O cantor, compositor, produtor e artista visual Zudizilla volta ao Estado para shows no Agulha (rua Conselheiro Camargo, 300), na quinta e sexta-feira, às 23h. O rapper, radicado em São Paulo, apresenta o álbum Zulu: Quarta Parede, Vol. 3 (2023), que marca o fim de uma etapa. Ingressos no Sympla, a partir de R$ 50,00.
Júlio Cesar Correa Farias nasceu na periferia de Pelotas, em 1985. A infância, segundo ele, foi similar a de muitas outras crianças pretas em todo o Brasil, filho de mãe solo em um bairro pobre, mas com alegria e amor. "Mas sabendo que uma mísera escolha errada poderia colocar minha vida em risco", relembra Zudizilla. O nome artístico é uma junção do seu apelido de adolescência, Zulu, com o personagem de ficção científica Godzilla.
Apesar de ser mais conhecido pela música, o seu contato primário com a arte foi o desenho, ainda quando criança. A partir disso, descobriu a cultura hip hop. Mas, como um gaúcho nos anos 1990, ele escutou muito rock também. Seu melhor amigo tinha uma banda do gênero e tocava bateria, que Zudizilla passou a aprender. "Foi meu primeiro contato com a música enquanto expressão, movimentando os músculos em prol da sonoridade. E a música se tornou uma companheira, uma grande amiga."
Formado em design, o artista encontrou barreiras e preconceitos nos espaços publicitários gaúchos. Decidido a continuar celebrando a sua arte visual, trabalhou como freelancer. "No momento que eu adentro o grafite, o rap acaba chegando de uma forma muito natural", ressalta. "De tanto bater de cabeça nas portas fechadas do mundo corporativo da publicidade, eu vi que os pockets shows no final de semana estavam dando mais grana". Ao comparar as diferenças de renda, Zudizilla decidiu focar na música.
Morando em São Paulo há alguns anos, hoje Zudizilla olha para trás e reconhece que trilhou um longo caminho. "Agora eu tenho a oportunidade de fazer shows em vários lugares, conhecer o mundo. Antes eu só podia viajar até Porto Alegre", celebra o artista. Sem esquecer, contudo, que ainda há estrada a percorrer. "Eu estou em um lugar que parece bom, mas que pode ser muito cruel, porque estou no meio do sonho. Tá muito perto, mas eu ainda não alcancei. A derrota parece distante, mas se eu vacilar em alguma coisa, perco tudo que eu construí até agora", reflete.
Seu primeiro lançamento foi a mixtape Luz, em 2013, gravada na Capital com a ajuda de um amigo. Hoje, dez anos depois, o artista acumula seis álbuns, três deles parte da trilogia Zulu, que começou em 2019 com Zulu, Vol.1: De Onde Eu Possa Alcançar o Céu Sem Deixar o Chão, continuou em 2022 com Zulu, De César a Cristo (Vol.2) e é finalizada com Zulu: Quarta Parede. "Agora eu quero falar principalmente de vitória e de progresso, trazer para o contemporâneo". Zulu foi uma espécie de alter ego por muitos anos, mas que agora "dá licença para que eu continue trabalhando e fazendo meu corre sem precisar de uma máscara".
O final da trilogia reflete o momento próspero do cantor, que está casado e com um filho pequeno. O trabalho ainda demonstra a visceralidade, que deve estar presente nos seus próximos lançamentos.