Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

ARTES VISUAIS

- Publicada em 18 de Setembro de 2023 às 01:25

Pedro Weingärtner e o olhar que se aprofunda

Incluindo obras até então inéditas, exposição na Casa da Memória Unimed Federação convida a novas reflexões sobre o artista, no aniversário de 170 anos de seu nascimento

Incluindo obras até então inéditas, exposição na Casa da Memória Unimed Federação convida a novas reflexões sobre o artista, no aniversário de 170 anos de seu nascimento


/EVANDRO OLIVEIRA/JC
Pautada pelas paisagens rurais e a sublimidade técnica, as obras de Pedro Weintgärtner, um dos maiores artistas plásticos nascidos no Rio Grande do Sul, podem ser conferidas na exposição PW170A - Weingärtner No Campo dos Olhos, na Casa da Memória Unimed Federação (rua Santa Terezinha, 263), de segunda a sexta-feira, das 13h às 18h. Sob curadoria de José Francisco Alves e Marco Aurélio Biermann Pinto, estão em exibição (até 26 de fevereiro de 2024) mais de 40 obras, entre pinturas, gravuras e desenhos, celebrando os 170 anos de nascimento do artista. A entrada é franca.
Pautada pelas paisagens rurais e a sublimidade técnica, as obras de Pedro Weintgärtner, um dos maiores artistas plásticos nascidos no Rio Grande do Sul, podem ser conferidas na exposição PW170A - Weingärtner No Campo dos Olhos, na Casa da Memória Unimed Federação (rua Santa Terezinha, 263), de segunda a sexta-feira, das 13h às 18h. Sob curadoria de José Francisco Alves e Marco Aurélio Biermann Pinto, estão em exibição (até 26 de fevereiro de 2024) mais de 40 obras, entre pinturas, gravuras e desenhos, celebrando os 170 anos de nascimento do artista. A entrada é franca.
A mostra também surge como uma busca para suscitar novas interpretações sobre o artista. Através de obras inéditas, que estavam disponíveis apenas em coleções particulares, a exposição destaca a variedade de técnicas utilizadas pelo pintor gaúcho, que vão de gravuras em metal, desenhos em grafite, nanquim e lápis até pinturas a óleo sobre tela e madeira. "É uma produção bem variada, com quase tudo que ele experimentou e uma alta maestria técnica, que caracteriza o trabalho dele", revela José Francisco Alves.
De acordo com o curador, o título No Campo dos Olhos visa provocar justamente esse olhar preciso do público sobre o trabalho cheio de mínimos detalhes, que o artista pintava com auxílio de lupa. "Ele pinta detalhes minúsculos com um realismo muito primoroso. Então, isso exige dos olhos da artista e também dos olhos do público. Para vermos alguns detalhes da exposição, é preciso uma visão apurada", conta.
Arte e ciência se unem nesta exposição por meio das obras Namoro e Planos de Guerra, que foram analisadas por meio de tomografia computadorizada, em uma parceria da Casa da Memória com o SIDI Medicina por Imagem. Através do uso desta tecnologia, as pinturas foram ampliadas em quase 500 vezes e os curadores puderam examinar a originalidade, as camadas e o estado de conservação das pinturas.
Um outro aspecto que a exposição buscou evidenciar é o processo de produção do pintor. Segundo o curador, assim como vários artistas da época, Weintgärner utilizava um cenário padrão que serviria de modelo para outros trabalhos, mudando somente pequenas características e, às vezes, a técnica. "Você pode ter um quadro em óleo sobre madeira e aquela mesma cena num tamanho diferente, com algumas mudanças, em guache sobre papel", exemplifica. Isso pode ser observado nas obras Bento Gonçalves (1914), em exibição na mostra, e Parreiras de Bento Gonçalves (1914), que pertence ao acervo da Pinacoteca Aldo Locatelli.
"Muitos artistas trabalhavam assim porque é um sistema de trabalho, não é? O artista fazia essas obras pela arte, mas principalmente para sobreviver. Foi isso que o Weingärtner buscou e conseguiu", explica Alves. Inclusive, o pintor gaúcho dedicou sua vida inteira à arte. Em 1895, como exemplo de devoção ao viver artístico, desistiu da carreira de professor de Desenho Figurado na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, que havia sido nomeado em 1891. "Muitos buscam isso (emprego na Belas Artes), porque é uma uma forma fixa de trabalho. Mas ele não, porque o seu interesse era circular, viajar, ver as paisagens e registrá-las", aponta.
Nascido em 1853, em Porto Alegre, Pedro Weingärtner é dono de uma vasta obra prestigiada entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do século XX. Produziu entre o final do Império e o começo da República, entre o Rio Grande do Sul e as principais cidades europeias, entre a valorização da arte acadêmica e a contestação dos primeiros modernistas. Viveu e trabalhou em um Brasil e um mundo que atravessavam intensas e abruptas transformações e deixou dezenas de quadros, gravuras e desenhos que, hoje, ocupam lugar de destaque nos mais importantes museus de arte brasileiros e movimentam as galerias particulares.
Entre 1881 e 1925, constam mais de 40 exposições realizadas pelo artista no Brasil e no exterior. Na Europa, suas obras foram expostas em Munique, Düsseldorf e Londres. Em Paris, participou do Salon des Champs-Elysées nas edições de 1891, 1897 e 1898. Nos Estados Unidos, participou com destaque na célebre World's Columbian Exposition (Chicago, 1893), obtendo a Medalha de Ouro; na Lousiana Purchase Exposition (Saint Louis, 1904), recebeu a Medalha de Prata.