No final da tarde deste sábado (18), centenas de pessoas caminhavam velozmente em direção ao Anfiteatro Pôr do Sol. Ao fundo, tinham a voz alegre de Alceu Valença, que tinha começado seu show. O pernambucano foi uma das atrações do primeiro dia do Festival Turá, pela primeira vez em Porto Alegre. Segundo a organização, 20 mil pessoas estiveram presentes nos dois dias de evento.
Com o sol se pondo de cenário, o público cantou em coro os maiores sucessos, como La belle de jour, Morena tropicana e Anunciação. No início da tarde havia chovido, mas na apresentação de reunião da banda Papas da Língua, o tempo já estava firme. Sabendo do clima, Alceu comentou que ficou se perguntando se durante o seu show o tempo estaria feio, e disse “onde tem chuva eu peço sol e onde tem muito sol eu peço um pouquinho de chuva”.
Já de noite, a banda Fresno, natural de Porto Alegre mas radicada em São Paulo, voltou à terra natal. O vocalista, Lucas Silveira falou com a reportagem do Jornal do Comércio na semana anterior e disse que a banda estava muito empolgada com a programação. “A cidade sempre teve uma carência de festivais, então acho muito legal a vinda do Turá, com essa proposta bem variada”, disse Lucas.
Hits como Vou ter que me virar e Natureza caos já eram aguardados pelos fãs e a grande surpresa foi a aparição de Emicida, o que provocou gritos de entusiasmo, para a faixa Manifesto. Além do trio, estava prevista a participação da Pitty, que é considerada uma ídola e referência para a Fresno. Juntos cantaram Casa assombrada, da banda, e outras músicas de autoria da cantora, como Na Sua Estante, Máscara e Me Adora.
O público estava no aguardo de Emicida, para o último show da noite. As movimentações da banda e um pequeno vaso de arruda instalado no canto do palco mostravam que o show, sempre colorido, estava próximo. O cantor entra no palco de camisa e calça claras, boné, colar de pérolas, óculos escuro redondo e o tradicional ramo de arruda posicionado atrás da orelha esquerda. Na plateia, os gritos de empolgação. Na mão de Emicida, a flauta que ele usa para tocar a introdução da música A ordem natural das coisas. Emocionado com as boas vindas, ele dá boa noite ao público e segue com os sucessos Quem tem um amigo tem tudo, Pequenas alegrias da vida adulta e outros.
Pitty sobe ao palco novamente para cantar a colaboração da dupla, Hoje cedo. Ele também apresenta a sua banda e dá ênfase para a percussionista Silvanny Sivuca, que estava de aniversário. Emicida fala que estava emotivo por poder reencontrar os amigos da Fresno e a Pitty. “Quando eu vi o primeiro anúncio desse show, eu achei que a rapaziada tinha mandado por engano, eu pensei que a gente já tinha tocado nesse festival, mas dessa vez era a edição de Porto Alegre e fiquei especialmente feliz”. E ressalta, “Obrigado por essa iniciativa e vida longa ao Festival Turá edição de Porto Alegre”, ocasionando gritos de alegria do público.
Emicida continua conversando com o público e conta que passou a tarde assistindo à Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, regida pela maestra Alba Bomfim. “Poder assistir a única orquestra do Brasil que toca há 73 anos ininterruptos sendo regida por uma mulher negra foi extremamente emocionante”. O artista fala sempre de maneira encantadora, com uma voz leve e carregada de poesia. Ele ressalta como é importante dar protagonismo à música brasileira e exaltar a cultura local. Emicida avalia que o Brasil está vivendo um momento cultural efervescente com coisas geniais sendo criadas. “Os gringos têm dinheiro, nós tem coração, no final das contas é isso que faz a diferença“.