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Publicada em 13 de Novembro de 2023 às 17:57

Dominique Wolton fala de comunicação na Pucrs: "o homem superou a técnica, não o ódio"

Presença de Dominique Wolton (esquerda) marcou celebrações dos 30 anos do PPGCOM da Pucrs

Presença de Dominique Wolton (esquerda) marcou celebrações dos 30 anos do PPGCOM da Pucrs

GIORDANO TOLDO/DIVULGAÇÃO/JC
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Carlos Severgnini
O sociólogo e cientista político francês Dominique Wolton esteve nesta segunda-feira (13) no auditório da Escola de Comunicacão, Artes e Design da Pucrs, na ocasião dos 30 anos do PPGCOM. O encontro foi intermediado pelo professor Juremir Machado da Silva, que traduziu o livro de Wolton Comunicar é Negociar, vendido na entrada do evento.
O sociólogo e cientista político francês Dominique Wolton esteve nesta segunda-feira (13) no auditório da Escola de Comunicacão, Artes e Design da Pucrs, na ocasião dos 30 anos do PPGCOM. O encontro foi intermediado pelo professor Juremir Machado da Silva, que traduziu o livro de Wolton Comunicar é Negociar, vendido na entrada do evento.
De bom-humor e fala rápida, com traducão ágil do professor Juremir, Wolton ressaltou a importância da aproximação entre a América Latina e a Europa. Segundo ele, os continentes têm uma "comunhão que não se encontra na Ásia ou na África", resultado de "anos de colonização". Disse ainda que "é preciso construir o Brasil".
Quanto às redes sociais, Wolton afirmou que funcionam como um "acelerador de ódio", e que, embora sustentada em uma técnica cada vez mais aprimorada, que nos coloca cada vez mais conectados, "o outro está cada vez mais distante de nós".
Wolton também falou dos males trazidos com o ódio nas redes sociais. Segundo ele, o homem superou a técnica, não o ódio. Houve a sofisticação das armas, mas o fator guerra é o mesmo: "[o racismo] é a tragédia da globalização [...] O ódio não é um dado. É algo humano." Sobre a regularização das big techs, tema trazido no Brasil por nomes como o deputado federal Orlando Silva (PCdoB), Wolton defendeu que "não há liberdade sem lei".
O sociólogo francês declarou que o seu interesse pela comunicação é justamente porque ela não funciona - e assim deve ser. "Não há comunicação sem negociação, sem a expectativa do fracasso". Para o pensador, Comunicação e Negociação são a mesma coisa, porque existem apenas pela assimetria das partes. Nenhuma comunicação - ou negociação - deve ser perfeita.
"Há comunicação até mesmo nas ditaduras", frisa Wolton. "A comunicação pode ser o silêncio. É uma resposta".
Wolton falou de ecologia, considerando os ecologistas como pessimistas, e considerou que a comunicação é uma maneira potencialmente mais eficaz de resolver o problema da sustentabilidade. "O capitalismo vai se tornar ecológico", vaticinou.
O francês ainda celebrou a instabilidade do ato de comunicar, da incerteza. Para ele, "O bom dia é o comeco de um bordel [traduzido pelo professor Juremir como "zona", termo tão mais brasileiro]."
Usando da mesma comparação, Wolton finalizou: "C'est un bordél humáine", ou seja, "(comunicar) é um bordel humano".

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