingressos custam entre R$ 30,00 e R$ 60,00 e podem ser adquiridos no site do festival, ou em pontos de venda físicos, localizados na recepção da Casa de Cultura Mario Quintana e no Praia de Belas Shopping. Também haverá venda de entradas na bilheteria do teatro, a partir de uma hora antes da apresentação, mediante disponibilidade de lugares. 
Primeiro trabalho solo de Schünemann, a montagem estreou nacionalmente em agosto de 2023, em Porto Alegre, também no Theatro São Pedro (TSP). "Desde então, vem sendo uma sucessão de 'primeiras vezes' na minha trajetória artística, pois eu nunca havia me apresentado no TSP e também essa será minha estreia como participante do Porto Verão Alegre. Além disso, essa é minha primeira parceria efetiva com o Bob Bahlis, com quem cultivo uma amizade de longa data", destaca o ator. 
Somando 45 anos de carreira (tendo participado de 49 filmes, 17 novelas, "várias" séries para a TV e "muitas" peças teatrais), Schünemann afirma que, a partir da experiência de atuar sozinho, perdeu o "medo de ficar órfão" no palco. "Adorei fazer monólogo; antes disso, ficava receoso de não poder contar com um olhar de apoio em cena", admite. Ele avalia que com O espantalho tem a oportunidade de mostrar a "culminância do amadurecimento técnico" de seu trabalho e "também como ser humano". A peça relata a jornada sentimental em meio a escolhas difíceis que envolvem pais e filhos, e contesta ideias gastas e perversas sobre a masculinidade. 
"Em uma sociedade que quer igualdade, temos que falar sobre o machismo e rediscutir o masculino", ressalta o artista. No espetáculo, ele interpreta um ator bem-sucedido, que vai ao sítio do pai recém-falecido, jogar suas cinzas em um rio que passa dentro do terreno da propriedade. Ao chegar na horta cultivada pelo patriarca, ele se depara com um espantalho e caixas de madeiras com objetos pessoais, que revelam vestígios de sua vida e de suas relações.
Em cena, Schünemann traça um diálogo entre seu personagem e o espantalho, que passa a representar o pai do ator que ele interpreta. "Ambos tinha uma relação muito conflituosa", sinaliza. À medida que vai acessando suas memórias, ele percebe o sentimento de dor de não ter tido no patriarca um bom exemplo de masculino. "Tudo que ele queria era ter o pai como herói, mas isso não aconteceu", revela. A dramaturgia do espetáculo, assinada por Bahlis, conta com algumas contribuições de Schünemann e apresenta trechos de textos de outros autores, como Franz Kafka (Carta ao pai), Guimarães Rosa (A terceira margem do rio) e Karl Ove Knausgård (Minha luta 1 - a morte do pai). Além de refletir sobre a alma masculina, o texto trata sobre a finitude humana.
"A peça aborda, ainda, sobre certas vergonhas que só o homem sente, porque é ensinado que não deve passar por determinadas situações; entre outras questões que são caras a mim", comenta o ator, que tem dois filhos. "Quando o homem for um bom pai, ele terá importância sociológica - e a possibilidade de ressignificar a forma como o masculino atua na sociedade passa por sermos pais melhores", conclui, emendando que o comportamento dos homens, em sua opinião, ficou estacionado, enquanto as mulheres se reinventaram ao longo dos anos e conquistaram seu espaço. Ele pondera que o espetáculo não pretende ditar "verdades absolutas", mas provocar o pensamento, a reflexão e até mesmo a discordância do público.
O espantalho tem direção de produção de Ivana Dalle e conta com trilha sonora de Hique Gomez, cenário e figurino de Tânia Oliveira e iluminação de Marga Ferreira. "É uma equipe maravilhosa e tudo funciona de forma muito harmônica. O cenário é muito bonito, às vezes fantasmagórico; a luz, a direção de arte e a música criaram um resultado muito impressionante na cena", celebra. "Estou muito satisfeito com o resultado e também feliz de poder estrear no Porto Verão Alegre e retornar ao Theatro São Pedro". Após a apresentação em Porto Alegre, a peça deve circular por cidades do interior do Estado, e, depois, seguir para São Paulo.
 

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