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Publicada em 16 de Dezembro de 2023 às 11:49

Morre Carlos Lyra, compositor histórico da bossa nova, aos 90 anos

Carlos Lyra compôs diversas obras em parceria com nomes como Vinícius de Moraes e Ronaldo Bôscoli

Carlos Lyra compôs diversas obras em parceria com nomes como Vinícius de Moraes e Ronaldo Bôscoli

DARYAN DORNELLES/DIVULGAÇÃO/JC
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Agência Brasil
Atualizada às 12h44min
Atualizada às 12h44min
O cantor e compositor Carlos Lyra, um dos nomes históricos da bossa nova e parceiro de Vinícius de Moraes e Ronaldo Bôscoli, morreu na madrugada deste sábado (16) no Rio de Janeiro, aos 90 anos de idade. Ele estava internado no Hospital Unimed Barra, na zona oeste da cidade. Carlos Lyra tinha 90 anos. A causa da morte não foi informada.
“É com imensa tristeza que comunicamos a passagem do compositor Carlos Lyra, nessa madrugada, de forma inesperada. A todos, agradecemos o carinho”, informou uma publicação no perfil de Instagram do artista.

Lyra é autor de composições que ajudaram a formar a bossa nova, como "Você e Eu" e "Coisa Mais Linda".
Carlos Eduardo Lyra Barbosa nasceu em 11 de maio de 1933. Era carioca do bairro de Botafogo, na zona sul da cidade. De acordo com o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, começou a fazer música com um piano de brinquedo, aos 7 anos de idade. Na adolescência, quebrou uma perna durante uma atividade esportiva. A recuperação o deixou de cama por seis meses. Período que aproveitou para fazer uma imersão num dos instrumentos que seria um grande parceiro de vida, o violão.
Ainda no antigo segundo grau – o que hoje se chama de ensino médio – conheceu o compositor Roberto Menescal, com quem montou a primeira Academia de Violão, por onde passaram nomes como Marcos Valle, Edu Lobo, Nara Leão e Wanda Sá.
A primeira canção escrita por Lyra foi Quando Chegares, em 1954. Em 1955, iniciou a carreira profissional como músico, tocando violão elétrico no conjunto de Bené Nunes. Compôs Maria Ninguém, entre outras músicas com letras suas. Já em 1956, seu samba Criticando foi gravado pelo grupo vocal Os Cariocas.

Carlos Lyra e a Bossa Nova

Carlos Lyra entrou para o rol de ícones da bossa nova, ao lado de parceiros como Ronaldo Bôscoli, a dupla Tom Jobim e Vinícius de Moraes e o intérprete João Gilberto, todos representados no álbum Chega de Saudade, lançado em 1959 e que consolidou o estilo musical.
Carlos Lyra teve passagem também como diretor musical do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE). Foi um período em que entrou em contato com compositores populares como Zé Keti, Cartola, Nelson Cavaquinho, Elton Medeiros e João do Vale. O hino da UNE é uma parceria de Lyra com Vinicius de Moraes. Atuou ainda como diretor musical da Rádio Nacional, exercendo o cargo até o golpe militar em 1964. Por quatro anos, morou no México, onde se apresentou ao lado do saxofonista americano Stan Getz.

Em quase 70 anos de carreira, lançou e participou de inúmeros álbuns, se apresentou em shows dentro e fora do Brasil e musicou peças teatrais e filmes. Toquinho, Baden Powell e Aldir Blanc também figuram na lista de parcerias. Além disso, se apresentou com diversos grandes nomes da MPB, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Leila Pinheiro e Nana Caymmi.

Em 2008, publicou o livro Eu e a Bossa Nova, sobre as trajetórias entrelaçadas da sua vida e do estilo musical.

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